A esquerda bem informada
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Tag: literatura,

Marco Albertim: No claustro…

Fechou aliviado o sacrário e cobriu-o com a cortina. Ajoelhou-se com a cabeça baixa, os olhos gratos pela graça do pão e do vinho. No kyrie, pediu perdão mais para si que para a humanidade, jurando imolar-se ouvindo o cantochão numa fogueira de incenso. Gritou aleluia com suores, sem olhar o pano na cintura do Cristo. Trêmulo, deu as costas para o altar e não olhou os fiéis de frente.

José Carlos Ruy: Os versos engajados de O Operário em Construção

O poema do “Poetinha” que registra, em nível elevado, a mais grave contradição do capitalismo – a que opõe o operário e seu patrão – foi escrito em 1956. O poema celebra o desabrochar da consciência de classe em versos que seguem, quase literalmente, o argumento de Karl Marx quando, em O Capital, descreve a relação entre o trabalho, o trabalhador, e todos os bens úteis e necessários à vida.

Por José Carlos Ruy

Esposa de Saramago: Obra póstuma é um 'presente inesperado'

A um dia da véspera de completar oito meses da morte do escritor José Saramago, a cidade de Barcelona homenageia o Nobel português com diferentes eventos, um deles relacionado com sua obra póstuma, "El Último Cuaderno", que nesta quinta-feira sua esposa, Pilar del Río, considerou como "um presente inesperado".

Urariano Mota: Leão José Leonardo da Silva

Na aparência, ele era dono de todas as condições de um miserável, do miserável que os bem postos na vida chamam de um fracassado. Entre toda a gente ele andava mal vestido, mal e mal trajado até pelos costumes do povo pobre do Recife. Em 1960, quando atingiu sua fase mais próspera, usava alpercatas de sola grossa de borracha, de pneu, como diziam, que substituíram, que eram um avanço aos antigos sapatos pretos de plástico.

Por Urariano Mota

Marco Albertim: Levem minha memória também

Deu tempo só de debruçar-se no portão. Os homens sabiam de seu tédio a novelas, do costume de ficar sozinha, costurar as horas à espera do filho. Presa fácil, na solidão de viúva. Tinha incertezas tanto quanto a vizinha, e as juntara com a espera de mudar de vida. O que não esperava era sofrer mudança brusca com a chegada da Veraneio. Dois homens descem.

Por Marco Albertim*

Urda Alice Klueger: Abya-Ayalla; a mãe de todos nós

Sempre soube, desde pequena, que as coisas tinham coração, tinham sentimentos, tinham vida, sofriam e eram felizes tanto quanto os seres vivos. Na minha infância, por exemplo, se acontecesse de eu dar uma topada numa pedra, por mais que o meu pé estivesse doendo, eu ficava a imaginar o quanto a pedra se machucara também, e pedia perdão a ela, e assim por diante.

Por Urda Alice Klueger*

Adeus Édouard Glissant, lutador antirracista e anticolonialista

O escritor caribenho Édouard Glissant ―um dos símbolos da cultura caribenha e criolla, escritor imprescindível para o pensamento e as letras americanas, morreu em Paris em 3 de fevereiro; ele tinha 82 anos de idade. Nascido na Martinica, Caribe francês, ele desenvolveu a teoria da “criollização” e em seus romances, poemas e ensaios abordou os temas da escravidão, racismo e colonialismo, questionando a identidade pós-colonial.

Um dia sombrio para pagar a conta do leiteiro

Um inquietante descritor da vida brasileira foi o escritor gaúcho Dyonélio Machado (1895-1985). Médico (era psiquiatra), jornalista, militante comunista e autor de romances importantes como Os ratos (cujo primeiro capítulo é reproduzido aqui) e O louco do Cati, seus personagens eram pessoas comuns, suas esperanças, contradições e a luta cotidiana pela sobrevivência, seja contra a opressão política seja contra a opressão econômica.

A militância poética de Geir Campos

Exemplo raro de poeta que uniu o rigor estético e literário com a luta social e política, o capixaba Geir Campos – que foi um dos editores do Violão de Rua do CPC da UNE em 1962 – é um desses autores que precisam ser redescobertos e difundidos.

Por José Carlos Ruy

Estudantes de Crateús aprendem a fazer cordel

O Mestre da Cultura Popular, Lucas Evangelistas, ministra curso para alunos da rede municipal

Marco Albertim: Vítor Hugo

As unhas dos pés, das mãos e os cabelos davam-lhe a aparência de um vodum; vodum sem forças porque se sentara no meio-fio, joelhos curvados à altura do queixo, braços entre as coxas e os olhos mortos no chão. Nas entranhas das unhas, todas, gordura de sujeira, tão preta quanto as rachaduras da sola dos pés. Os cabelos escuros, há muito sem enxágue, acinzentaram-se. Mendigo, Vítor Hugo virara um mendigo. Não precisava de outro disfarce para se esconder da polícia.

Por Marco Albertim*

Cenas brasileiras de Murilo Carvalho

Jornalista, escritor, homem de marketing, de televisão e cinema, o mineiro Murilo Carvalho é um desses sujeitos de experiência múltipla que coloca seu talento a serviço dos trabalhadores e das causas avançadas e progressistas.

Por José Carlos Ruy

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