Das poucas certezas da situação política atual é a rejeição à possibilidade de um governo Temer, que seria um governo Temer-Eduardo Cunha. Mas se eles chegarem a tomar de assalto a Presidência, com o beneplácito de um STF cúmplice, quanto da proposta de programa do PMDB, de desmonte do Estado, dos direitos sociais e do projeto de nação para o Brasil, eles conseguirão desmontar?
Por Emir Sader
A ampliação da percepção de que o país vivencia um golpe contra a democracia tem dificultado as articulações do vice-presidente Michel Temer. As confabulações para derrubar a presidenta e formar um "governo de notáveis" têm esbarrado em um dificuldade: ninguém parecer querer se comprometer com um eventual governo ilegítimo.
O processo de impeachment ainda está em curso. Mas o assédio e as sinalizações de alguns setores deixam antever o que poderá ser uma gestão Michel Temer, caso o golpe se consolide. A ex-diretora do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, Eliane Landau, propôs “repensar o papel do Estado”, apostando em um revival das privatizações. Economistas e “gente do mercado” já fazem pressão por reformas e cortes. E, no fundo, tudo aponta para uma pauta entreguista e contra os trabalhadores.
Documento do PMDB sugere a retomada do processo de privatização e orienta a desconstrução das conquistas em torno das políticas sociais.
Paulo Kliass*
Marcela Temer é uma mulher de sorte porque tem um marido, um filho, e uma vida de comercial de margarina, segundo a revista Veja. Não fosse a “convulsão política que vive o país”, nada estaria fora do lugar no conto de fadas da vice-primeira-dama. Em reportagem publicada nesta segunda-feira (18), o semanário destaca as qualidades de “boa esposa”, “do lar” e “recatada” de Marcela, que aparentemente está pronta para subir um nível no jogo político onde quem dá as cartas são os golpistas.
Rodeado por indiciados e delatados, de popularidade medíocre e com propostas impopulares, eventual governo de Temer não conseguirá pacificar o país nem retomar crescimento. Expectativa é que militantes pró-impeachment migrem para movimento Fora Temer e paralisem o país.
Já pensando em formar o seu governo caso a presidenta Dilma Rousseff seja afastada, como comprova vazamento de áudio, o vice-presidente Michel Temer não esperou muito, um dia após a aprovação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, ele foi visto em jantar com nada menos que o adversário de Dilma, derrotado nas eleições de 2014, senador Aécio Neves (PSDB-MG) e com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. O tema do encontro foi o cenário econômico do país.
A presidenta Dilma Rousseff alertou, em outubro de 2015, sobre uma tentativa de “golpe à paraguaia” que começava a ser planejado no Brasil. A advertência foi feita apenas um ano depois de seu triunfo eleitoral, quando 54 milhões de brasileiros optaram pelo PT, derrotando uma vez mais o PSDB.
Por Juan Manuel Karg*, no RussiaToday
O aprofundamento do ajuste fiscal, pretendido por um eventual governo do vice-presidente Michel Temer frente à possibilidade de aprovação do processo de impeachment pelo Senado, o que levaria ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff por seis meses, não deve ter impacto positivo na economia. A opinião é do economista e professor da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) Antonio Corrêa de Lacerda.
A levar a sério a trapalhada do vice-presidente Michel Temer, que depois de uma carta lamuriosa à presidenta Dilma Rousseff resolveu, não satisfeito, dar outra grande contribuição ao folclore político nacional com o discurso de 15 minutos em que cantava vitória antes da hora, vale imaginar como pode ser um eventual governo dele.
Por Sérgio Luiz Leite*
Em entrevista para o diário argentino Página/12,João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, mobilizou milhares de militantes, em dezenas de Estados, contra o golpe institucional que está sendo votado neste dia 17 de abril, em sessão extraordinária da Câmara dos Deputados.
Por Darío Pignotti, direto de Brasília, para o Página/12
O professor aposentado de Filosofia do Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutor Thomas da Rosa de Bustamante, defende o apensamento do processo de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer ao da presidenta Dilma Rousseff, em análise na Câmara.