Centrais sindicais paraguaias repudiaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Fernando Lugo. “Rechaçamos estas manobras, prática comum de parlamentares que dizem representar o povo, mas que respondem sistematicamente a interesses obscuros de empresários e latifundiários reacionários e neoliberais”, diz um comunicado da Central Nacional de Trabalhadores (CNT).
Toda unanimidade é burra, dizia o filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria fenômeno político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os últimos fatos no continente.
A América Latina mais uma vez está sofrendo com ataques oportunistas da direita conservadora e castradora de nosso continente. A soberania e a democracia do Paraguai estão ameaçadas por uma tentativa de Golpe de Estado.
Em nota divulgada nesta sexta (22) a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul reafirma o compromisso com os princípios que regem as relações internacionais do Brasil. O documento é assinado pelo senador Roberto Requião, presidente do órgão; pelo deputado Federal Antonio Carlos Mendes Thame; pela senadora Ana Amélia Lemos e pela deputada federal Dr. Rosinha.
Marchas e vigílias cidadãs em zonas desta capital com assistência fundamental de jovens e um debate público sobre as responsabilidades nos incidentes ocorridos na passada sexta-feira em Curaguaty são temas centrais no panorama paraguaio.
Com uma população de 6,3 milhões de habitantes e um PIB cem vezes menor que o brasileiro, o Paraguai está habituado a viver suas tragédias de forma subterrânea, longe das atenções mundiais. Dificilmente o desastre ocorrido na sexta-feira (15), em Curuguaty, próximo da fronteira com o Brasil, fugirá dessa regra.
Por César Felício, no Valor Econômico
Martín Almada, o mais importante representante do movimento dos direitos humanos paraguaio, afirma que grandes produtores de soja estão interessados em desestabilizar o governo de Fernando Lugo. "Eles querem que Lugo caia. O latifúndio e os grandes produtores de soja brasileiros estão muito interessados em que Lugo não possa chegar a 2013, quando deve acabar seu mandato", disse Almada por telefone à Carta Maior, falando desde Assunção.
Representantes do governo paraguaio e organizações campesinas se reuniram nesta segunda-feira (18) em Curuguaty, departamento de Canindeyú (sudeste do país), onde na sexta-feira (15) houve enfrentamentos entre campesinos e policiais nas instalações de uma fazenda, propriedade do político colorado Blas Riquelme, que deixou pelo menos 19 mortos, 11 campesinos e oito policiais.
As balas ferem os pobres enquanto a impunidade protege a oligarquia mafiosa.
É um fato lamentável e preocupante o Massacre em Curuguaty, que tirou vidas de camponeses e policiais humildes na luta pela recuperação de terras desabitadas, roubadas ao Estado por Blas Riquelme.
A morte de 18 pessoas, entre elas 11 camponeses, ocorrida na semana passada quando a polícia desalojou sem diálogo prévio uma fazenda ocupada por camponeses sem terra no noroeste do Paraguai, em uma zona próxima à fronteira com o Brasil, foi uma “matança” e há informações sobre “mais companheiros mortos no monte”, denunciou o representante de uma organização campesina, enquanto a porta-voz de outra organização alertou para um plano desestabilizador contra o presidente Fernando Lugo.
O ex-fiscal geral do Estado, Rubén Candia Amarilla, assumiu neste sábado (16) o Ministério do Interior, em substituição a Carlos Filizzola, que caiu após o conflito nesta sexta (15) entre camponeses e policiais no Noroeste do país, que deixou saldo de 15 a 17 mortos. Candia Amarilla é o quarto ministro do Interior do governo Lugo, iniciado em agosto del 2008.
Violentos confrontos ocorridos nesta sexta (15) entre policiais e camponeses sem-terra deixaram um saldo de pelo menos 18 mortos e mais de 80 feridos em Curuguaty, a 250 quilômetros a nordeste de Assunção, no Paraguai.