Após a apreensão do documento que sugere suborno da empresa francesa Alstom a agentes públicos da gestão de Mário Covas (PSDB), em São Paulo, e o depoimento à Justiça do ex-diretor comercial da multinacional, o engenheiro francês André Botto, admitindo o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões (R$52 milhões à época) para fechar negócio com uma estatal paulista em 1998, a bancada do PT na Assembleia Legislativa cobra a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Um documento apreendido na sede da Alstom, na França, indicam que a empresa distribui propina para obter, em 1998, um contrato de US$ 45,7 milhões (R$ 52 milhões, em valores da época) na gestão de Mário Covas (PSDB) do governo de São Paulo.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que há "fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina pela multinacional alemã Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo", em um parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal.
O jornal O Estado de S.Paulo publicou nesta sexta-feira (17) reportagem em que aponta que o titular de vários postos de comando em estatais ao longo dos governos tucanos em São Paulo, Benedito Dantas Chiaradia disse em depoimento prestado à Polícia Federal em 14 de novembro de 2013 que ouviu de pessoas da área metroferroviária relatos sobre pagamento de propina a agentes públicos. Pouco mais de um mês depois, o diretor foi afastado da direção da estatal.
Levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo aponta que três contratos de manutenção assinados em 2007 pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) apresentam indícios de cartelização e custaram R$ 300 milhões a mais do que mesmos serviços contratados em 2012.
Ministério Público de São Paulo pedirá a dissolução da multinacional francesa Alstom no Brasil em razão do propinoduto nos trens; mas e os políticos envolvidos também no caso, como o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) e o conselheiro do TCE, Robson Marinho? Contra os dois pesam denúncias graves de recebimento de propinas milionárias, já apontadas pela PF e pelo MP; restará a impunidade?
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Por Fernando Brito*, no blog Tijolaço
A francesa Alstom recusou uma oferta de acordo com o Ministério Público (MP) que previa o pagamento de US$ 33 milhões (aproximadamente R$ 80 milhões) para o encerramento da investigação sobre a suspeita de que a empresa tenha pago propina para obter contratos com o governo do estado de São Paulo.
O Supremo Tribunal Federal (STF), por indicação do ministro Marco Aurélio de Mello, irá desmembrar a ação que investiga o pagamento de propina e formação de cartel para fraudar licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM): dessa forma, dos 10 réus acusados na ação, apenas quatro serão julgados pelo STF em Brasília, enquanto os demais serão encaminhados à primeira instância.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia (DEM), e um interlocutor do secretário de Energia, José Aníbal (PSDB), foram acionados pela principal testemunha das investigações sobre o cartel dos trens e Metrô em São Paulo, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Em declaração à Polícia Federal, a testemunha relatou que tratou pessoalmente de propina com Garcia.
O gerente-geral da área de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, teria afirmado em depoimento à Polícia Federal que recebeu ordens para destruir todos os documentos relativos a uma conta bancária no grão-ducado de Luxemburgo, conhecido paraíso fiscal, segundo a edição desta sexta-feira (3) de O Estado de S.Paulo.
A base aliada do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na Assembleia Legislativa de São Paulo, conseguiu uma ‘vitória de Pirro’, quando o custo político de uma vitória é maior do que o de uma derrota, ao barrar o escândalo da formação de cartel em contratos de trem e metrô em governos tucanos desde Mario Covas (1998) na Assembleia Legislativa paulista.