Depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidiu pelo arquivamento do processo de cassação, Michel Temer tenta recompor a sua base aliada para se manter no poder, mesmo sob investigação de ilícitos após as revelações trazidas pelas conversas com o empresário da JBS. No final da tarde desta segunda-feira (12), gravou um vídeo para as redes sociais e, em seguida, se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A novela sobre o desembarque do PSDB do governo Michel Temer continua. A legenda aguardava a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a ação que moveu contra a chapa Dilma-Temer para deliberar em reunião que acontece nesta segunda-feira (12). Mas tudo indica que os tucanos seguirão a tradição e ficarão em cima do muro.
O desembarque do PSDB do governo parece estar cada vez mais próximo. No entanto, deve provocar rachaduras internas. A intervenção do governador Geraldo Alckmin para tentar conter a movimentação da base parece não ter efeito. O presidente do PSDB de São Paulo, deputado estadual Pedro Tobias, defendeu em entrevista ao Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (9), que a legenda rompa com Michel Temer e que Aécio Neves seja afastado definitivamente do comando da legenda.
As afirmações de lideranças do PSDB de que vão discutir uma eventual saída do governo de Michel Temer já começa provocar efeitos. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) reagiu afirmando que se a movimentação se confirmar haverá retaliações.
A aliança de interesses entre o PSDB e Michel Temer está cada vez mais perto do fim. Unidos pelo golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, tucanos e peemedebistas vivem um crise na relação após as revelações trazidas pelas conversas de Temer com o empresário da JBS, Joesley Batista.
Enquanto a cúpula do PSDB empurra com a barriga o desembarque do governo de Michel Temer, os demais membros da legenda já dão sinais de que vão abandonar o aliado de golpe. em entrevista à colunista do G1, Cristiana Lôbo, a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse que o PSDB tem de "desapegar" dos cargos e sair do governo do presidente Michel Temer.
Para se garantir no poder e evitar a debandada geral da sua base, Michel Temer se agarra na aliança com os que encabeçaram o golpe: os tucanos. Nesta sexta (2), Temer vem a São Paulo para um encontro com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O Palácio do Planalto informa que Temer viaja sem previsão de volta para Brasília.
O golpe continua a produzir efeitos deletérios. Desde 2014, inconformados com a derrota nas urnas, a direita se reagrupou em torno de um interesse comum, apostando no discurso de ódio e de suposto “combate à corrupção”. A base do governo tem poucas convergências e muitas divergências. Com a crise instaurada no governo Michel Temer, após as revelações da conversa com Joesley Bastista, da JBS, a disputa sem consenso é quem deve assumir, já que Temer já é considerado carta fora do baralho.
Numa alegoria, podemos assumir que Temer está politicamente morto. Conserva-se no poder porque se encontra já embalsamado. Não cai, nem sai, porque está completamente amarrado, envolto em trapos, mumificado.
Por Alexandre Weffort
Enquanto lideranças da base aliada do governo Michel Temer discursam no Congresso Nacional dizendo que, apesar da crise, o país precisa tocar a agenda de votações que tramitam no parlamento, nos bastidores o pescoço de Temer já foi colocado na guilhotina e o debate é como dar uma sobrevida ao governo até que o caminho para uma eleição indireta esteja pavimentado.
Enquanto o PSDB tenta explicar os fatos que envolvem o seu presidente nacional, agora afastado, Aécio Neves (MG), o seu presidente em exercício, Tasso Jereissati (CE), declarou nesta segunda-feira (22) que o partido só vai decidir se permanece ou desembarca do governo após os julgamentos dos processos que correm contra Michel Temer, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Líder do golpe e paladino do combate à corrupção, o senador Aécio Neves foi destituído da presidência do PSDB depois que ele foi flagrado em gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, pedindo e recebendo R$ 2 milhões em propina. A substituição será anunciada assim que o senador mineiro renunciar oficialmente ao cargo.
Por Dayane Santos