A vigília será nesta quarta-feira, às 17 horas, em frente às sedes do governo e judiciário. É a primeira de uma série de ações definidas pelo Comitê Paraense de Combate à Violência no Campo.
Por Fátima Gonçalves
Com a chacina de 10 trabalhadores rurais na última quarta-feira (24), no município de Pau d’Arco, no sudeste do Pará, o número de assassinatos no campo, nos primeiros cinco meses de 2017, aumentou para 36, mais da metade dos 61 registrados em 2016. Os dados foram divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
“Eu entendo que não eram trabalhadores rurais. Eles estavam armados”.
(General Jeannot Jansen, Secretário de Segurança Pública do Pará)
Por Paulo Fontelles Filho*
Diante da intensificação da violência no campo, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), em conjunto com organizações da sociedade civil e órgãos públicos de atuação em defesa dos direitos humanos, realiza no próximo dia 23 de maio (terça-feira), às 14h, no Memorial do Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, o ato denuncia “Por direitos e contra a violência no campo”.
O trabalhador rural Waldomiro Costa Pereira foi assassinado na madrugada desta segunda-feira (20) no hospital municipal de Parauapebas no sul do Pará. Cinco homens encapuzados dominaram os vigilantes, invadiram a Unidade de terapia Intensiva onde estava internado Waldomiro, que levou oito tiros. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), entidade da qual Waldomiro fazia parte desde 1996, se solidarizou com a família.
O governo golpista presidido por Michel Temer acaba de produzir contribuição inestimável aos criminosos que patrocinam e aos que praticam a violência nas áreas rurais do Brasil – os que mandam ameaçar e os que ameaçam; os que mandam ferir e os que ferem; os que mandam matar e os que matam.
Por Patrus Ananias*
Kátia Maia, diretora executiva da organização não governamental Oxfam-Brasil, fala sobre o aumento da violência contra ativistas na América Latina.
A primeira semana de agosto no Congresso – com o reinício dos trabalhos legislativos – foi marcada por discussões importante para a agricultura familiar com a realização de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara sobre a violência no campo. Os debates apontaram a impunidade como a causa dos conflitos no campo, o que há muitos anos vem sendo denunciado pelos movimentos sociais.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota pública para denunciar os crimes de morte no campo. “O fim do mundo para o povo excluído começou faz tempo. A execução de camponeses e indígenas nesse país é coisa comum”, diz o texto. E analisa que “quando a estrutura política, econômica e jurídica do país se move ao redor dos interesses de uma minoria burguesa, elitista e racista contra os interesses das maiorias negras e pobres, autoriza também o terror no campo e na cidade.”
Este ano completa-se 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra foram assassinados em sua luta por reforma agrária. O caso ocorreu em 17 de abril de 1996 e, desde então, a Via Campesina instituiu esta data como Dia Internacional de Lutas Camponesas. E é nesse marco de memória e resistência, que organiza a Conferência Internacional de Reforma Agrária, que busca atualizar o debate sobre esta temática junto a seus membros e aliados.
O relatório final da Comissão Camponesa da Verdade, transformado em livro, revelou as brutalidades que as pessoas do campo sofreram durante a ditadura militar, com 1.196 camponeses mortos ou desaparecidos no período. O estudo da Comissão, que é composta por movimentos sociais, pesquisadores e organizações ligadas a terra, complementa o trabalho da Comissão Nacional da Verdade. O livro foi lançado na última quinta-feira (17) em reunião da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.
O deputado Luiz Couto (PT-PB) ocupou a tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (3), para defender a construção de uma cultura de paz no campo e de não violência. De acordo com ele, a violência no campo tem aterrorizado trabalhadores, estudantes e famílias que vivem nas regiões rurais do País. Na avaliação dele, as heranças do regime ditatorial que ainda permanecem impedem a redução dos conflitos no campo.