Messias Pontes: Liberdade de imprensa e seu limite

O jornalista e dirigente estadual do PCdoB/Ce, Messias Pontes, dedicou seu artigo publicado semanalmente no jornal O ESTADO, de Fortaleza, ao Dia da Liberdade de Imprensa, que se comemora hoje. Em seu texto Messias Pontes faz importantes reflex&otild

Comemora-se hoje, em todo o mundo, o Dia da Liberdade de Imprensa, um dos maiores bens da democracia. Porém cabem aqui duas perguntas: 1ª) – o que é liberdade de imprensa? 2ª) – onde ela é exercida em sua plenitude? Por não praticar a liberdade de imprensa, certamente hoje a maioria dos veículos de comunicação ficará silente sobre o assunto. Isto porque apenas oito famílias, num universo de 185 milhões de brasileiros, dominam as grandes empresas de comunicação do País, e essas tratam a informação como mercadoria e não como um bem social. Os jornalistas amestrados, a serviço das elites, procuram difundir para a opinião pública que a imprensa é neutra. Isto é a maior falácia do mundo.

 

Digo, sem medo de errar, que em nenhum país do mundo a liberdade de imprensa é exercida na sua plenitude. Principalmente no Brasil. Aqui, a coisa chega a ser vergonhosa. Toda a grande mídia brasileira pertence às elites e está a seu serviço, manipulando a opinião pública a seu bel prazer. A revista Veja, o Jornal Nacional, da Rede Globo, e a Folha de São Paulo são os melhores exemplos disso. Com maestria e competência, distorcem os fatos e dão vida às versões matando os fatos; inventam, caluniam, endeusam, demonizam, enfim fazem tudo para manter o "status quo" a serviço do que há de mais retrógrado dentro e fora do País.

 

Diz a sabedoria popular que para o bom entendedor, meia palavra basta. Pois bem, vamos tomar como exemplo o caso de Francenildo Costa, em Brasília. Este humilde caseiro que ganhava R$700,00 por mês e que movimentou em três meses nada menos do que R$38.860,00. Contra ele foi cometido um crime por um agente do Estado, no caso o então ministro da Fazenda Antonio Palocci, que mandou quebrar o seu sigilo bancário sem ordem judicial. Isto foi o suficiente para a queda do ministro e do presidente da Caixa Econômica Federal, e que Francenildo se tornasse celebridade nacional, ocupando os espaços mais nobres das revistas, rádios, jornais e televisões.

 

A pergunta que não quer calar, é: Quem pagou Francenildo? Esta pergunta é proibida ser feita nas redações dos grandes veículos. Somente a revista CartaCapital (edição de 26.04.06) botou o dedo na ferida. Numa matéria de seis páginas, o jornalista Leandro Fortes vai fundo e desmascara as mentiras contadas pela grande mídia a respeito do caso. Quem não leu essa matéria pode acessar o site www.cartacapital.com.br. Vale a pena.

 

A grande questão a ser debatida no dia de hoje é o limite da liberdade de imprensa. Para as elites, a liberdade de imprensa deve ser ilimitada. Desde que não ameace os seus interesses, claro. No entanto vamos continuar defendendo que a liberdade de imprensa tem limite, e este limite é a ética. Dizer que existe a Lei de Imprensa para defender quem foi prejudicado é uma grandiosa falácia. Os exemplos são tantos que não cabem nesta página. Mas vamos ver apenas alguns. Quem não lembra do caso da Escola Base, em São Paulo; do escândalo das bicicletas do então ministro da Saúde de Collor de Mello, Franceni Guerra; e do depósito de um milhão de dólares na conta do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, que teve o mandato cassado? Depois se provou o contrário e ninguém foi punido. Que isto sirva de reflexão no dia de hoje.