Agricultura familiar vive bom momento, fiz Fetraf
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da região Sul está em processo de preparação para o congresso da entidade, que deve acontecer em março. A Fetraf está realizando assembléias regionais com agricultores dos três Estados do Sul,
Publicado 30/01/2007 11:45 | Editado 04/03/2020 17:12
Na disputa da agricultura familiar com o agronegócio, os pequenos agricultores têm algumas conquistas a comemorar. A avaliação é do coordenador da Fetraf-Sul, Altemir Tortelli. Ele diz que ações como o Programa de Aquisição de Alimentos, em que o Governo Federal compra a produção dos agricultores familiares, e o Seguro da Agricultura Familiar, são alguns dos avanços importantes no campo das políticas públicas.
“No ano passado, foi aprovada pelo Congresso Nacional e pelo Presidente da República a Lei da Agricultura Familiar, que reconhece a nossa categoria. Temos vários avanços em algumas políticas, como crédito, Pronaf. A conquista do Seguro da Agricultura Familiar foi um avanço importante. Agora, estamos implementando uma outra conquista, que é uma garantia de preços, algo inédito do Brasil. Agora, a agricultura familiar tem essa cobertura, essa garantia, de que se o preço do mercado estiver muito baixo, há uma intervenção do próprio governo. Além de outros instrumentos que já tínhamos, como o Programa de Aquisição de Alimentos. Portanto, do ponto de vista do reconhecimento, do avanço das políticas, eu diria que estamos bem”, afirma.
Para Altemir Tortelli, os agricultores familiares têm avançado na sua organização, criando cooperativas e agroindústrias, e realizando experiências agroecológicas que superam a lógica da agricultura convencional. “Hoje nós temos centenas de experiências em regiões, onde os agricultores compreendem que é possível ser mais independente das multinacionais, do pacote tecnológico. Estamos construindo não só a resistência, mas alternativas tecnológicas e econômicas que têm gerado mais resultado, além de mais tranqüilidade e segurança em relação à saúde, meio-ambiente, contaminação do solo”, diz.
Nos próximos anos, a Fetraf-Sul pretende lutar para manter conquistas como garantia de preço e seguro agrícola, e ampliar as reivindicações para temas como educação e assistência técnica. A Fetraf-Sul é uma das entidades representativas de pequenos agricultores que trabalha para a criação de uma universidade na região sul do Brasil, voltada para o desenvolvimento regional.
“O desafio nosso para o próximo período é intensificar algumas frentes em que já estamos atuando no campo das políticas públicas: crédito, seguro, garantia de preço, mas também potencializar, com muita força, a questão da assistência técnica, extensão rural, pesquisa e educação. Esse conjunto de frentes para nós é fundamental, para que nós tenhamos muitos técnicos, muitas famílias de agricultores sendo apoiadas por uma assistência técnica pública. E também a questão da educação. Se não invertermos a lógica da educação que hoje é dada para os nossos filhos nas comunidades, nas escolas agrícolas, nas universidades, nós teremos poucas chances de modificar o modelo atual”, avalia.
De acordo com a Fetraf, os encontros regionais devem abranger cerca de 100 mil agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O congresso da entidade acontece de 28 a 30 de março, no município paranaense de Francisco Beltrão.
Agência Chasque