1º de Maio: Nenhum direito a menos, por mais conquistas!

Entrevista com a vice-presidente da CUT/SP, Gilda Almeida.

“O 1º de maio simboliza a luta de gerações de trabalhadores, que não se conformaram com a exploração capitalista e se empenharam pela transformação social”. A opinião é de Gilda Almeida, vice presidente da Central Única dos Trabalhadores – São Paulo. Para a sindicalista, o Dia Internacional do Trabalhador deve refletir o compromisso histórico da classe com a construção de uma sociedade mais justa.


 


Gilda propõe que a comemoração da CUT saiba congregar as atrações musicais com as bandeiras políticas do movimento sindical. “Não se deve recriminar o 1º de Maio por causa dos shows. É importante fazer uma atividade para milhões de trabalhadores, dialogar amplamente com o povo. A festa toda proporciona isso. Mas devemos saber aproveitar a oportunidade. É preciso conscientizar as pessoas, politizar, só assim ganharemos mais gente para a nossa luta”, explica.


 


Fala também sobre as bandeiras do movimento sindical na área da saúde. Acompanhe a entrevista de Gilda Almeida.


 


Vermelho-SP: Gilda, vamos falar do Dia do Trabalhador. O que você espera do 1º de maio da CUT este ano?


 


Gilda: “O dia do trabalhador é uma data muito importante, que emociona e revigora os sindicalistas, nos faz refletir sobre a nossa história. O 1º de maio simboliza a luta de gerações de trabalhadores, que não se conformaram com a exploração capitalista e se empenharam pela transformação social. Essa luta é traduzida em bandeiras políticas, que dizem respeito a cada conjuntura. Hoje, nossa bandeira é o desenvolvimento nacional, com distribuição de renda, geração de empregos, valorização do trabalho, do salário mínimo. Espero que essas palavras de ordem orientem as comemorações do dia do trabalhador”.


 


Vermelho-SP: Muitos sindicalistas têm reclamado justamente que essas lutas sumiram do 1º de Maio das centrais sindicais….


 


Gilda: “Não se deve recriminar o 1º de maio por causa dos shows. É importante fazer uma atividade para milhões de trabalhadores, dialogar amplamente com o povo. A festa toda proporciona isso. Mas devemos saber aproveitar essa oportunidade. É preciso conscientizar as pessoas, politizar, só assim ganharemos mais gente para a nossa luta. O que não pode é ser apenas a festa, sem levantar as bandeiras políticas do movimento sindical, sem falar de política. Ainda mais quando existe uma voracidade dos patrões em retirar direitos trabalhistas…


 


Vermelho-SP: A tal Emenda 3, os boatos sobre Reforma na Previdência….


 


Gilda: Isso. A luta pela manutenção do veto do presidente Lula à Emenda 3 tem que ser discutida no ato do 1º de Maio da CUT. As centrais estão unidas fazendo manifestações contra essa ameaça, como foi o caso agora da paralisação do Metrô. A mídia conservadora quer jogar a população contra os sindicalistas, que, aliás, merecem toda a solidariedade, pois foram demitidos pelo governo quando lutavam pelos direitos de todos nós.


 


Temos que aproveitar as milhares, talvez milhões, de pessoas que irão ao 1º de Maio para mostrar que essa luta é de todos.


 


Quanto à Reforma da Previdência não há espaço para titubeios. O Wagner Gomes dizia outro dia numa atividade que não aceitamos que mexam em direitos do passado, nem do presente e nem do futuro. É isso mesmo. Porque não adianta vir com conversa de “ajuste” pra quem vai entrar no mercado. Nossa palavra de ordem é clara: nenhum direito a menos, por mais conquistas!


 


Vermelho-SP: Além de vice-presidente da CUT – São Paulo, você é dirigente da Federação Nacional dos Farmacêuticos. Fale sobre as principais bandeiras de luta dos trabalhadores da sáude.


 


Gilda: Hoje a saúde pública é ameaçada, pois querem tirar a responsabilidade do Estado em garanti-la. Por isso, criam as autarquias e as Organizações Sociais, para que a saúde não tenha seu caráter de serviço público, de obrigação do Estado, plenamente assistido. Então, lutar pela saúde é defender o SUS.


 


Outra luta importante é a da jornada de 30 horas semanais para o trabalhador da saúde, o que é recomendado pela OIT e pela OMS. Pela complexidade e pela responsabilidade da prestação de serviço na área de saúde, a estafa é um risco para a população. Algumas categorias já alcançaram essa conquista. Há um projeto de lei na Câmara Federal que estabelece a jornada de 30 horas também para o trabalhador farmacêutico. A FENAFAR apóia e luta por sua aprovação.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP