Tefé pede apoio do Idam para reativar projeto de dendê
O Governo do Estado pretende reativar um antigo projeto de dendê iniciado pela Empresa Amazonense de Dendê (Emade) no município de Tefé. Para isso, busca a viabilização de parcerias com entidades de f
Publicado 05/05/2007 14:12 | Editado 04/03/2020 16:13
O diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), Edson Barcelos, esteve esta semana na cidade para acompanhar a situação do projeto.
O fim da Emade fez com que o Amazonas não tenha um único projeto de dendê em pleno funcionamento, apesar das excepcionais condições climáticas que possui para esta cultura. ''Hoje, quando o mundo clama por 'energia limpa', nós poderíamos ser os grandes produtores de biodiesel, mas teremos que fazer um esforço gigantesco para nos inserir nesse mercado'', afirma o titular da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Eron Bezerra.
A visita de Barcelos a Tefé foi motivada pelo pedido de associações de produtores rurais, agentes financeiros e representantes de instituições públicas e privadas do município de Tefé que participaram do 1º Workshop sobre o desenvolvimento Agroindustrial do cultivo do dendê, promovido e organizado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), no início do mês.
De acordo com o presidente do Idam, a reativação do projeto da Emade é uma antiga reivindicação dos produtores da região do Médio Solimões. Ele explica que, em 1984, por meio de um financiamento do Bird (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento), a Emade iniciou, em Tefé, a implantação de um projeto para plantar 2 mil hectares de dendê, dos quais foram alcançados apenas 1410.
O projeto consistia no recrutamento de famílias de trabalhadores rurais para cuidar de lotes de dendê e repassar a produção à usina beneficiadora da empresa, construída no local. A idéia era repassar o controle da usina para uma cooperativa de produtores, a longo prazo. No entanto, a partir do início da década de 90, com a extinção da Emade, mesmo com toda uma estrutura montada, com equipamentos comprados e construção de moradias, o projeto foi deixado de lado.
''A situação atual da área do projeto é de total abandono'', afirma o presidente do Idam. ''Cerca de 1,5 mil hectares, antes ocupados com dendezeiros, servem hoje para plantar mandioca. Grande parte foi tomada pela capoeira ( vegetação que se desenvolve em áreas abandonadas). As casas, construídas para abrigar técnicos e produtores, foram invadidas ou depredadas. Por isso eu digo que não se trata da reativação de um projeto, mas da implantação de um projeto totalmente novo, que vai beneficiar muita gente'', diz Barcelos.
Segundo dados do Idam seriam necessários, no mínimo, cinco anos para que o projeto se tornasse funcional. O empreendimento demandaria recursos da ordem de R$ 25 milhões, beneficiaria 300 famílias diretamente envolvidas com a produção de dendê e geraria mais 40 empregos diretos na usina de extração de óleo e na unidade de produção de biodiesel, que deveriam ser construídas.
O resultado anual seria a produção de 8 mil toneladas do combustível natural, gerando R$ 12 milhões. ''Já tomamos as providências iniciais'', diz Edson Barcelos. ''Atendendo à determinação do Governo do Estado, visitamos a área do antigo projeto, recebemos as reivindicações e vamos repassá-las ao secretário Eron Bezerra e ao próprio governador'', afirma o presidente do Idam.
Ainda segundo Barcelos, o Idam está buscando instituições para financiar um projeto dessa magnitude. ''Mas temos certeza que, por estar inserida nas diretrizes do Programa Zona Franca e no Programa Brasileiro de Biodiesel e pelos enormes benefícios que a produção do biodiesel pode gerar ao Amazonas, o Governo do Estado vai se empenhar para viabilizar esse projeto'', conclui.
De Manaus,
Mariane Cruz