Exposição sobre estética e liberdade é atração em SP

A exposição inédita com curadoria de Emanoel Araújo, reúne cerca de 130 das 2 mil obras do acervo do Museu da Solidariedade Salvador Allende, de Santiago, Chile. A apresentação do acervo denominado “EStéticas, sonhos e utopias dos artistas do mundo pela l

A mostra conta com nomes fundamentais da arte moderna presentes em forma de telas, esculturas e cerâmica. Frank Stella, pintor, gravurista e escultor americano, é uma das estrelas juntamente com o também americano Alexander Calder, famoso por seus móbiles.


 


A Espanha vem representada por Pablo Picasso, pelo pintor abstrato Lucio Muñoz e pelos artistas Juan Antonio Toledo, Rafael Solbes e Manolo Valdés, integrantes da Equipo Crónica. Da Catalunha chegam trabalhos de Joan Miró e de José Balmes, nascido em Barcelona, mas naturalizado chileno. Amigo de Allende e um dos primeiros artistas a doar um quadro para o Museu da Solidariedade, Balmes fundou com os novos compatriotas Gracia Barrios, Alberto Pérez e Eduardo Martínez Bonati o Grupo Signo.


 


Complementam a mostra representantes da Finlândia (Jorma Hautala); da França (Pierre Soulange); da Inglaterra (William Hayter); de Cuba (René Portacarrero); do Uruguai (Joaquín Torres-García); da Venezuela (Carlos Cruz-Díez); e da Argentina (Julio Le Parc). Além do pintor e escultor húngaro de origem francesa Victor Vasarély. Evidentemente, não poderia faltar o Brasil com a escultora e pintora mineira Lygia Clark; o escultor carioca Sergio Camargo; o pintor paulista Antonio Henrique Amaral; e Frans Krajcberg, artista ecológico polonês, naturalizado brasileiro desde 1957.


 


Histórico do museu e do acervo


O Museu da Solidariedade brotou dos esforços do ex-presidente Salvador Allende (1908-1973), que, quando estava no poder, organizou uma ação internacional para que artistas plásticos sintonizados com a revolução chilena se sensibilizassem com a causa e doassem obras para o museu em formação. À época, artistas e gente ligada à área se movimentaram com a intenção de ajudar Allende a montar um museu de arte para seu povo.


 


A manobra internacional funcionou e foi inaugurado o Museu da Solidariedade Salvador Allende, hoje instalado num antigo palácio da capital Santiago, depois de funcionar num edifício em estilo colonial espanhol, danificado pelo terremoto de 1985 e por este motivo não-recomendável ao abrigo de tão precioso acervo. Convém dizer que, depois da tomada do poder pelo general Augusto Pinochet, em 1973, o museu ficou adormecido até o fim da ditadura.


 



A iniciativa de Allende de formar um museu aconteceu em 1972. Para que a idéia ganhasse força criou-se o Comitê Internacional de Solidariedade Artística ao Chile, integrado por artistas, críticos de arte e diretores de museus de diversas capitais da Europa e das Américas. O brasileiro Mario Pedrosa, respeitado crítico de arte, curador das bienais de São Paulo de 1953 e 1961, foi eleito para presidir o comitê. Pedrosa era um exilado no Chile pela ditadura brasileira, conhecia a realidade local, entendia do assunto e mantinha preciosos contatos no mundo artístico. O comitê incentivava os artistas dos diversos países a doarem obras de arte ao Museu da Solidariedade.


 


Um outro personagem importante nesta arregimentação foi o poeta Pablo Neruda, então embaixador do Chile na França. Naquele tempo, muitos artistas internacionais exilados em Paris postaram seus trabalhos via embaixada chilena. Chegaram obras de 11 países, inclusive do Brasil, cujos artistas igualmente fizeram suas doações por meio da embaixada chilena em Paris.


 


Da Redação, com release do Centro Cultural Fiesp.