Questões sobre raça são tema de curso

Será aberto hoje, em Juazeiro do Norte, o Curso de Extensão Iniciativas Negras – Trocando Experiências

A abertura do Custo Iniciativa Negras acontece às 19 horas, no Memorial Padre Cícero, em Juazeiro doNorte, com a participação de estudiosos de diversas partes do País. A solenidade de abertura deverá contar com cerca de 300 pessoas. O curso é uma iniciativa da Universidade Federal do ceará (UFC), por meio do Departamento de Biblioteconomia, no Cariri. É o primeiro no gênero no Estado a abordar o tema.


 


Segundo a coordenadora do evento, professora doutora Joselina Silva, apenas no Rio de Janeiro foi realizado curso com essa temática. No Cariri, a finalidade principal é capacitar pessoas nas discussões sobre as relações raciais, gênero e relações humanas. Outro ponto importante abordado pela docente é a capacitação de professores para atender às demandas da lei 10.639/03, que trata do ensino de História Africana e Cultura Afro-Brasileira para os ensinos fundamental e médio.


 


A abertura do curso contará com as presenças da professora Maria Inês Barbosa, do Fundo das Nações Unidas para a Mulher e, Denise Pacheco, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, de Brasília, além de representante da reitoria da UFC. As discussões trazem uma abordagem em nível nacional a respeito dos problemas sobre a participação dos negros na sociedade.


 


Joselina Silva, que por mais de 20 anos atuou na Organização do Movimento Social Negro União dos Homens (UHC), de Porto Alegre, destaca o pouco avanço obtido em relação ao racismo no Brasil. Ela participa de projetos de pesquisa na UFC sobre o Movimento Negro no Nordeste, como é constituição desses movimentos na região e o Tráfico Internacional de Mulheres em algumas cidades, também da região Nordeste.


 


O discurso a ser apresentado no Cariri por estudiosos de diversas partes do Brasil, de acordo com a coordenadora, é necessário em âmbito nacional. Condutas na sociedade relacionadas ao racismo e machismo devem ser discutidas e os resultados das pesquisas devem ser aproveitados para subsidiar os gestores públicos sobre as temáticas. Um dos benefícios dessas iniciativas é auxiliar na implementação da lei 10.639/03 nas escolas públicas dos municípios do Brasil e a participação maior por parte dos educadores no processo.


 


“Na maior parte das universidades públicas do Brasil têm sido implementadas ações afirmativas”, diz Joselina. Ela ressalta o desafio a vencer por se estar numa sociedade com um índice de racismo institucional alto, demonstrando a dificuldade do negro no acesso ao mercado de trabalho.


 


Os debates que incluem a participação dos negros junto aos meios de comunicação vão acontecer durante a mostra “Vamos ao Cinema”, com a apresentação de três filmes, no Festival Zoel Zito Araújo, entre eles “A Negação do Brasil” e “Vista Minha Pele”. A mostra acontece no dia 30, no Sesc, às 14 horas. O primeiro filme mostra o resultado de uma tese de doutorado de Zoel Zito, que aborda a forma como as novelas da Globo selecionam as imagens das tramas. Serão apresentados no vídeo e entrevistas com atores, autores e diretores de novelas, desde a extinta TV Tupi.


 


O curso será aberto a todos os que se interessem pela temática e terá inscrições gratuitas. Poderão ser feitas no Memorial, na noite de hoje. 25 pesquisadores, ativistas sociais e estudantes fixos de vários estados do Brasil estarão participando e serão financiados para permanecerem na região pela organização do curso. No dia 2 de julho, dentro do evento, será realizada mesa-redonda, no Cineteatro Neroli Filgueiras, em Barbalha, sobre Direitos Humanos e Racismo, com Sueli Carneiro, do Instituto da Mulher Negra, em São Paulo.


 


Informações:
Curso de Extensão Iniciativas Negras – Trocando Experiências
26 de junho a 5 de julho de 2007
Juazeiro do Norte e Barbalha
(88) 3571.1755


 


SAIBA MAIS


 


Alteração



A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática ´História e Cultura Afro-Brasileira´, e dá outras providências.


 


Obrigatório



A lei torna obrigatório, conforme artigo 26-A, o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares.


História



O parágrafo 1º estabelece como conteúdo programático o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade.


 


 


Fonte: DN