Nova leva de acusações paira sobre o suplente de Roriz
A ponto de ocupar uma vaga no Senado, o corretor de imóveis Gim Argello (PTB-DF), suplente do ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), nunca esqueceu as origens profissionais nos oito anos de vida pública. Como deputado distrital por dois mandatos, apresent
Publicado 11/07/2007 11:22 | Editado 04/03/2020 16:42
Adversários de Argello afirma que têm um dossiê de 37 páginas com acusações e vão entregá-lo ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), caso ele decida mesmo tomar posse no lugar de Roriz, que renunciou na semana passada. A Operação Aquarela, da Polícia Civil, também investiga o envolvimento do suplente no esquema de desvio de recursos do Banco de Brasília (BRB). Foram as suspeitas de envolvimento com esse esquema que levaram à renúncia do peemedebista.
Argello está na mira do Ministério Público desde 1999, quando teria começado um esquema envolvendo parlamentares, funcionários do Executivo, empreiteiros e donos de postos de gasolina para aprovar o uso de áreas públicas da capital pela iniciativa privada. O esquema teria durado até o fim de 2002.
A máfia conseguiu, segundo denúncias de procuradores, transformar áreas destinadas a parques em postos de gasolina, lojas comerciais e igrejas evangélicas. O suplente também foi citado no relatório de uma CPI instalada há cinco anos na Câmara Distrital para investigar denúncia de pagamento de propinas a deputados e assessores de Roriz em troca de regularização de condomínios.
Terreno
No ano passado, Argello foi um dos autores de um projeto que mudava a destinação de um lote de 80 mil metros quadrados no bairro Sudoeste. Originalmente, nele seria construído um centro de treinamento. Com a mudança, o terreno pode ser usado para diferentes tipos de comércio. O deputado Wigberto Tartuce, amigo de Argello, tinha comprado o lote por R$ 15,2 milhões e revendeu-o por R$ 47 milhões um ano depois.
O suplente teria começado a vida profissional como aprendiz de corretor do ex-deputado Sérgio Naya, afastado da Câmara com o desmoronamento do Edifício Palace 2, em 1998, no Rio. Depois começou a atuar como corretor de imóveis em Taguatinga. Com ajuda de empresários influentes, conseguiu financiar duas candidaturas à Câmara, mas não se elegeu. Teve êxito na terceira tentativa. No ano passado, disputou a eleição como suplente de Roriz.
No caso do suposto esquema de mudanças na ocupação territorial de Brasília, Argello é acusado de fraudar a tramitação de projetos de lei no período em que foi presidente da Câmara Distrital, incluindo emendas fantasmas em projetos já aprovados. Procuradores de Brasília começam a investigar ainda a suspeita de que também teria vendido a uma entidade estrangeira a concessão de uma rádio na periferia de Brasília.
Advogado de Argello, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa diz que os processos na Justiça não impedem que seu cliente assuma a vaga no Senado. Para Corrêa, não há provas contra ele.
Sobre os projetos de Argello na Câmara, rebateu: “Quem na Câmara não apresentou projetos nesse sentido? Não há nada demais.” O ex-ministro explicou que o suplente só não assumiu ainda a vaga no Senado por problemas de saúde.
Fonte: Agência Estado