Campanha salarial é importante

Uriel Villas Boas

A campanha salarial de qualquer categoria de trabalhadores era o momento da mais ampla mobilização. E não faz muito tempo que isto acontecia. Afinal, esta é uma luta que atende aos interesses de todos os integrantes de uma categoria. Ou de uma Empresa ou organismo público.


 



Mas há algum tempo que a mobilização numa campanha salarial está perdendo a vitalidade. Os motivos são os mais variados. Um deles, por certo é o baixo percentual de reajuste, tomando como base o índice inflacionário.


 


Outra questão que chama a atenção tem a ver com a renovação cada vez maior dos efetivos de trabalhadores, além da  redução das vagas nos mercados de trabalho. E mais, há como que uma acomodação das direções sindicais.


 


Algumas repetem anualmente os métodos de encaminhar uma luta sindical. Melhor dizendo, da falta da luta sindical. Limitam-se a cumprir os requisitos legais obrigatórios, sem muita discussão de propostas e reivindicações. Fazem tudo da mesma maneira sempre. E a categoria reage agindo com a maior indiferença, não sendo motivada a comparecer às assembléias ou manifestações. A classe patronal, por sua vez, estabelece como que um conluio e age também de forma simplista. E tudo continua sem novidades.


 



Mas há situações onde há a tentativa de mobilização efetiva, com o uso de várias formas de motivação, como boletins, carros de som, cartazes, plenárias, agitação. E até paralisações das atividades. E a conquista de algumas vantagens, mesmo pequenas.


 



Mas não pode ser esquecido um grande e grave problema, tendo como referência a nossa estrutura sindical. Numa Empresa podem ser encontrados os trabalhadores que são os empregados e exercem as atividades preponderantes. Mas muitos tem ao lado os terceirizados, fazendo as mesmas tarefas e ganhando menos, numa concorrência que preocupa. São citados ainda os chamados “diferenciados”, que são trabalhadores que independentemente do ramo ou atividade da Empresa, são vinculados ao seu sindicato especifico. Ou seja, pode acontecer o caso de numa Empresa serem eles o número tão insignificante  que não influirão na produção no caso de uma greve. E ainda precisa ser citado o profissional liberal, geralmente profissionais de nível de escolaridade superior. E que também não são representados pelo sindicato da categoria maior.


 



Como se pode perceber, os problemas são muitos, para que se consiga a motivação, a mobilização necessária para que a classe operária em seus vários ramos de atividade consigam mudar o quadro. É um desafio a ser enfrentado pelas tendências que buscam a organização efetiva dos trabalhadores com o objetivo maior de conquistar uma sociedade sem explorados nem exploradores.


 



O tema merece ser debatido, precisa ser enfrentado o quanto antes. Este é o nosso desafio classista.


 


Uriel Villas Boas é coordenador da Corrente Sindical Classista da Baixada Santista