Será que racha?

O Jornal A Gazeta fez chamada interessante dia desses. “Eleição de 2008 começa a rachar os partidos no Estado do ES”. A matéria trata da briga do PDT em Cariacica onde os deputados Campostrini e Denadai lutam para saber quem será o candidato a prefeito. O

Por Ilauro Oliveira*


 


Descendo ao nosso quintal, pode-se dizer que a situação é um pouco parecida em alguns aspectos. Dos três principais núcleos postulantes à cadeira do palácio Bernadino Monteiro, é visível que há nomes ou interesses que podem entrar em conflito dividindo as bases, incendiando as siglas e rachando os objetivos. Hoje o PMDB, o PT e os ferracistas vivem, internamente, um clima não de rivalidade, mas de expectativa de como chegarão ano que vem.


 


Começando pelo PMDB do ES. Não há sinais internos de racha, mas há claramente um movimento feito pelo deputado federal Camilo Cola (dono da Viação Itapemirim) de se colocar à disposição do partido. A dúvida é saber se o deputado faz isso para confundir os adversários peemedebistas, neste caso em comum acordo com o prefeito Roberto Valadão; ou se realmente deseja disputar a cadeira de prefeito.


 


Ser for o primeiro caso, o que se faz é o jogo para despistar o adversário, tirando Valadão da linha de tiro na busca de preservá-lo para que ele administre mais tranquilamente e chegue em 2008 em reais condições de disputar a reeleição. Futebolisticamente: Camilo estaria chamando para si a marcação dos adversários, enquanto o prefeito passaria incólume rumo ao gol.


 


Se for o segundo caso, é preciso dizer que Camilo só conseguirá ser candidato se o desempenho da administração for mal avaliado até ano que vem. E mesmo assim ele ainda precisaria do apoio do prefeito, do seu inegável carisma, da força da máquina e dos índices de aprovação da administração, mesmo que estes sejam baixos. Ou seja, com um candidato ou outro, o PMDB só se mantém no posto se sair unido, o contrário disso seria fatal.


 


No caso do PT-ES a candidatura de Carlos Casteglione não divide o partido. Mas uma possibilidade de não candidatura dividirá. Hoje ele é candidato, e único. Mas como o secretário já faz parte de uma engenharia política bem maior (costurada por João Coser e Paulo Hartung), há quem não descarte, diante de um quadro negativo, uma recolhida estratégica para que seja candidato a deputado federal em 2010. Nesta hipótese, o PT brigaria internamente para lançar outro nome. Isso causaria uma divisão entre correntes internas e Casteglione. Hoje as tendências Unidade na Luta e a Articulação de Esquerda não imaginam o PT local sem um nome para prefeito.


 


Entre os ferracistas, só há um nome que unifica: Theodorico Ferraço (PTB). Se não entrar no páreo, o deputado estadual vai ser mais assediado que Romário em São Cristóvão. O neo-ferracista Atílio traváglia (PSB) e velho ferracista Jathir Moreira (PSDB) disputariam seu apoio para serem candidatos. E não há acordo com a vice, porque provavelmente nenhum dos dois aceitaria sê-lo novamente. Neste caso a possibilidade de divisão seria grande.


 


Enfim, são apenas teses, mas não é impossível que na busca pela prefeitura de Cachoeiro algum desses três fortes grupos chegue, de fato, arranhado em 2008.


 


* Ilauro Oliveira é Graduado em História.