Assim como o Brasil, A Vale é do povo!
O secretário de Formação e Propaganda do PCdoB-Piauí, professor Elton Arruda defende a reestatização da Vale do Rio Doce e fala sobre a importância do plebiscito que acontece na semana da pátria. Leia artigo!
Publicado 05/09/2007 23:20 | Editado 04/03/2020 17:02
Como se sabe em 2007 completam 10 anos que o episódio da privatização da Companhia Vale do Rio Doce teve seu desfecho. Hoje, a Companhia vendida por 3,3 bilhões, é a maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo. É, na América Latina, a principal produtora de ouro e alumínio, enquanto controla 9 (nove) mil quilômetros de malha ferroviária e a maior frota de navios transportadores de grãos do planeta. Ela é, sem dúvida nenhuma, um gigante do mercado mundial.
O processo de privatização da Vale do Rio Doce revelou-se, ao longo desses dez anos, cheio de pontos questionáveis senão vejamos: 54 empresas (UNIMINAS, Companhia siderúrgica, Tubarão e outras) ficaram de fora da avaliação; embora a Companhia tenha sido vendida por 3,3 bilhões de reais, o patrimônio da Vale na época era avaliado em quase 100 milhões de reais; com a privatização da Vale do Rio Doce ficaram de posse da iniciativa privada, reservas de urânio e isso é ilegal pois essas reservas só podem ser de posse da União; por último, a Merril Lynch, que na época era acionista do grupo Anglo América (que era concorrente da Vale do Rio Doce) recebeu várias informações privilegiadas.
Essas são algumas, entre tantas questões, que originaram os mais de 100 processos judiciais, que colocam sombras sobre todo o processo de venda da Vale.
Além do debate sobre a legitimidade dessa transação, outro aspecto é indispensável nessas reflexões: trata-se da questão da crítica madura às políticas neoliberais e o trato com a coisa pública. Uma empresa como a Companhia Vale do Rio Doce é de importância estratégica para o país não só pelo seu porte, mas por poder jogar destacado papel num projeto de desenvolvimento soberano e nacional. Os governos neoliberais de Collor e FHC foram representantes aqui de um modelo de gestão pautado na liquidação do patrimônio público (a privatização do sistema de telefonia teve resultados desastrosos para o atendimento as necessidades públicas, ainda é um exemplo muito vivo) com uma confiança criminosa no “mercado” como uma instituição que resolveria todos os problemas e direcionaria o processo desenvolvimento econômico.
Em verdade, o mercado direcionou o desenvolvimento econômico, mas descolou esse do desenvolvimento social. Os anos de neoliberalismo aumentaram os lucros dos bancos e das mega-empresas, a taxa de juros subiu de forma inédita, e deflagrarão uma onda de desemprego e de rebaixamento da qualidade de vida, com estouro da violência urbana, desastres ambientais que só agora vieram à tona, e tantos outros conhecidos problemas. Com essas marcas esses governos foram substituídos, por duas eleições e, em especial, no ano de 2006 onde o tema ‘privatização’ marcou um diferencial concreto entre as duas candidaturas predominantes. Nessa briga o povo optou por Lula, entendendo que Geraldo Alckmin se identificava, dentre outras coisas, com as privatizações. Essa última observação mostra a rejeição que a população desenvolveu pelas privatizações, isso porque essas de fato não se mostraram eficazes.
A luta pela reestatização da Vale do Rio Doce, simbolizada pela iniciativa do “Plebiscito Popular” organizado por diversos setores da sociedade civil (com destaque para Pastorais, UNE, CUT, UBES, Corrente Sindical Classista – CSC, CNTE, CONTEE, CONAM e muito mais), é uma ação política para provocar a construção de um ambiente profícuo para uma reflexão madura acerca do Brasil que queremos. O ponto de partida é o fato de que as principais medidas do receituário neoliberal significaram um fracasso e conduziram a uma estagnação econômica que, por sua vez inviabilizou qualquer possibilidade de acionar políticas de desenvolvimento com qualidade de vida e sustentabilidade.
Agora, no curso desses debates, essas entidades e toda a sociedade devem se apresentar como cidadãos e cidadãs para participar desse movimento que se constrói como uma onda de milhões em defesa do Brasil desenvolvido, democrático e soberano para todas e todos.
Professor Elton Arruda, Vice-Presidente do Sinpro-Pi