Cortejo de sindicalista assassinado reúne 2 mil pessoas
A saída do cortejo conduzindo o corpo do presidente do Sindicato dos Transportes Alternativos, Francisco das Chagas, executado a tiros na noite da terça-feira (18) parou o trânsito na Capital.
Publicado 20/09/2007 16:35 | Editado 04/03/2020 16:54
Por volta das 11h30 o cortejo deixou a Central de Velórios Rosa de Saron, em Jaguaribe. Estima-se que 2 mil pessoas acompanharam a comitiva, que às 15:30 ainda percorria a BR 230 com destino à Tibiri, onde foi sepultado o sindicalista.
No velório o filho de Chagas, Marcus Antônio Cardoso do Nascimento Chagas, contou que o pai recebia ameaças de morte. “Meu pai contava que recebia telefonemas com ameaças de morte, mas nunca citou os nomes dos autores das intimidações”, revelou.
Vários atos políticos marcaram o velório. Na Central onde o corpo estava sendo velado, na Praça dos 3 Poderes, no Terminal de Integração e às portas do Cemitério de Tibiri aconteceram atos onde militantes comunistas, sindicalistas, e autoridades locais utilizaram carros de som para exigir a investigação e a punição dos assassinos e mandantes do crime.
Em sua fala Expedito Bandeira, presidente da Federação Nacional dos Transportes Alternativos – FENATRAL, exigiu que o Governador Cássio Cunha Lima sancione imediatamente a Lei aprovada pela Assembléia Legislativa que regulamenta os transportes alternativos no estado, além da imediata investigação e punição dos culpados. Ele afirma que a morte do companheiro “não será em vão!”
Agamenon Sarinho, presidente do PCdoB na Paraíba, disse que o partido está envidando todos os esforços no sentido de acompanhar e exigir a completa apuração deste crime e punição dos culpados.” O partido enviou ofícios ao Governador do Estado e à Secretaria de Segurança Pública solicitando o comprometimento do estado na solução do caso.”
Agamenon informou que entrou em contato com a Câmara Federal e pediu a intervenção da Comissão de Direitos Humanos. Segundo ele o assassinato do líder sindical não vai ficar impune e nem vai acabar com a luta da categoria. “Queremos dizer que o PCdoB está junto com o sindicato e com a categoria dos trabalhadores em transportes alternativos, defendendo a luta de Chagas e exigindo a legalização desse setor.” reafirmou.
O vereador Watteau Rodrigues (PCdoB) também esteve presente nos atos, ele disse que a Paraíba não pode voltar ao tempo da pistolagem, e relembrando o assassinato de Margarida Maria Alves falou que a exemplo daquele, o assassinato de Chagas é um crime político. Watteau solicitou uma sessão especial na Câmara de Vereadores de João Pessoa para reverenciar a memória do sindicalista executado e reafirmar a luta pelas bandeiras que o mesmo defendia.
O caso
O presidente do Sindicato dos Condutores de Transportes Alternativos da Paraíba (Sindicapta), Francisco das Chagas, de 50 anos, foi executado com dois tiros de revólver na noite da última terça-feira, no Loteamento Pôr-do-Sol, em Tibiri II, em Santa Rita.
Segundo a polícia, o sindicalista estava recebendo ameaças de morte há quase três meses e o crime pode ter sido encomendado.
De acordo com o delegado Valdélio Lobo, da 6ª Delegacia Distrital de Santa Rita, Francisco das Chagas teria chegado em casa por volta das 19 horas da última terça-feira, reclamando de forte dor de cabeça, tomado um medicamento e ido dormir. Por volta das 22 horas, quatro homens encapuzados incadiram a casa de Chagas no momento em que a empregada abria a porta da cozinha para alimentar os cachorros que estavam no quintal.
Os assassinos renderam a jovem e a esposa de Chagas que saiu para ver o que estava acontecendo. Em seguida, os homens seguiram em direção ao quarto onde estava o sindicalista e dispararam dois tiros na nuca de Chagas, mas antes teriam abafado o barulho dos disparos com o uso de um travesseiro que foi colocado na cabeça do sindicalista. “Foram tiros à queima-roupa”, relatou o delegado.
Na fuga, segundo o delegado Valdélio, um dos pistoleiros teria avisado: “Isto é para você nunca mais se meter com ninguém”.
O superintendente da 1ª Cia de Polícia Civil, o delegado Magalhães Neto, recomendou rigor nas investigações. O inquérito foi repassado para a delegada de Homicídios Daniela Viccuna.
Com agências
Ana Cristina Santos