Sem categoria

Vozes de Nuestra América debate questão de gênero e terra

Palestrantes e platéia da 1º Conferência Internacional Vozes de Nuestra América fomentaram a discussão em torno do papel da mulher na sociedade, passando pelas questões do capitalismo e a terra. A conferência ocorreu nos estados do Rio de Janeiro e no Cea

Movimento e filosofia que começou na Europa Ocidental ainda no século 18, o feminismo monopolizou grande parte do debate na última sexta, data do encerramento da 1º Conferência Internacional Vozes de Nuestra América na capital do Ceará, Fortaleza. As conferencistas assumiram-no e o levaram aos braços da platéia de forma serena, como movimento político, intelectual e social.


 


Antes, o público se empolgou, cantando e batendo palmas com a voz e o violão de ''Rosalvo da Bahia'' e ''Cida da Paraíba'', ambos do MST. O que poderia se transformar em uma discussão sisuda ganhou ares de poesia. ''Meu nome é Maria e como tantas outras Marias também carrego no peito as dores da perseguição…'', dizia um dos trechos declamados e que fazem parte de textos de espetáculos do MST.


 


Com o feminismo no centro da discussão, todas as formas de violência contra as mulheres não foram esquecidas.


 


Opressão contra mulheres


 


Para Nalú de Faria, da Marcha Mundial de Mulheres de São Paulo, a primeira forma de opressão foi contra as mulheres, antes mesmo de existir luta de classes.


 


''A mulher continua oprimida dentro das bases capitalistas. O capitalismo aprofundou a divisão sexual do trabalho e a mulher teve de dar conta da produção e da reprodução'', disse ela, acrescentando que o capitalismo não sobrevive sem a exploração das mulheres.


 


''Temos de mudar as direções da economia, da política, das relações familiares, da sexualidade'', acrescentou.


 


O desafio maior agora, segundo Nalú, é continuar organizando um amplo movimento das mulheres e, com isso, fazer com que os movimentos sociais incorporem as idéias e fomentem o debate.


 


A representante canadense da Marcha Mundial de Mulheres, Elsa Beaulieu disse estar em debate proposta de internacionalizar o Movimento Feminista.


 


''O socialismo não pode ser construído num país só, o feminismo também não'', disse ela, que ressaltou ser a principal finalidade construir relações igualitárias entre os povos. Elsa também questionou o fato de que tarefas atribuídas à mulher não dão autonomia social e financeira.


 


A terra e a mulher


 


A representante do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Vanderléia Daron, fez uma analogia entre a terra e a mulher como instrumentos utilizados pelo capital para sua satisfação.


 


''Possuir, entrar na terra e produzir. Possuir, entrar na mulher e reproduzir'', disse, afirmando que esse processo de dominação do capital e do patriarcado quer mostrar tal dominação como algo que sempre existiu e que sempre vai existir.


 


Mas, discordando de tal pensamento, dispara: ''Isso é construído historicamente. Há que se enfrentar o capital porque ele não mudará a lei de ferro que mantém a mulher atrelada no papel tradicional''.


 


A conferência, que também ocorreu na capital fluminense, contou com convidados de todo país e representantes intenacionais. Na noite da última sexta (26) um ato político de encerramento marcou o final da 1º Conferência nos dois estados.


 


Conheça a página da conferência em Fortaleza:


http://www.nuestraamerica.ufc.br/