Mineiros sul-africanos param por 24 horas
Uma greve de advertência de um dia realizada pelo maior sindicato de mineiros da África do Sul colocou a maior indústria do mundo de ouro e platina contra a parede na quarta-feira (5).
Publicado 06/12/2007 14:40
Cerca de 270 mil mineiros do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Minas iniciaram a greve na noite de terça-feira, protestando contra o que chamam de priorizar lucros em lugar de segurança.
O governo do país divulgou planos para reduzir os acidentes de trabalho no mês de outubro, mas a greve foi levada adiante para chamar a atenção em relação às más condições de trabalho que os trabalhadores enfrentam nas minas do país.
Patrick Craven, o porta-voz da COSATU (Congress of the South African Trade Unions), disse às agências internacionais que “acreditamos que a situação é tão séria que precisamos fazer mais que simplesmente falar a respeito, demonstrando publicamente que o nível atual de acidentes, particularmente acidentes fatais, é absolutamente intolerável”.
“Nós sabemos que muito já foi dito a respeito do problema, mas o que nós precisamos é tornar as palavras em ações e ver algum progresso real na situação”, disse o funcionário.
Durante os nove primeiros meses do ano aconteceram 226 mortes nas minas do país. Esses números representam um aumento substancial, frente aos 199 mineiros mortos em todo o ano de 2006.
O aumento aconteceu mesmo com o comprometimento das empresas de mineração da África do Sul em baixar a taxa de acidentes em 20% dentro de seis anos.
“Enquanto há muito progresso em termos de conversação, encontros e acordos, não houve nada de concreto em reduzir o nível de acidentes, portanto essa é a nossa maior preocupação”, disse Craven.
“Em particular, nossa preocupação é que tudo seja feito para fazer com que a segurança seja a mais alta prioridade. Não deve haver cortes na segurança para se chegar aos objetivos de produção”, completou.
Alguns proprietários dizem que menos de 5% dos mineiros foram trabalhar no dia de ontem.
Os mineiros saíram em marchas em diversas cidades do aís e muitor protestaram em Johannesburg, levando faixas declarando que os proprietários das 700 minas do país estavam “escavando em sangue” ao colocar os lucros à frente da segurança.
“Eles enfiam as pessoas nas minas, qualquer que seja o perigo”, disse Toko Molale, que trabalhou em minas de platina nos últimos 13 anos.
As coisas melhoraram um pouquinho, mas eles ainda estão valorizando mais a produção que a vida das pessoas”, completou.
Em média, um mineiro sul-africano ganha cerca de US$ 500 mensais, considerando os 10% de aumento que os salários tiveram a partir deste ano.