Proposta fascista contra imigrantes revolta italianos
A população italiana está horrorizada com um político do país. Ele chocou a opinião pública, principalmente de origem judia, ao pregar que os imigrantes sejam tratados com o mesmo rigor que os nazistas usaram quando ocuparam a Itália. Giorgio Bettio, v
Publicado 06/12/2007 17:25
Os comentários de Bettio reavivaram a lembrança do massacre das Fossas Ardeatinas, em 1944, quando Hitler mandou que dez italianos fossem executados para cada um dos 33 soldados alemães mortos em um ataque realizado em Roma por um grupo da resistência. A imigração tem sido uma questão conturbada na região rica do Vêneto, onde fica Treviso. Há frequentemente episódios de tensão entre os moradores e os imigrantes, alguns deles em busca de emprego nas fábricas e campos de colheita da área.
Bettio, membro do direitista partido anti-imigração Liga do Norte, viu-se condenado duramente por políticos e colunistas de jornal.
“Mesmo se ele estivesse bêbado ou se houvesse sofrido um curto-circuito cerebral, ele precisa ser condenado sem direito a uma apelação”, afirmou em um editorial de primeira página, na quarta-feira, o Il Giornale, um jornal conservador que costuma dar apoio à Liga do Norte.
Bettio alegou à agência inglesa de notícias Reuters, por telefone, que estava “agitado e enfurecido” quando deu aquelas declarações porque um imigrante asiático havia ameaçado a mãe dele.
“Com certeza, eu cometi um erro ao citar a SS” escapou Bettio, mas alegou “estar havendo exagero em relação ao caso” da parte dos políticos e meios de comunicação do país.
Riccardo Pacifici, líder da comunidade judaica de Roma, que perdeu 75 membros no massacre de 1944, defendeu que Bettio renuncie.
“Uma coisa é pedir por controles para a imigração. Mas isso é intolerável, algo realmente sujo” disse.
Enquanto parlamentares acusam Bettio de fomentar o racismo e pedem que o governo puna-o formalmente, o episódio chama a atenção, mais uma vez, para os problemas da Itália com a imigração.
Muitos italianos, preocupados com o aumento das taxas de criminalidade e de desemprego, defendem que sejam realizadas operações de repressão contra os imigrantes.
Cerca de 40 cidades adotaram recentemente leis de combate à “vagabundagem” a fim de manter afastados os pobres, os sem-teto e os desempregados.
Essas leis determinam que os estrangeiros só podem pedir para morar nas cidades se possuírem um emprego formal, ganharem um salário de ao menos 5 mil euros por ano por cada membro de sua família, viverem em uma casa “adequada” e não serem considerados “socialmente perigosos”.
No mês passado, o prefeito de uma outra pequena cidade da região mandou afixar cartazes provocativos aconselhando os cidadãos a emigrarem como forma de protestar contra o que considera ser um abrandamento da política oficial em relação aos imigrantes.