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PM prende sete pessoas em protesto contra leilão da Aneel

A Polícia Militar do Distrito Federal retirou os manifestantes que ocupavam a sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Brasília, num protesto contra o leilão para a construção da primeira usina hidrelétrica no Rio Madeira, que com atrasos

Por volta das 6h15, cerca de 80 integrantes da Via Campesina, organização que envolve o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outras entidades, ocuparam as instalações da Aneel para impedir a entrada de funcionários, jornalistas e participantes do leilão da Usina Santo Antônio, a ser construída em Rondônia.


 


Eles foram retirados por 75 policias do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do DF. Ao todo, sete manifestantes foram detidos e transferidos para a sede da Polícia Federal. Eles foram detidos por invasão de órgão público, desacato à autoridade e dano ao patrimônio público, por causa das pichações na área externa do prédio. Uma mulher também foi presa por expor uma criança de cinco anos ao perigo.


 


As pichações eram contra a “venda do Rio Madeira” e frases de apoio ao bispo D. Luiz Cappio, que está em greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. “A Aneel estupra a mãe Terra”, afirma uma das frases escrita em tinta vermelha.


 


Durante as quatro horas de ocupação do prédio, os manifestantes fizeram muita sujeira na entrada da Aneel. O início do leilão foi adiado por duas horas. Entre o material recolhido pelo pessoal de limpeza da Aneel, estavam faixas, pedaços de pau, sacos de pão e garrafas de água.
 


Violência


 


As informações acima são do Coronel Luís Renato Rodrigues, comandante do Policiamento Regional Metropolitano do Distrito Federal. “Pode ter havido alguma violência, mas apenas o necessário para a desocupação”, afirmou o coronel. Ao todo, 300 integrantes da Via Campesina participaram do protesto.


 


Os manifestantes alegam que a construção da usina vai contaminar o rio e piorar a qualidade de vida dos ribeirinhos.


 


“Teremos um rio morto, estéril, com águas podres, contaminado por mercúrio, multiplicador da malária. Um rio a serviço das indústrias eletrointensivas e do agronegócio, imprestável para o povo, para a pesca artesanal, para o lazer e para as culturas de várzea”, diz manifesto assinado pela Via Campesina e outras organizações não-governamentais, que também protestam contra a transposição do Rio São Francisco.


 


Na avaliação do diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, “foi uma ação firme e serena dos policiais. A decisão de leiloar as usinas do rio Madeira é de um governo democrático e legitimamente eleito e não pode uma ação de minoria, que exorbita a ação da cidadania, obstar decisões democráticas.”


 


Leilão


 


Com a liberação do local o leilão começou atrasado. Além de Santo Antônio, o complexo hidrelétrico do Madeira prevê a construção de outras três usinas. São elas: a Usina Hidrelétrica de Jirau, Guajará-Mirim (na fronteira entre Brasil e Bolívia) e Cachuela Esperanza, em território boliviano. O complexo é considerado prioritário pelo governo, que o incluiu no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


 


O governo estima que a Usina Santo Antônio custe R$ 9,5 bilhões. Ela terá capacidade para gerar 3.150 MW e começará a gerar energia em 2012. A última das 44 turbinas que serão instaladas só deve entrar em operação em 2016.


 


Fonte: Congresso em Foco