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Cuba distribuirá petróleo venezuelano pelo Caribe

Hugo Chávez e Raúl Castro foram ontem (21) os mestres de cerimônia da 4a Cúpula do Petrocaribe, o acordo de “cooperação energética” criado em 2005 pelo presidente venezuelano, ao qual pertencem 16 países da área e concebido como uma “alavanca de integr

Junto com Raúl Castro, o presidente interino, Chávez inaugurou ontem uma grande refinaria de petróleo em Cienfuegos, a 260 km da capital cubana, construída na era soviética e reabilitada com a ajuda de Caracas. A refinaria ficou paralisada pouco depois de seu término. Mais de US$ 130 milhões de investimentos vão permitir em uma primeira fase o processamento de 65 mil barris diários de petróleo.



Está previsto um financiamento de US$ 1,4 bilhão para elevar a capacidade de refino para 150 mil barris diários, o que, segundo Chávez, permitirá transformar Cuba em um centro nevrálgico para processar e distribuir o cru venezuelano no Caribe. “Mais que um simples mecanismo comercial”, o Petrocaribe é “um instrumento” para favorecer “a união e a libertação” dos povos latino-americanos, disse Chávez na inauguração da cúpula que se realizou na cidade de Cienfuegos.



Apesar de sua derrota no referendo de 2 de dezembro, o poder de convocação do líder venezuelano continua elevado. Participaram da cúpula 11 chefes de Estado e de governo e representantes de todos os países membros (Antigua e Barbuda, Bahamas, Belize, Cuba, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Nicarágua, República Dominicana, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela), além de Barbados e Trinidad e Tobago, como convidados, e Honduras e Guatemala, como observadores.



O Petrocaribe oferece a seus integrantes uma escala de financiamento da fatura petroleira tomando como referência o preço do cru; se este supera os US$ 50 por barril, a porcentagem financiada é de 40%, o período de pagamentos se estende para 25 anos e se reduz o juro a 1%. O resto deve ser amortizado em um prazo de 30 a 90 dias.



Sem dúvida, as suculentas vantagens desse acordo são o cimento idôneo para favorecer a tão ansiada “integração bolivariana” defendida por Fidel Castro e Hugo Chávez, que ontem anunciou que a dívida contraída por esses países com a Venezuela, que já chega a US$ 1,116 bilhão, poderia ser compensada parcialmente com produtos e serviços ao seu alcance, dentro do espírito solidário da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba).



Cuba, que recebe 92 mil barris diários de petróleo da Venezuela, paga parte de sua fatura com serviços médicos e de educação e esportes. Caracas e Havana insistem que a Petrocaribe é um mecanismo que vai além do puramente comercial; também implica o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte, armazenamento e refino, para reforçar a “segurança energética” regional.



Fonte: El País