Homenagem a César Uchôa marca o aniversário da reorganização do PCdoB em Fortaleza
Dezenas de militantes do PCdoB reuniram-se nesta segunda-feira, dia 18, na sede do Comitê Municipal do partido em Fortaleza para inauguração da Sala César Uchôa, em homenagem ao respeitado militante comunista falecido em novembro de 2001. O evento marcou
Publicado 19/02/2008 16:15 | Editado 04/03/2020 16:36
Bizerril foi militante do movimento sindical bancário nos anos 60 e, junto com César Uchôa, ingressou no Partido Comunista do Brasil em plena batalha da categoria contra a intervenção da ditadura militar no Sindicato dos Bancários no Ceará, fundado em fevereiro de 1933. ''Não era apenas uma luta dos trabalhadores em defesa de sua entidade, mas também uma luta pela liberdade, contra a opressão que se abatia contra o povo brasileiro'', ressaltou o dirigente comunista. Foi neste enfrentamento que se destacou César Uchôa, com sua lucidez política e firmeza na defesa das posições que abraçou. Para Benedito Bizerril, ''Cesinha passou a ser uma grande referência do movimento sindical bancário''.
Uchôa iniciava ali uma militância política respeitada que nem mesmo a prisão e a tortura no início da década de 1970 foram capazes de arrefecer. Quando o PCdoB retomou sua organização no Ceará em 1975, Cesinha foi um dos primeiros a ser contatado para assumir a ousada tarefa de membro do Comitê Municipal de Fortaleza, bem como da Direção Estadual. Segundo o vice-presidente do PCdoB/Ce, Uchôa foi um militante destemido, que ''jamais arriou a bandeira do socialismo, que nunca cedeu diante de situações difíceis e, por isso, não se pode falar em PCdoB no Ceará sem citar a atuação do camarada César Uchôa''.
''… inda resta o sol …''
A voz forte do cantor Bernardo Neto tomou conta do ambiente, entoando os versos de Oswald Barroso, musicados por Eugênio Leandro, na canção Consolança. Foi difícil conter a emoção dos que conviveram com César Uchôa. Não era raro vê-lo cantarolando ''mas se cortaro o pé de juazeiro, menina num chore, se mataro o sabiá num chore não/ Pois inda resta o sol banhando o milho cedo no roçado, inda tem ruçara pra nos inquietar''.
O presidente estadual do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, o ''Patinhas'', que também conviveu com César Uchôa nos anos 60, lembrou a importância daquela homenagem no dia em que o partido comemorava sua reorganização revolucionária há 46 anos. Patinhas ressaltou que a historia do partido é repleta de fatos e personagens que ajudam a materializar o significado da luta dos comunistas pela construção do socialismo. Para o presidente do PCdoB, a vida de César Uchôa demonstra que ele cumpriu um destacado papel na trajetória do PCdoB e deve inspirar as novas gerações. ''Militantes como Cesinha ajudam o partido a ter mais energia para enfrentar a opressão da sociedade capitalista e construir uma nova perspectiva para o nosso povo''.
Visivelmente emocionado, o deputado estadual Lula Morais destacou sua satisfação em ter convivido com César Uchôa quando iniciava sua militância no PCdoB no final dos anos 70. Para o parlamentar, o homenageado foi um elo importante entre sua geração e os que fazem o partido. ''Cesinha se destacava por sua convicção e sua firmeza na luta. Até ao cumprimentá-lo era possível sentir sua firmeza num simples aperto de mão'', observou Lula.
Irmão e companheiro
Em nome da família – estavam presentes o filho Dimitrov, a irmã Clécia, o cunhado Roberto e o sobrinho Clécio (comunista, bancário e sindicalista, como o tio) -, falou o irmão Híder, que, em rápidas palavras, registrou a satisfação de todos os familiares com aquela homenagem. ''Cesinha foi um irmão e companheiro de luta, sempre nos honrou e inspirou a ser lutadores por dias melhores para o povo'', destacou o irmão.
O senador Inácio Arruda (PCdoB) atribuiu sua eleição ao resultado da luta de pessoas como César Uchôa, classificando-o como sendo um articulador incansável, que não tinha ''ambições sindicais'' de ocupar posições no sindicato. Segundo Inácio, ''Cesinha queria que aparecessem novos lutadores, e isto já o fazia feliz''.
Segundo o parlamentar, Cesinha – com a firmeza, tranqüilidade e amplitude que lhe eram peculiares – ''daria um banho'' como militante do PCdoB na atual conjuntura do partido, favorável ao desenvolvimento das lutas do povo.
De Fortaleza,
Inácio Carvalho, com a colaboração de Caroliny Braga