Homenagem a Astrojildo Pereira, Luis Carlos Prestes e João Amazonas

No aniversário de 86 anos do Partido Comunista do Brasil, o Comitê Municipal de São Paulo escolheu homenagear, dentre tantos heróis de nossa história, três camaradas: Astrojildo Pereira, Luis Carlos Prestes e João Amazonas.

Eles foram os principais dirigentes do partido em três momentos distintos. Marcaram, cada qual de uma maneira diferente, a trajetória do Partido Comunista do Brasil. Ao reverenciarmos os três, homenageamos em nome deles os milhares de homens e mulheres que militaram no nosso partido.


 


Astrojildo Pereira


 


Astrojildo Pereira nasceu em Rio Bonito no estado do Rio de Janeiro, em 1890. Desde sua tenra juventude se aproximou das idéias anarquistas.  Em sua juventude, como militante anarquista, foi um dos principais líderes das greves gerais de 1917, 1918 e 1919.


 


Quando o apoio à revolução russa dividiu o anarquismo brasileiro, Astrojildo liderou a corrente que daria origem ao nosso partido: orientou e dirigiu o processo de fundação de grupos comunistas por todo o Brasil, editou os primeiros números da revista Movimento Comunista e preparou o Congresso de Fundação, que ocorreu em março de 1922. É curioso saber que foi na casa das tias de Astrojildo Pereira, em Niterói, que nosso partido foi fundado.


 


O período em que Astrojildo Pereira foi o principal dirigente do partido foi de crescimento e amplitude política. Foi a época do Bloco Operário e Camponês, que elegeu os primeiros comunistas para o parlamento; da amplitude na frente sindical que permitiu ultrapassar os anarquistas e fundar uma Central Sindical; da fundação do Jornal A Classe Operária e da circulação do diário A Nação, que funcionou em um breve período de legalidade do partido. Além disso, foi no período de Astrojildo que se construiu a primeira tentativa de produzir uma interpretação marxista da realidade brasileira. Esta interpretação foi aprovada no II e no III Congressos do partido e está condensada no livro “Agrarismo e Industrialismo” de Octávio Brandão.


 


Luis Carlos Prestes


 


Outro período de nossa história foi o que esteve marcado pelo papel de Luis Carlos Prestes. Ele nasceu em Porto Alegre, em 1898 e formou-se pela Escola Militar do Realengo em 1919, na Arma de Engenharia.


 


Em 1924 Prestes liderou uma rebelião em Santo Ângelo, que resultaria na maior epopéia militar da história brasileira, a Coluna Prestes.


 


A coluna liderada por Prestes, que tinha apenas 26 anos, percorreu mais de 25 mil km por todo o país, sem jamais sofrer derrota. Por isso, foi apelidada de Coluna Invicta. Sua epopéia encheu os corações dos brasileiros de que era possível uma mudança radical. “No rastro da coluna ficava a esperança”, disse Jorge Amado.


 


Após o fim da epopéia revolucionária Prestes exilou-se com seus companheiros na Bolívia. Lá recebeu a visita de um jovem comunista, que lhe entregou algumas dezenas de livros. Seu nome era Astrojildo Pereira. Depois de uma temporada na Argentina, inspirado entre outras coisas pela propaganda de Astrojildo, Luis Carlos Prestes tornou-se comunista.


 


Dirigiu a tentativa revolucionária de 1935, episódio cheio de erros, mas também marcado pelo heroísmo dos comunistas. Prestes logo depois foi preso e em 1943, ainda no cárcere, foi eleito secretário-geral do Partido Comunista do Brasil.


 


Prestes foi o principal líder de massas da história de nosso partido. Esta condição foi alcançada graças a todas as demonstrações de coragem e honradez que Prestes deu durante a Coluna e depois, quando esteve à frente do PC do Brasil. 


 


Este enorme prestígio ficou demonstrado quando Prestes foi solto em 1945, depois de uma década de prisão, e lotou os estádios do Pacaembu e de São Januário, em Comícios onde uma multidão se acotovelava para ouvi-lo.


 


Na única eleição que teve oportunidade de disputar foi eleito Senador com a maior votação que alguém tinha obtido até então na história do país.


 


João Amazonas


 


João Amazonas nasceu no Pará em 1912, filho de família modesta. Entrou no partido em meio à campanha da Aliança Nacional Libertadora. Já no início de 1936 foi preso por suas atividades políticas.


 


Em junho de 1941 as tropas nazistas iniciaram a ocupação do território soviético e o governo Vargas demonstrava simpatias pelos regimes nazi-fascistas. A situação era muito difícil para as forças progressistas no Brasil. Logo após receberem a notícia da invasão nazista, os comunistas João Amazonas, Pedro Pomar, Agostinho de Oliveira, Felipe Santiago entre outros, realizaram uma ousada fuga da prisão. A fuga se deu na noite chuvosa de 5 de agosto de 1941. Afirmou Amazonas: “Na prisão, recebemos a notícia da invasão da União Soviética pela Alemanha hitlerista. Nossa indignação foi enorme. Reunimos, nesse mesmo dia, e juramos sair da prisão para continuar a luta de vida e morte contra o nazismo”.


 


Em 1943, junto com Maurício Grabois, Pedro Pomar, Amaurílio Vasconcelos e Diógenes Arruda, Amazonas reorganiza a direção do partido, que estava dispersa devido a repressão contra o movimento de 1935. Esta reorganização contou com o apoio decisivo de Luis Carlos Prestes que estava preso.


 


Se Astrojildo foi nosso fundador e Luis Carlos Prestes o maior líder de massas do comunismo brasileiro, João Amazonas foi nosso ideólogo. Nos momentos mais difíceis, quando os caminhos se turvaram, foi sob a inspiração de suas idéias que o partido encontrou o rumo, os caminhos que nos trouxeram até aqui. Isso aconteceu na reorganização do partido em 1962, e se repetiu, sob outras formas, com o desmoronamento das primeiras experiências socialistas do Leste Europeu. O caminho que trilhamos, de renovação e permanência do ponto de vista teórico, teve seu impulso dado por João Amazonas.


 


Além disso, Amazonas foi fundamental para que o partido conquistasse seu espaço no cenário político nacional, como uma força conseqüente, radical em seus objetivos estratégicos, mas ampla em sua tática política. No processo de redemocratização do país a política preconizada por Amazonas, foi fundamental para levar Tancredo a presidência e consolidar a volta à normalidade democrática. Na luta por deslocar as forças antinacionais do poder, as propostas de Amazonas, incluída aí a formação da Frente Brasil Popular em 1989, passando pelas outras campanhas presidenciais de 1994 e 1998, foram fundamentais para levar Lula à presidência do país.


 


Camaradas,


 


Nos 86 anos do PCdoB os militantes comunistas de São Paulo homenageiam Astrojildo Pereira, Luis Carlos Prestes e João Amazonas, e assumem o compromisso de honrar a memória de nossos três dirigentes, continuando, nos dias de hoje, a luta por um Brasil Socialista.


 


Viva Astrojildo Pereira!


 


Viva Luis Carlos Prestes !


 


Viva João Amazonas!