MEC defende reabertura de negociações na ocupação da UnB

Segundo Haddad, o ministério está acompanhando informalmente a ocupação. “A desocupação é a reabertura da negociação”, disse. Ele pede ainda que os estudantes desocupem o prédio.

O ministro não comentou se vai atender à solicitação dos estudantes de realizar uma reunião com representantes do Ministério da Educação.

Assembléia amanhã
 

A ocupação pode ser resolvida amanhã. A Polícia Federal (PF), de acordo com os líderes estudantis, não tentará retirar os alunos até a quarta (9), quando será realizada mais uma assembléia entre os estudantes para definir os rumos do movimento, que teve início na última quinta-feira (3).

“Nós negociamos com a polícia para que até a próxima reunião eles não tentem desocupar o prédio”, informou o coordenador do grupo estudantil Kizomba  no DF, movimento que participa do manifesto, Gabriel Cruz. A assembléia será realizada, às 12h, e, segundo Gabriel, “é nela que definiremos se o movimento irá desocupar o prédio ou não”.

Até o fim da manhã desta terça, a situação na instituição era tranqüila e os universitários permaneciam acampados, mesmo depois do confronto entre estudantes e seguranças da instituição, para tomar a primeira rampa do prédio da reitoria, ocorrido por volta das 16 horas de ontem. Após o quebra-quebra, os seguranças deixaram o prédio. A coordenação de quem entra e sai do prédio está sendo feita pelos próprios estudantes.

Clima tranqüilo

“Hoje, o clima está tranqüilo, não tem seguranças fazendo cerco, nem impedindo os alunos de entrar”, explicou o coordenador.

Em coletiva realizada nesta manhã, o reitor disse que não deixará o cargo antes do término das investigações. Um protesto de estudantes acabou interferindo na entrevista, que foi encerrada mais cedo do que o previsto.
 

Já em nota oficial, a reitoria da UnB afirma que serviços, como lançamento para a elaboração da folha de pagamento dos funcionários e a solicitação de recursos para os estudantes, como certificados e diplomas, dentre outros serviços, têm sido prejudicados com a ocupação do prédio.

Água e Luz

O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) disse, nesta terça-feira (8), que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados vai pedir formalmente à reitoria da Universidade de Brasília (UnB) para religar a luz e restabelecer o fornecimento de água no prédio da reitoria da instituição.

O deputado visitou a reitoria nesta terça-feira, acompanhado de outros parlamentares, e falou aos estudantes. Ele disse que vai tentar, ainda nesta terça-feira, falar com o ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a situação na universidade.

“Não se dialoga com a faca no pescoço, na escuridão não se vê a luz, e na secura não se vê oxigênio para a vida saudável. Os estudantes têm uma causa inquestionável. A pão e água deveria passar quem abusa do dinheiro público. Para alguns, água-perrier com o dinheiro público, e para outros, torneira fechada? Assim não dá”, disse.

Mediadora

O deputado Chico Alencar também informou que a comissão deve votar na quarta-feira (9) um requerimento para atuar como mediadora nas negociações entre a UnB e os estudantes, na tentativa de pôr fim ao impasse.

Indagado por jornalistas se a ocupação dos estudantes teria interesses partidários, o deputado disse que não. Segundo ele, é “obrigação de qualquer parlamentar que tenha espírito público” tomar uma posição.

“Se há jovens simpáticos ao meu partido, tenho que aplaudir. O movimento não é partidário. Sempre que acontece esse tipo de situação há um carimbo partidário, como se partido fosse uma chaga. O partido da falta de ética, da roubalheira, do interesse escuso é muito forte e está entrando no campus universitário, por isso tem que ser desbaratado”, argumenta.

De acordo com o deputado Chico Alencar, há uma preocupação dos organizadores do movimento em preservar o patrimônio da universidade. Segundo ele, há uma placa colocada em uma das salas, pedindo que os estudantes não depredem as instalações da reitoria.

Cristovam defende que reitor se licencie

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez um pronunciamento na segunda-feira (7) no plenário do Senado pedindo que o reitor da Universidade de Brasília (Unb), Timothy Mulholland, se licencie do cargo como forma de solucionar o impasse da ocupação do prédio da reitoria da instituição. Os alunos exigem a renúncia, mas Cristovam pede o fim da ocupação com uma eventual licença.

“Peço que haja um entendimento do reitor, professor Timothy, de que vale a pena, para acalmar tudo, que ele se licencie e submeta sua administração a uma análise por uma comissão, que eu acho deve ser da própria comunidade. Se a comunidade quiser pedir ajuda, que peça a pessoas de fora. E que os alunos aceitem também, diante desse gesto do reitor, desalojar, desocupar a reitoria”, disse Cristovam.

Ex-reitor da UnB, Cristovam se disse preocupado com a possibilidade de uma desocupação forçada pela Polícia Federal. Ele pediu que a Justiça amplie o prazo para a reintegração de posse a fim de permitir avanços nas negociações entre os alunos e a universidade.

Cristovam pediu também o envolvimento dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Educação, Fernando Haddad, nas negociações. “Faço também um apelo ao Ministro da Justiça e ao Ministro da Educação para que eles se envolvam, sem intervir porque a autonomia da universidade tem de ser respeitada, mas que estejam alertas e saibam o que está acontecendo.”

OAB

A assessoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que o presidente do Conselho Federal da entidade, Cezar Britto, vai receber uma comissão de alunos na tarde desta terça-feira.

Segundo assessoria, o encontro foi pedido pelos próprios estudantes. A entidade vai avaliar se adotará alguma medida diante da ocupação do prédio da reitoria. O anuncio deve ser feito após a reunião.

O reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, afirmou nesta terça, em entrevista coletiva, que não deixará o cargo. Com isso, continua a ocupação do prédio da reitoria por alunos que pedem a saída dele. A ocupação está no sexto dia.