Reitor da UnB é denunciado por improbidade administrativa
O Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entraram nesta terça-feira (8) na Justiça Federal com uma ação de improbidade administrativa contra o reitor da Universidade de Brasíli
Publicado 09/04/2008 17:53
Os dois são acusados de usar recursos destinados ao financiamento de projetos e desenvolvimento institucional da UnB para decorar o apartamento funcional utilizado pelo reitor.
Segundo a ação, cerca de R$ 470 mil foram gastos para mobiliar e decorar o apartamento funcional. Além disso, R$ 72 mil foram usados para comprar um automóvel de uso exclusivo do reitor Mulholland.
Todos os gastos foram custeados pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), fundação de apoio ligada à Fundação Universidade de Brasília (FUB), com a utilização de recursos destinados ao desenvolvimento institucional.
Os procuradores da República Raquel Branquinho e Rômulo Moreira e o promotor de Justiça Ricardo Souza consideram na ação que ''os gastos foram exorbitantes e o dinheiro aplicado para fim diverso daquele previsto em lei''.
Na ação, eles pedem a condenação de Timothy Mulholland e de Érico Paulo Weldle ao ressarcimento integral do dano causado, à perda da função pública, à suspensão dos direitos políticos por até cinco anos, ao pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração recebida por eles e à proibição de contratar com o poder público por três anos, além do pagamento de indenização por danos morais.
Ocupação continua
Os estudantes que ocupam o prédio da UnB desde a última quinta-feira (3) recusaram a contraproposta apresentada pela instituição para desocupação do prédio.
Em assembléia geral, cerca de 1,6 mil alunos rejeitaram o documento que continha, entre outras propostas, a construção do restaurante universitário do campus de Planaltina até 2009, a realização de uma reunião do Conselho Universitário na próxima sexta-feira (11) para discussão dos contratos com as fundações e o aumento do número de vagas para estudantes carentes a partir de maio de 2008.
A saída do reitor, que é a principal reivindicação dos estudantes, não estava na proposta. o Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE) está sujeito a pagamento de multa no valor de R$ 5 mil a cada hora de persistência da ocupação. O valor da multa já ultrapassa R$ 730 mil.
Os alunos também decidiram suspender as negociações com a reitoria da UnB até que a energia elétrica e a água do prédio sejam religadas. O corte ocorreu na última segunda-feira (7), por ordem da Polícia Federal (PF).
Por volta das 16h15 desta quarta, a assessoria de imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) informou que a entidade entrou, na Justiça Federal, com uma medida cautelar que tem como objetivo restabelecer o fornecimento de energia elétrica e água no prédio da reitoria.
O pedido foi feito na noite dessa terça-feira (8), junto à 2ª Vara Federal. Nesta manhã, entretanto, o pedido foi encaminhado para a 17ª Vara. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, Jomar Moreno, irá até o local nesta tarde.
Posição dos professores
Os professores da UnB decidirão nesta quinta (10) se são favoráveis ou não à permanência do reitor Thimothy Mulholland à frente da instituição. Há dois meses os docentes fizeram uma votação semelhante e optaram pela continuidade do reitor no cargo.
A vice-presidente da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), Graciela Carvalho, acredita que a ocupação da reitoria pelos estudantes e o pedido de indiciamento do reitor pode influenciar a decisão dos professores. Cerca de 1,5 mil docentes devem participar da votação.
“Estamos em uma situação com muito mais denúncias do que há dois meses. A comunidade docente está perplexa”, afirmou.
Para Graciela, uma decisão favorável pela saída do reitor deve enfraquecer ainda mais a posição de Mulholland. “Ele [o reitor] está perdendo força”, disse.
Servidores apóiam reitor
Cerca de 100 servidores da Universidade de Brasília (UnB) realizaram nesta quarta (9) uma manifestação favorável ao reitor da instituição, Thimoty Mulholland. Com faixas e cartazes, eles se dirigiram ao prédio da reitoria, ocupada desde a última quinta-feira (3) por estudantes que reivindicam que a saída do reitor.
Na chegada à reitoria, houve tumulto e troca de empurrões entre servidores e alunos. Representantes dos dois lados intervieram e a confusão chegou ao fim.
Para o professor de engenharia da UnB Adson da Rocha, os alunos não têm direito de impedir que os servidores da reitoria trabalhem.
“O prédio é público, propriedade de todo o país, de toda sociedade. Nós achamos que não é aceitável um grupo impor a sua vontade e invadir prédios públicos. Isso é um desrespeito ao Estado de direito”, avaliou.
O aluno Alan Schvarsberg, que integrada comissão de comunicação do movimento estudantil, afirmou que a manifestação dos servidores foi motivada por pressão da reitoria.
“Os servidores que não estão satisfeitos com a ocupação têm o direito de se manifestar, agora a gente sabe que a reitoria está trabalhando de maneira muito intensa para essa manifestação”, disse.