CPI do Senado assusta mais a oposição que o governo
A preocupação em torno da criação da CPI dos cartões só do Senado não é mais exclusividade da base governista no Congresso. Num jantar realizado no meio da semana, que se estendeu pela madrugada, com a presença dos lideres governistas do parlamento e d
Publicado 11/04/2008 19:29
Muito mais que isso, correm informações que foi o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, quem forçou a criação da CPI só do Senado, contrariando a vontade de colegas tucanos e Democratas.
Oposicionistas contrários à CPI entendiam que era necessário enterrar a comissão dos cartões e acusar o governo de ser responsável por não querer investigar.
Para piorar a situação dos oposicionistas, parlamentares da base aliada do governo apresentaram 18 requerimentos à comissão referentes a investigações sobre gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com os cartões e as chamadas contas B. A intenção dos governistas é aprovar os requerimentos da base aliada para evitar o desgaste de que seriam os responsáveis por enterrar a comissão. A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) já ameaçou encerrar oficialmente os trabalhos da CPMI na semana que vem.
Entre os requerimentos apresentados pelos governistas está a convocação do ex-ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) na gestão tucana e o pedido para que sejam enviados à comissão os relatórios do TCU (Tribunal de Contas da União) e da CGU (Controladoria Geral da União) sobre as despesas realizadas com as contas B –utilizadas no governo FHC que deram origem aos cartões corporativos.
Crise do Congresso
O entendimento de muitos oposicionistas é que o governo conseguiu colocar o foco da crise no Senado. Ou seja, um problema que é do Planalto está se desenrolando negativamente para o Congresso.
O pepino enfrentado pela oposição, agora, é encontrar uma saída honrosa para a situação. Se estava difícil encontrar esse caminho só com uma CPI, com duas a crise se agravou ainda mais.
Essas avaliações sossegaram os ânimos do governo e refletiram positivamente no “clima” do Congresso durante a semana que passou. Mas, como Seguro morreu de velho, a base não deixou de se preparar também para um possível, mas improvável, endurecimento da oposição na CPI só do Senado.
Base fortalecida
Integrada por 11 senadores, a nova CPI terá a participação majoritária da base aliada. Figuras experientes e sintonizadas com o Planalto podem ser escaladas para integrar a CPI, como os líderes Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO). A outra vaga de titular do PMDB deve ficar com Gilvan Borges (AP). O PMDB também indicou alguns senadores que são considerados “mestres da agitação”, como Wellington Salgado (PMDB-MG) e Almeida Lima (PMDB-SE), para ocupar a suplência da Comissão, podendo participar das discussões sempre que for necessário. A outra suplência do PMDB deve ser ocupada pelo senador Leomar Quintanilha (TO). As indicações ainda serão confirmadas.
Como o Regimento do Senado impede que dois senadores integrem duas CPIs ao mesmo tempo e na mesma condição, Raupp anunciou que fará alterações na composição da CPI das Ongs. Quintanilha, suplente na CPI das Ongs, passará à condição de titular, e Raupp, que é titular, passará à condição de suplente.
Além do PMDB, somente o DEM indicou seus membros até agora. Juntos, DEM e PSDB terão apenas três vagas. Os demos ficarão com duas vagas de titulares, ocupadas por Efraim Morais (PB) e Demóstenes Torres (GO). O PSDB não escolheu seu representante, que poderá ser Marconi Perillo (GO) ou Álvaro Dias (PR). A senadora Marisa Serrano, que já preside a CPI mista, foi sondada para participar da CPI exclusiva, mas recusou publicamente o convite. “Disse ao senador Arhtur Virgílio que esta tarefa não assumirei. Não há a mínima possibilidade de minha participação neste trabalho. Estou concluindo a CPMI de maneira melancólica e muito desapontada. Esta nova batalha eu não vou travar”, desabafou a senadora tucana.
Os demais nomes da CPI devem ser indicados até a próxima terça-feira (15).
Raupp disse que seu partido deverá ficar com a Presidência e o indicado será o líder do governo, senador Romero Jucá.
Jucá já adiantou que a base vai fazer valer a sua maioria numérica e, para marcar posição, pretende indicar também o relator da Comissão. “Marcar posição significa não deixar haver exploração política, exercer o papel da maioria, indicar presidente e relator, porque os números são favoráveis à correlação da base do governo. Em todo lugar do mundo, oito é maior do que três. Nós teremos oito membros da base do governo e três da oposição. Portanto, a maioria deve indicar o presidente e o relator”, afirmou.
O senador classificou ainda como “mais uma manobra política da oposição” a disposição anunciada de levar à apreciação do Plenário do Senado os requerimentos importantes que não forem aprovados na CPI. Na avaliação dele, não cabe recurso ao Plenário e a “manobra” é desgastante apenas para o Congresso Nacional e não para o governo.
“O governo não tem nada a temer. Essa é mais uma tentativa de manobra política da oposição que não dará em nada. O governo não vai entrar nessa disputa eleitoral com a oposição. A oposição quer fazer manobra eleitoral na CPI e nós não vamos permitir”, disse.
Garibaldi: CPI fadada ao fracassso
Nesta sexta-feira (11), o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse, em São Paulo, que a radicalização vista na CPI mista do Cartão Corporativo deverá permanecer na comissão criada exclusivamente no Senado para investigar o mesmo assunto. Ele enfatizou que a correlação de forças entre governo e oposição é a mesma nas duas comissões e que a radicalização a torna fadada a não ter bom êxito.
Em entrevista antes de um almoço com pequenos e médios empresários na capital paulista, Garibaldi lembrou seu esforço para que o Congresso Nacional trabalhasse apenas com uma CPI, mas a radicalização entre governo e oposição levou os parlamentares a optarem pela instalação de duas comissões de inquérito sobre o mesmo assunto.
Garibaldi afirmou novamente que a instalação das duas comissões trará um desgaste ainda maior ao Congresso Nacional, cuja imagem já está bastante abalada perante a opinião pública. Disse aos repórteres que o Congresso, e particularmente o Senado, não merecem passar por essa situação.
Com informações do Blog do E.T (Etevaldo Dias) e agências