'Invadir ou Ocupar?” – por Fabricio L Menezes

O jornalista e estudante de Políticas Publicas da UFMG, Fabrício L Menezes questiona em artigo o uso do termo “invadir” pela mídia no movimento realizado pelos estudantes da Federal, que “ocuparam” a reitoria da instituição nos últimos dias.”De fato, há u

A manchete de capa do jornal Estado de Minas do último dia 08 de abril foi “Invasão na UFMG”. Trata-se de uma matéria que relata a “invasão” dos estudantes na reitoria da UFMG em protesto contra a “entrada” da polícia militar no campus da universidade.


 


Para muitos, o uso do termo invadir e ocupar é secundário, entretanto, alerto que as palavras invadir e ocupar promovem conotações completamente diferentes sobre o sentido da ação dos manifestantes. Invadir carrega significado como “tomar aquilo que não nos pertence”. Já ocupar nos indica sentido como “estar em lugar devoluto”.


 


De fato, há uma distorção no sentido das ações das manifestações de cunho reivindicatório noticiadas no país. Invasões como a que ocorre no Iraque pelo exército americano são intituladas como “ocupação”, enquanto os integrantes do MST são “invasores”.


 


Não se trata apenas das limitações na tentativa de evitar repetições de palavras no texto jornalístico, existe um problema maior que é o posicionamento ideológico que os veículos de comunicação assumem ao conturbarem o uso de palavras como estas.


 


Ao aceitarmos esta estereotipagem dos movimentos reivindicatórios estamos nos omitindo quanto a necessidade de nos indignarmos diante as truculências e os desrespeitos aos valores éticos e humanos que norteiam nossa sociedade.


 


 


Fabricio L Menezes


Jornalista e estudante de Políticas Publicas – UFMG