PCdoB reforça campanha contra juros altos
Em meio a disputa dentro do governo – entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o PCdoB decidiu pautar o assunto das taxas de juro, ameaçadas de subir na próxima reunião do Copom, nos dias 15 e 16
Publicado 11/04/2008 16:17
Em reunião esta semana com a bancada do Partido na Câmara, foi definida uma programação para dar visibilidade à campanha “juros altos não”. O slogan está estampado em camisetas, bottons, adesivos e nas falas dos parlamentares e dirigentes comunistas.
“O PCdoB lança a palavra-de-ordem “juros altos não” para se contrapor a forças conservadoras que articulam uma nova elevação da taxa de juros, o que repercutirá negativamente na trajetória de crescimento econômico”, explica a líder do PCdoB, deputada Jô Moraes (MG).
Em meio a discursos e distribuição de materiais com os dizeres “juros altos não”, a bancada do PCdoB também está articulando contato com outras lideranças partidárias para aderir à campanha e formar um grupo parlamentar para desenvolver atividades da campanha.
Perversidade
A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), em discurso no plenário da Câmara, esta semana, disse que “a direção do PCdoB e toda a sua militância estão acompanhando com muita preocupação um movimento, que vem tomando força, a favor da elevação dos juros oficiais em nosso País. Consideramos que essa seria uma atitude extremamente perversa, porque poderia estancar todo o movimento de desenvolvimento e de distribuição de renda que vem acontecendo no Brasil”.
A parlamentar destacou a posição contrária ao fato, anunciando o início de “um grande processo de mobilização nacional para combater essa tentativa” e apresentou o artigo em que Renato Rabelo, Presidente nacional do Partido, mostra os argumentos que fundamentam a posição do PCdoB
Medindo consequências
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, lembrou que a sinalização do aumento de juros está em jogo o rumo do desenvolvimento do país. “Por isso, nós lançamos campanha para dar conhecimento ao público de que o aumento dos juros é um freio ao desenvolvimento que está sendo conquistado com dificuldade”, disse, criticando o Congresso por não tomar iniciativa de aprofundar o debate sobre o assunto.
“A questão não é simplesmente aumentar os juros, é preciso medir as consequências dessa medida, que barra o crescimento”, enfatiza o líder comunista Ele destacou que o compromisso do Governo Lula era de aplicar 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que não chegou a 19% do PIB. “Na luta que travamos para impulsionar esse governo, a bancada vai tomar medidas para chamar atenção para esse assunto”, disse Rabelo.
Mantega X Meirelles
O assunto não mobiliza apenas o PCdoB e sua bancada. Existe embate entre Ministério da Fazenda e Banco Central em relação ao aumento ou não da taxa Selic na próxima reunião do Copom. A possibilidade de um aumento da taxa Selic, há seis meses no patamar de 11,25%, divide o ministro Guido Mantega e o presidente do BC, Henrique Meirelles.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, alega, em defesa do aumento dos juros, que a política econômica continua focada na meta de inflação e câmbio flutuante. Mantega não concorda com o aumento agora. Ele defende que uma alta da Selic, se necessária, deveria ser avaliada somente na reunião de junho. O ministro da Fazenda acredita que, até lá, será possível ter um maior volume de informações econômicas para constatar que o excesso de demanda que tirou a inflação do centro da meta de 4,5% não produzirá uma aceleração na inflação.
Segundo o ministro, a indústria está produzindo bens suficientes para atender a demanda e, portanto, o crescimento da economia está acontecendo sem pressão inflacionária. O Banco Central, no entanto, pode agir preventivamente, como declarou o diretor de política econômica, Mário Mesquita.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências