UnB: estudantes mantêm ocupação e pedem reitor independente
Com o anúncio da renúncia do reitor da Univesidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, os estudantes que ocupam o prédio da reitoria da instituição há dez dias decidem nesta segunda-feira (14), em assembléia, se deixam o local. Sobre a sucessão, eles e
Publicado 13/04/2008 21:43
“Não temos definição sobre isso (desocupação) — na assembléia geral de amanhã pode ser definido. Vamos discutir o que vai acontecer e, a partir da nossa pauta, (avaliar) os avanços que tivemos”, afirmou o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, Fábio Félix.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ter a “absoluta certeza” de que o reitor que será nomeado termporariamente terá como retomar as atividades da universidade. “Quem defende a universidade pública — como acredito que os estudantes defendem — precisa compreender o momento novo que se abriu com a renúncia do reitor e do vice-reitor.”
Lembrando que serviços como pagamento de servidores e renovação de contratos estão parados, Haddad afirmou que o compromisso é levar em frente a pauta de reivindicações dos estudantes com ou sem ocupação.
Neste domingo, após se reunir com representantes de alunos, professores e funcionários da universidade, o ministro anunciou que, até a próxima terça-feira, os integrantes da comunidade acadêmica devem apresentar um nome de consenso para assumir a reitoria pro tempore da UnB. O novo reitor poderá ficar no cargo por 90 dias, prorrogáveis por igual período. Durante esse tempo, deverá conduzir as eleições para a reitoria definitiva.
Tanto os estudantes quanto os professores querem um reitor pro tempore que não tenha ligação com Mulholland. “Um dos critérios é que este nome não tenha nenhuma relação com atual administração e não tenha esse modelo de gestão, nem da administração do Timothy, nem das duas últimas que o antecederam”, disse a presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb), Raquel Nunes da Cunha.
“A queda dessa gestão, que não vem de agora, é muito importante. É simbólica, porque é uma gestão autoritária que há muito tempo vinha tratorando os estudantes da universidade”, acrescentou o coordenador do DCE, Fábio Félix.
Na avaliação de Raquel Nunes da Cunha, será possível estabelecer um consenso entre estudantes, servidores e professores para a escolha do reitor pro tempore. Caso isso não aconteça até terça-feira, o Ministério da Educação irá designar um nome. “Não podemos deixar a instituição acéfala”, explicou Haddad. O ministro da Educação, assim como os demais participantes da reunião, afirmou que durante as discussões nenhum nome foi mencionado para assumir o cargo.
Timothy Mulholland já estava licenciado. Edgar Mamiya, que estava interinamente no cargo, pediu exoneração no sábado. Ao saber da notícia, Fábio Félix, do DCE, afirmou que os estudantes se preocupam com a perda da autonomia universitária, já que o cargo foi entregue ao ministro da Educação. “O importante é que não haja intervenção externa”.
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