Campeonato mineiro 2008 revelou boas novidades

Em artigo para o Vermelho Minas, o jornalista Orozimbo Souza

Junior faz uma análise da reta final do Campeonato Mineiro de 2008, que, embora mais

uma vez seja decidido entre os eternos rivais Atlético e Cruzeiro, trouxe boas

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Por Orozimbo Souza Junior

 

 

Assistindo a uma mesa redonda, transmitida em rede nacional

no domingo à noite, ouvi um comentarista dizer o seguinte sobre o Campeonato

Mineiro 2008: “Em Minas, nenhuma novidade. O título ficará para Atlético ou

Cruzeiro”. Se analisarmos historicamente, o comentário se justifica. Em 91

edições da competição, os dois clubes, juntos, ergueram a taça 71 vezes.

 

Mas este certame que está na reta final trouxe boas

surpresas. A mais significativa foi um equilíbrio poucas vezes visto. Na última

rodada da fase de classificação, havia três equipes já garantidas entre as

quatro semifinalistas. Outras quatro agremiações ainda lutavam com boas chances

pela vaga restante, garantida pelo Ituiutaba, que se juntou a Cruzeiro, Tupi e

Atlético. Esse nivelamento refletido nos pontos conquistados apenas refletiu o

que vimos dentro de campo. Ao contrário de outros anos, os chamados grandes,

Galo e Raposa, não tiveram vida fácil nos confrontos contra pequenos.

 

Nos duelos das semifinais, Ituiutaba e Tupi deram um calor

em Cruzeiro e Atlético, respectivamente, e se mostraram fortes candidatos a

subirem da Terceira para a Segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Resta

saber se as equipes serão mantidas e se terão condições financeiras de encarar

a Série C, que está para começar. E já que falamos no equilíbrio do campeonato

como um todo, seria injustiça deixar de mencionar as boas participações do Rio

Branco, do Villa Nova e do Guarani. Na parte de baixo da tabela, tivemos a

maior surpresa, ou decepção, como queiram. O Ipatinga, que debuta na Série A do

Brasileirão em 2008, foi rebaixado ao Módulo 2. Pior do que isso, dirigentes do

Tigre do Vale do Aço foram acusados de tentar subornar jogadores adversários,

do Villa Nova, para que estes entregassem o último jogo da fase de

classificação, evitando o rebaixamento do time ipatinguense. Os cartolas terão

de se explicar à Justiça.

 

Também vejo como boas novidades as revelações do estadual. As

equipes apresentaram algumas caras novas interessantes. O zagueiro Welton

Felipe, do Ituiutaba, e o meia Silas, do Tupi, merecem ser mais bem observados

pelos times grandes. Destaco também o atacante Jajá, que jogou pelo Guarani.

Ele, que pertence ao Cruzeiro e estava emprestado ao clube de Divinópolis, foi

integrado ao elenco de profissionais na Toca da Raposa II. Por fim, meu

destaque especial fica para o jovem Renan Oliveira, do Galo. Com apenas 18

anos, o garoto salvou o pescoço dos atleticanos no embate contra o Tupi. Fez

gol nos dois jogos e classificou seu time. O tento anotado em Juiz de Fora, de

letra, foi uma obra prima. Além disso, ele conseguiu algumas belas jogadas, e

marcou também pela Copa do Brasil. Não há dúvidas de que o garoto tem estrela e

talento. Mas é recomendável que sejamos prudentes nas análises, e que o Atlético

cuide bem desse diamante que tem nas mãos.

 

Decisão

Sempre fui, e continuo sendo, contrário à idéia corrente de

que em clássico não há favorito. Há favorito, sim. Porém, o favoritismo não

garante vitória a ninguém, já que nesse tipo de confronto alguns fatores

colaboram para que as forças se equivalham. Com isso, ocorre, com certa

freqüência, de a equipe que está mal conseguir a vitória. Contudo, no duelo

final, não vejo favoritos. Isso não, obviamente, pelo fato de se tratar de um

clássico. Mas, sim, porque o Cruzeiro, que começou o ano tão bem, vem caindo de

produção. Já o Galo fez o caminho inverso e, como se diz, cresceu no momento

certo. Vejo um grande equilíbrio de forças. Mas estou com uma intuição de que o

caneco fica com os atleticanos. Vejam bem, é um mero palpite, sem qualquer

embasamento. A conferir.    

 

 


* Orozimbo Souza Junior

é jornalista