Lobão discorda dos parlamentares e defende gestão centralizada

O ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, disse aos parlamentares do Norte, nesta quarta-feira (23), no seu gabinete em Brasília, que a centralização da gestão das companhias energéticas federalizadas do Norte e Nordeste numa única diretoria da Elet

Pela proposta, a diretoria da Eletrobrás ficará responsável pela gestão das seguintes distribuidoras: Eletromazon (resultado da fusão da Manaus Energia e Ceam), Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e Companhia Energética de Alagoas (Ceal).



Embora tenha dito que é a favor da privatização dessas empresas, o ministro afirmou também que o presidente Lula descarta essa possibilidade, portanto, uma alternativa fora dos planos do ministério. Quanto a centralização da gestão, Lobão desafiou os parlamentares: “Se vocês tiverem um melhor caminho que apresentem”.



A posição do ministro causou polêmica na reunião. A deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que solicitou o encontro, disse ao ministro que é inaceitável a proposta de gestão centralizada. Pediu a ele que, antes de tomar uma decisão, mantenha um diálogo permanente com as bancadas do Norte. “São diversos pontos de distribuição de energia na Amazônia, o que exige tomadas de decisões rápidas e específicas. Isso já inviabiliza a centralização”, disse.



O ministro explicou que a diretoria da Eletrobrás a ser criada no Rio de Janeiro será responsável “apenas pela tomada de grandes decisões”, ficando a cargo das gerências regionais a resolução de questões mais imediatas. “Não dá pra ficar é como está”, disse Lobão. Ele citou o exemplo das Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) que no governo Lula solicitou R$ 186 milhões para investimentos, mas só realizou R$ 63 milhões. “Isso é ou não é um problema de gestão?”



O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) discordou. “Não dá para comparar as empresas do sistema isolado com as do sistema interligado. As realidades são diferentes. Se o ministro fizesse essas considerações após a conclusão das obras estruturantes (gasoduto Coari-Manaus, o Linhão Jauru-Vilhena e o Linhão Tucuruí-Manaus), que vão interligar o sistema isolado, teria razão”, argumentou o deputado rondonienses.


 


Coesão da bancada



A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) disse ao ministro que as bancadas do Norte estão coesas contra a proposta de centralização. “O que nós precisamos é corrigir os erros e não importar administração de fora dos estados”, afirmou a parlamentar.



Lobão explicou que a decisão final será do presidente Lula, mas vai examinar todas as sugestões para encaminhar ao presidente. “Nós já reunimos com os parlamentares, com os governadores e vamos reunir com os trabalhadores do setor para tomar uma decisão”, disse o ministro.



Pariticiparam da audiência os senadores Jefferson Péres (PDT-AM), Fátima Cleide (PT-RO) e os deputados Átila Lins (PMDB-AM), Carlos Souza (PP-AM), Eduardo Valverde (PT-RO), Marcelo Serafim (PSB-AM), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Sabino Castelo Branco (PTB-AM), Silas Câmara (PSC-AM), Rebecca Garcia (PP-AM) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).



De Brasília
Iram Alfaia