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PT nacional veta aliança com tucanos em BH; Pimentel insiste

A Comissão Executiva Nacional do PT decidiu nesta quinta-feira (24) que “não autorizará, em nenhuma hipótese, o PT a participar de qualquer coligação da qual faça parte o PSDB” em Belo Horizonte. O prefeito de Belo Horizonte e principal defensor petista d

“A Comissão Executiva Nacional decide: comunicar ao Diretório Municipal de Belo Horizonte e ao Encontro Municipal para definição de tática eleitoral, que não autorizará, em nenhuma hipótese, o PT a participar de qualquer coligação da qual faça parte o PSDB naquela capital”, conclui a nota aprovada.



Dirigente de Minas quer “aliança informal”



A reunião, na sede do PT em Brasília, teve como único ponto de pauta a questão de Belo Horizonte. Foi aprovada com 13 votos favoráveis e dois contrários (de Romênio Pereira e Jorge Coelho). Os presidentes do Diretório Estadual do PT-Minas Gerais, Reginaldo Lopes, e do Municipal de Belo Horizonte, Aluisio Marques, participaram como convidados. 



Em nome de Minas, Reginaldo Lopes defendeu na reunião o adiamento da definição e seixou-a defendendo uma saída conciliatória – uma aliança informal entre PT, PSB e PSDB na capital mineira. “Não vejo problema em o PSDB apoiar uma aliança entre o PT e o PSB informalmente”, comentou. A coligação entre os três partidos foi aprovada em março, com grande maioria, por um encontro do PT-Belo Horizonte.



A decisão da Executiva foi apresentada à imprensa pelo deputado José Eduardo Cardozo (SP), secretário-geral do partido, que argumentou com a necessidade de preservar o projeto nacional petista. “Essa eleição em Belo Horizonte tem efeito para a disputa de 2010. Avaliamos que uma coligação formal provocaria uma repercussão, por isso orientamos para não ter a aliança com o PSDB”, disse Cardozo.



A divergência sobre Belo Horizonte é a mais grave que afeta o PT nas eleições municipais. Tem desdobramentos na sucessão presidencial de 2010 porque fortalece o governador mineiro e presidenciável tucano Aécio Neves.



Aécio e Pimentel articulam a aliança desde meados do ano passado. Os dois concordaram que o candidato a prefeito não deveria ser nem tucano e nem petista e chegaram ao nome do empresário Márcio Lacerda, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio e filiado ao PSB. A proposta obteve a bênção do deputado Ciro Gomes (CE), expoente nacional do PSB, mas além de dividir o PT gerou reações negativas no PMDB mineiro, do ministro Hélio Costa (Comunicações), e no PRB do vice-presidente José Alencar.

O governador mineiro recebeu a notícia com “surpresa” mas também com “tranqüilidade”, disse o deputado federal Júlio Delgado (PSB), após se reunir com Aécio no Palácio da Liberdade. Delgado considerou a decisão uma “retaliação” e uma “deselegância” do PT nacional em relação ao PSB, adiantando que este permanecerá ao lado de Aécio e o PT ficará “isolado” em Belo Horizonte. “A nossa opção é clara, vamos ficar no projeto do governador Aécio”, afirmou. O PSB local tem uma antiga afinidade com Aécio Neves, que já em 2004 apoiou um nome desta sigla para a prefeitura da capital, o hoje deputado estadual João Leite, derrotado por Pimentel.

A íntegra dos documentos



Veja a íntegra da Resolução – Política de alianças BH, aprovada pela Executiva Nacional petista:




“1) O 3º Congresso Nacional do PT, realizado em 2007, e posterior resolução do Diretório Nacional sobre Tática Eleitoral, consideram o PSB, o PCdoB e o PDT como aliados prioritários nas eleições de 2008. Portanto, a posição do Encontro Municipal de Belo Horizonte, ao definir apoio a um candidato a prefeito do PSB está adequada à diretriz nacional definida pelas instâncias partidárias.



2) A Resolução do DN sobre tática eleitoral estabeleceu, ainda, que as alianças com o PSDB e com o DEM (ex PFL), em cidades com mais de 200.000 habitantes, Capitais dos Estados e cidades que transmitem horário eleitoral de TV só poderiam se dar como exceção e mediante autorização da CEN.



3) O significado do simbolismo de uma aliança PT/PSDB em Belo Horizonte extrapola a dimensão política de um simples acordo municipal. Revela uma aliança explicitada e documento aprovado pelo Encontro Municipal com o Governador do Estado de Minas e potencial candidato a Presidente da República, Aécio Neves. Por isto, contraria a posição definida pelo Diretório Nacional para a política de alianças e desrespeita a avaliação política do próprio Diretório Regional de Minas firmada na sua Resolução nº 002/08, segundo a qual:




“O Governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil. Reafirmamos nossa oposição programática ao governo estadual, conforme Resolução do 3º Congresso Estadual, em razão de ações como: mínimos investimentos na área social, ausência de participação popular, falta de transparência no gasto público e sua concepção de estado mínimo.”  



4) O DN e o Diretório Estadual de Minas Gerais consideram o governo Aécio Neves uma administração comprometida com políticas frontalmente distintas daquelas que compõem nosso ideário e o nosso programa de governo.



5) A Comissão Executiva Nacional decide:
Comunicar ao Diretório Municipal de Belo Horizonte e ao Encontro Municipal para definição de tática eleitoral, que não autorizará, em nenhuma hipótese, o PT a participar de qualquer coligação da qual faça parte o PSDB naquela capital.”



 Veja também a íntegra da nota do prefeito Fernando Pimentel:




“A respeito da resolução da Executiva Nacional do PT sobre a eleição em Belo Horizonte, o prefeito Fernando Pimentel considera a decisão politicamente equivocada, e estatutariamente não embasada. Atribui a resolução ao profundo desconhecimento da direção nacional do partido em relação à realidade da cidade de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais. Como militante do partido, o prefeito Fernando Pimentel usará todos os recursos disponíveis para modificá-la, fazendo prevalecer a decisão soberana dos delegados eleitos pelo voto direto da base do partido em Belo Horizonte.”



Da redação, com agências