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Com três toneladas, megaestátua de Che passeia em caravana

Para comemorar o 80º aniversário do nascimento de Ernesto Guevara da Serna, o Che, uma gigantesca estátua de bronze do guerrilheiro argentino percorreu nesta terça-feira (27) as ruas da capital Buenos Aires. Foi a despedida simbólica da cidade antes de

A caravana que acompanhou a estátua passou pelas principais vias do centro da capital, principalmente a Avenida Corrientes, conhecida por suas livrarias e teatros, chamada pelos portenhos de ''a rua que nunca dorme''. O grupo fez várias paradas nas esquinas de maior movimento para somar seguidores, além de realizar um ato na praça do Obelisco, tradicional centro de Buenos Aires.


 


Centenas de pessoas saudaram o Che feito de bronze, que estava sobre um caminhão. Durante sua lenta passagem, passantes e curiosos aplaudiam, gritavam, cantavam e fotografavam.


 


A estátua – obra do escultor Andrés Zerneri – mede quatro metros de altura, pesa três toneladas e apresenta Che de corpo inteiro, caminhando com a mesma expressão de uma imagem do fotógrafo cubano Alberto Korda. O trabalho foi possibilitado pelas contribuições de 75 mil chaves e pequenos objetos de bronze doados por cerca de 15 mil pessoas. Zerneri fundiu todo esse material, que se transformou na homenagem.


 


Os organizadores do projeto promoveram uma pesquisa na internet para escolher onde o monumento deveria ficar. Rosário ganhou com sobras, e a obra de Andrés Zerneri chegará à cidade no domingo, para ser recebida com uma festa popular.


 


O ''passeio'' de Che por Buenos Aires acabou por se tornar um ensaio para as comemorações preparadas em Rosário para o dia 13, com concertos, conferências e apresentação de documentários e filmes sobre a vida do revolucionário. Em 14 de junho – data do 80º aniversário do nascimento de Guevara -, sua estátua será definitivamente instalada em Rosário.


 


Durante a caravana, Zerneri disse se sentir ''emocionado'' e ''esperançoso'' pelo apoio que sua obra teve. O artista aproveitou o percurso da escultura para posar para fotos em frente à estátua de Che mostrando uma chave na mão.


 


Viena


 


Cruzando o Atlântico, o filho mais velho de Che,  Camillo Guevara, viajou a Viena para apresentar uma mostra fotográfica dedicada ao seu pai, também por ocasião de seus 80 anos. A mostra Che Guevara – Imagem de Culto de uma Geração apresenta diversas fotos do combatente argentino, incluindo o famoso retrato de Che de autoria de Alberto Korda, feito em Havana em 1960.


 


Camillo, de 45 anos, dirigiu-se a uma platéia de cerca de 50 pessoas para falar sobre o pai, de quem tem lembranças muito vagas, mas também cartas e histórias ouvidas de outras pessoas. Para o filho de Che, a revolução em Cuba, diferentemente de outros lugares, foi um processo natural do povo e acontece todos os dias.


 


''Sem esse projeto não podemos existir, não temos identidade'', disse Camillo, que dirige em Havana o Instituto Che Guevara. ''É uma utopia pensar que as coisas possam ir adiante desse modo'', declarou, criticando a ''exploração econômica, política e ecológica'' do planeta.


 


O filho de Che vê sinais de mudança positivas nos governos do venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales, assim como na Nicarágua e no Equador. Ele ainda recordou que na época de seu pai, ''a luta armada era um instrumento, não um fim'', e que hoje a direita na América Latina chegou ao poder pelas urnas.


 


''Naquela época era impossível. As pessoas morriam e desapareciam – o que ainda é uma realidade na Colômbia, onde somos obrigados a pegar em armas'', disse ele, em referência indireta às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Sobre a relação de seu país com os Estados Unidos, Camillo destaca que é ''contra um sistema, não um povo'' e que Cuba ''sempre teve ligações com todos os povos''.


 


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