Chico Lopes: “Reparação do Governo Federal à UNE é momento histórico”

Ressaltando a emoção da solenidade em que o presidente Lula foi aclamado pelos estudantes, Chico Lopes lembrou a importância da UNE em diversos campos de atuação. “Além do engajamento político e da mobilização estudantil, que sempre foi muito forte em várias gerações, a UNE teve um papel fundamental na cultura brasileira, no cinema, na música popular, no teatro”, destacou Lopes, citando também o protagonismo da entidade em momentos decisivos da história nacional.

 
“A UNE apoiou a campanha do 'Petróleo é Nosso', e hoje vemos a importância disso para o País, com uma empresa do porte da Petrobras. Também pressionou o Governo Vargas para decidir pelo lado dos aliados, contra o fascismo na Segunda Guerra e apoiou as reformas de base no governo Jango, ajudando a resistir à ditadura que veio depois. E teve uma importância grande no impeachment de um presidente, em um movimento que ajudou a mostrar que a democracia no Brasil era pra valer, mais forte do que nunca”, acrescenta Lopes.

 
Ditadura agiu movida pelo ódio

 
Para Chico Lopes, a indenização à UNE pela destruição de sua sede, no Rio de Janeiro, é um ato de coragem e justiça do Estado brasileiro. “É impressionante ver hoje todo o ódio que moveu o Regime Militar nesse episódio da sede da UNE. Não bastou queimar o prédio da sede; não ficaram satisfeitos enquanto não derrubaram o prédio”, disse, aludindo ao incêndio do edifício em 1964 e à posterior demolição do imóvel, em 1980.

 
“Não se trata de procurar culpados, nem de fazer caça às bruxas. Mas de reparar uma injustiça histórica. É uma ação consciente do Governo Lula, que acaba tendo um peso simbólico muito grande”, enfatiza Lopes, que juntamente com o senador Inácio Arruda (PCdoB) representou o Ceará na solenidade.

 
 
Forte atuação no Ceará

 
Militante político nos anos 60 em Fortaleza, Chico Lopes lembra a forte atuação da UNE no Ceará, durante os anos de chumbo. “A UNE teve um papel muito importante nesse período, do qual eu tive a oportunidade de participar, como vice-presidente do Centro Estudantil Secundarista do Ceará e também no Conselho de Estudantes do Senac”, recorda Lopes. “Só não participei do Congresso de Ibiúna (realizado clandestinamente pela UNE em 1968) porque tinha pouco tempo de partido. Mas participei de várias assembléias. A UNE era uma parte importantíssima de todo o movimento de resistência à ditadura”.

 
Fonte: www.chicolopes.com.br