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Chico Buarque: “Dorival Caymmi era um artista fundamental”

O cantor e compositor Dorival Caymmi morreu neste sábado (16), aos 94 anos, em Copacabana, zona sul do Rio. Ele nasceu em Salvador, em 30 de abril de 1914, filho do funcionário público Durval Henrique Caymmi e de Aurelina Cândida Caymmi, conhecida por Don

“Dorival Caymmi era um artista fundamental e um amigo muito querido”, disse Chico Buarque, em comunicado enviado à imprensa. Outras personalidades também lamentaram a perda do compositor. A jornalista Glória Maria, que entrevistou o músico baiano várias vezes ao longo de sua carreira, disse que “Caymmi foi um dos últimos cavalheiros”.


 


Caymmi morreu por volta das 6h. As causas foram insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos. O músico sofria de câncer. Ele era casado com a cantora Stella Maris, com quem teve três filhos: Nana Caymmi, Dori Caymmi e Danilo Caymmi, todos músicos como os pais. A mulher de Caymmi está internada em coma, no Rio.


 


O corpo do compositor é velado na Câmara dos Vereadores, no centro do Rio. O enterro será na tarde deste domingo (17), no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da capital fluminense.


 


Vida


 


A família Caymmi sempre foi ligada à música, já que seu pai tocava violão, bandolim e piano, e sua mãe gostava de cantar. Além de Caymmi, o casal teve outros três filhos: Deraldo, Diná e Dinair. Aos seis anos, o menino Caymmi começou a freqüentar a Escola de Belas Artes, no Colégio de Dona Adalgisa.


 


Estudou depois no Colégio Batista e, em 1926, concluiu o curso primário no Colégio Olímpio Cruz, todos na capital baiana. No ano seguinte entrou para o então ginásio, mas abandonou a escola para trabalhar no jornal O Imparcial. Quando o jornal fechou, em 1929, ele teve que trabalhar como vendedor.


 


Primeira composição


 


Em 1933, Caymmi começou a compor marchinhas e toadas, como “No sertão”, sua primeira composição. Em 1934, ele começou a ter aulas de violão com seu pai e com seu tio Cici. Em 1935, passou num concurso para escrivão da coletora estadual, cargo para o qual nunca foi nomeado. Foi nesse mesmo ano que ele começou a cantar, quando foi junto de seu primo Zezinho à Rádio Clube da Bahia. Também em 1935, ele prestou o serviço militar.


 


Em 1937, Caymmi resolveu ir tentar a vida no Rio de Janeiro, viajando num Ita, um pequeno navio de passageiros. Ele queria estudar jornalismo e trabalhar com desenho na então capital do país. Ele chegou a publicar seus desenhos na revista “O Cruzeiro”.


 


Stella Maris


 


Um amigo o apresentou ao diretor da Rádio Tupi, Teófilo de Barros Filho, que gostou muito da voz grave do jovem Caymmi e resolveu contratá-lo. Em 1939, conheceu num programa de calouros na Rádio Nacional a sua futura mulher, a cantora Stella Maris (cujo nome real é Adelaide Tostes), quando ela cantava Último desejo, música de Noel Rosa.


 


Eles se casaram em 1940 e tiveram três filhos: Dinair (Nana), nascida em 1941, Dorival (Dori), nascido em 1943, e Danilo Cândido, nascido em 1948. Todos eles se tornaram grandes nomes da música popular brasileira. Em 1943, Caymmi perdeu sua mãe. Nesse mesmo ano, passou a freqüentar o curso de desenho na Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro.


 


Em 1953, foi inaugurada em sua homenagem a praça Dorival Caymmi, em Itapuã, bairro soteropolitano. Dois anos mais tarde, mudou-se com a família para São Paulo, lá vivendo por cerca de um ano e depois retornou ao Rio. Caymmi tem seis netos, Stella Teresa, Denise Maria e João Gilberto (filhos de Nana), João Vítor (filho de Dori) e Juliana e Gabriel (filhos de Danilo).


 


Caymmi era amigo de outro baiano famoso: o escritor Jorge Amado, morto em 2001. Como eram parecidos fisicamente, os dois costumavam ser confundidos um com o outro por fãs. Os dois compuseram juntos a música É Doce Morrer no Mar.


 


Homenagens


 


Em 1968, ganhou do governo da Bahia uma casa na Praia de Ondina, em reconhecimento a sua importância para a cultura brasileira. Em 1972, foi agraciado no Palácio do Itamaraty (Brasília) com a comenda da Ordem do Rio Branco, em Grau de Oficial. Foi também agraciado com a comenda da Ordem do Mérito da Bahia.


 


Em 1984, recebeu, em comemoração de seus 70 anos, inúmeras homenagens, tais como: a edição de um CD duplo e de um álbum de desenhos patrocinado pela Funarte (Rio de Janeiro); a outorga da comenda da Ordem das Artes e das Letras da França; a outorga da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho (Brasília) e a outorga do título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia (Salvador). Em 1985, inaugurou a avenida Dorival Caymmi na capital baiana. Em 2001, com quase 90 anos, Caymmi voltou a compor para a televisão.


 


Veja entrevista com Caymmi e a canção O que é que a bahiana tem