Incêndio ameaça a diversidade natural da Chapada Diamantina

O primeiro foco de incêndio foi registrado no dia 03 de outubro. Somente na última terça-feira (11), a tão esperada chuva enfim caiu sobre a região, mas o volume de água não foi suficiente para eliminar os focos de incêndio que, estima-se, sejam de mais de 24 pontos – em especial, nos municípios de Lençóis, Mucugê e Palmeiras. De acordo com o serviço de meteorologia do Centro Estadual do Instituto de Gestão das Águas e Climas (Ingá), o período chuvoso deverá ter início a partir da semana que vem, mas com intensificação somente no final do mês.

Diante da gravidade da situação, o Ministério da Integração Nacional enviou ao local uma brigada com 30 bombeiros especializada em incêndios florestais, um avião de reconhecimento, duas vans para transporte de tropas, um caminhão de equipamentos, abafadores e bombas-costais. “Apesar do esforço feito pelo governo no combate ao fogo, é importante ampliar as frentes de combate com o envio, também, de tropas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para controlar as queimadas e evitar a total destruição do bioma do parque”, defendeu o deputado estadual Edson Pimenta (PCdoB), que passou o fim de semana visitando diversos municípios da região.

A própria burocracia dificulta o combata ao incêndio. Os brigadistas – voluntários e contratados – sequer contam com veículos oficiais do Parque para a locomoção e reclamam da escassez de recursos direcionados para a prevenção das queimadas. “O Orçamento 2009 já se encontra na Assembléia Legislativa, e é imprescindível que se façam estudos de viabilidade para suplementação das contas que tratam da implantação de viveiros, para preservação das mais de 370 espécies de aves, além, é claro, da dotação de infra-estrutura para o combate a incêndios em pontos estratégicos da Chapada”, destacou Pimenta.

Atualmente, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) e mais quatro aviões pequenos lançam 18 mil litros de agente bloqueador para conter as chamas. A Defesa Civil se comprometeu em enviar equipamentos de proteção individual aos brigadistas, além do auxílio-alimentação provido pelo governo do estado. Os secretários do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social, Juliano Matos e Valmir Assunção, também desembarcaram ontem na região.

Medidas preventivas

Recém-eleita prefeita de Ibicoara, mais um dos municípios atingidos pelas chamas, Sandra Vidal (PCdoB) adiantou que já está estudando mecanismos para firmar convênios com o governo do estado, através da Secretaria de Meio Ambiente “para garantir a transferência de recursos e infra-estrutura com agilidade e, com isso, prevenir e combater as queimadas, evitando que os demais municípios da Chapada revivam esse mesmo drama ano que vem”, afirmou Sandra, que ainda denunciou a destruição de uma das torres de comunicação usadas pelos brigadistas, localizada em Ibicoara (a outra fica em Mucugê), prejudicando ainda mais o combate ao fogo.

De fato, os incêndios são recorrentes na região; especialmente nesta época do ano, dada a elevação da temperatura, o clima seco e a baixa umidade. Entre 1998 e 2003, houve grandes queimadas, mas as causas nem sempre são naturais. A ação criminosa de agricultores, garimpeiros e incendiários ameaça a diversidade da flora e da fauna local. As penas, por sua vez, são brandas, com punição de, no máximo, dois anos de prisão, com possibilidades de recorrer à Lei dos Juizados Especiais, a qual permite penas alternativas, como o re-plantio de árvores. Prisões em flagrante são raras.

Enquanto isso, a região segue tomada pelo fogo, sem quaisquer garantia de uma rápida resolução. De acordo com especialistas, serão necessários dez anos para que o vigor da mata seja recuperado e, ainda assim, com riscos reais de danos irreparáveis.

De Salvador,

Camila Jasmin, com Agências