''O Parlamento é a trincheira política do PCdoB'', diz Ronald Freitas
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) obteve um crescimento significativo nos últimos oito anos. Principalmente, pelo destacado papel de seus parlamentares e gestores públicos na esfera institucional-parlamentar. Tanto que o assunto foi tema de um encontr
Publicado 31/01/2009 21:26 | Editado 04/03/2020 16:58
Vermelho – Você diz que o resultado das eleições 2008 foi bastante positivo para as forças prograssistas no Brasil e, sobretudo, para o PCdoB. Como a gente lê isso?
Freitas – Podemos fazer uma leitura sob dois aspectos, um quantitativo e outro qualitativo. O primeiro é porque conseguimos aumentar consideravelmente o nosso número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nas eleições municipais 2008, em relação às do ano de 2004. Só para você ter uma idéia, naquele ano, nós fizemos dez prefeitos. Ano passado, subimos este número para 41. Já em termos qualitativos, o PCdob conseguiu uma maior inserção na sociedade brasileira. Disputamos as prefeituras, com chapa própria, das principais capitais do país, como Belo Horizonte (Jô Moraes) e Porto Alegre (Manuela D'Avila). Isso colocou o nosso partido em um patamar político muito mais elevado que antes.
Vermelho – O Brasil passa por um bom momento de desenvolvimento graças ao atual governo e aos apoios políticos. Inclusive, o senhor diz que isso deixa a oposição sem bandeiras. Como é isso?
Freitas – Quando eu digo que as oposições estão sem bandeiras, eu quero dizer que eles não têm nenhum programa, em qualquer que seja o terreno, que os aproxime do povo. Mesmo no terreno econômico, eles ficam apoiando aquilo que o PCdoB critica dentro do governo, que é a política (de juros) do Banco Central. Se é na democracia, eles querem restringir, impor clausula de barreira e dificuldades ao movimento sindical, por exemplo. Então, eles não têm apelo para chegar até o povo.
Vermelho – Mesmo assim, eles se articulam para as eleições 2010. Como o PCdoB e os partidos da base aliada vêem essa articulação da oposição?
Freitas – Essa falta de bandeiras não quer dizer que eles não façam um trabalho político no sentido de isolar essa situação. Digamos que eles procuram motivos para que o governo se desgaste. Primeiro, eles tentaram através do falso moralismo, com a questão da chamada ética política. Todos os governos têm os seus problemas e o que o Governo Lula tem feito é combater com rigor esse tipo de problema. Como isso não atingiu o prestígio, seja do governo, seja do Lula, eles tetam a partir da crise econômica. Para ver se a crise chega ao país. É uma oposição totalmente desligada dos interesses nacionais.
Vermelho – Como o senhor mesmo disse, o PCdoB tem conseguido importantes espaços na esfera institucional-parlamentar. Qual é o comportamento do Partido nestes espaços?
Freitas – O parlamento é uma grande tribuna para o PCdoB divulgar as idéias do Partido e um importante espaço para a articulação política. É ali que nós convivemos com todas as forças políticas e de todos os seguimentos, negociando soluções para os problemas do povo. Além do mais, as bancadas do PCdoB são uma espécie de porta-vozes daquela parcela mais sentida da população. Quando os sindicalistas querem defender algum projeto, procuram os nossos candidatos. Quando o movimento social quer discutir alguma proposta que beneficie o povo, seja na moradia, seja na saúde, seja na educação, os nossos deputados estão na primeira linha de defesa. Então, o parlamento, para nós do PCdoB, é uma importante trincheira política.
Vermelho – Esse trabalho e consequente crescimento das bancadas do PCdoB na esfera institucional, seriam, então, um caminho para se chegar ao Poder Executivo?
Freitas – Isso é um processo acumulativo, uma acumulação de forças. Mas, nós ja decidimos, na direção do Partido, que, para as eleições de 2010, o foco será aumentar significativamente a nossa bancada na Câmara Federal. Claro que trabalharemos para eleger um grande número de deputados estaduais, senadores e governadores, mas é preciso focar na Câmara Federal. Porque é ali que os partidos conseguem seus espaços na disputa eleitoral. O tempo na televisão, por exemplo, deriva do número de deputados na bancada federal. A participação no Fundo Partidário nas ajudas eleitorais, também depende da bancada federal. Por isso, eleger uma grande quantidade de deputados federais em 2010 é importante. Porque é o preparativo para a participação nas eleições municipais de 2012, onde nós pretendemos voltar disputando cargos majoritários em cidades importantes e principalmente nas capitais.
Do Recife,
Daniel Vilarouca