Centenário de Patativa do Assaré é lembrado em 2009
O centenário do poeta Patativa do Assaré será homenageado pelo Senado em 2009 com uma programação que resgata a vida e obra do cordelista e compositor cearense.
Publicado 10/02/2009 11:31 | Editado 04/03/2020 16:35
Além de uma sessão solene programada para o próximo mês de março e requerida pelo Senador Inácio Arruda, o parlamentar também tem um projeto tramitando na Casa que institui 2009 como Ano Nacional Patativa do Assaré, uma maneira de prestar reconhecimento a esse artista de destaque, a exemplo do que aconteceu com Santos Dumont, em 2006, Oscar Niemeyer em 2007 e Machado de Assis, em 2008.
Em parceria com a Casa do Ceará, o Senado deve abrigar também uma exposição com objetos pessoais de Patativa do Assaré e várias apresentações musicais: “Uma significativa geração de poetas populares cresceu inspirada pela produção de Patativa do Assaré. Ao dedicar um ano a ele, o Brasil estará celebrando a mais autêntica forma de manifestação da arte popular brasileira. Com os eventos decorrentes dessa homenagem, será possível estender o conhecimento de sua obra por todas as regiões do País, particularmente pelas gerações mais novas”, afirma o Senador Inácio Arruda.
No Ceará, a programação dedicada à Patativa é extensa: são exposições, palestras e a reforma da casa habitada por Patativa, que será transformada em museu que vai destacar a vida do Patativa-agricultor.
Antônio Gonçalves da Silva nasceu em 5 de março de 1909, na propriedade rural Serra de Santana, situada no município de Assaré, região sul do Ceará, lugar de onde nunca se afastou por muito tempo, apesar de sua projeção nacional e mundial, e onde faleceu no dia 8 julho de 2002. Segundo filho de uma família que sobrevivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença. Aos 16 anos sua mãe vende uma ovelha e lhe dá sua primeira viola. A partir dessa época, começa a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por volta dos 20 anos recebe o apelido de Patativa, comparando sua poesia ao canto da ave típica da região.
Reconhecido como um dos maiores repentistas e poetas nordestinos, Patativa não enveredou pela vida itinerante de cantor. Nunca deixou de ser um trabalhador rural e voltava sempre para sua terra. Seu método de composição consistia em elaborar os versos enquanto trabalhava na roça e os guardar de cor, não importando a sua extensão, para depois os transcrever.
Considerado o poeta que melhor soube transmitir em versos e prosa os contrastes do sertão nordestino, Patativa foi e ainda é objeto de estudo para muitos pesquisadores, em teses e dissertações, inclusive na Sorbonne, na França, onde sua obra é estudada na disciplina Literatura Popular Universal.
Os diplomas de doutor “Honoris Causa”, oferecido por quatro universidades apenas comprovam a genialidade de Patativa, cujos versos falavam sobre a injustiça social no país que ele denominava de “dois Brasis”, o pobre e o rico, e da carência de políticas públicas eficientes para resolver o problema do latifúndio, da desigualdade, da seca e das suas sequelas.
Fonte: Assessoria de imprensa do Senador Inácio Arruda