George Câmara : mais impostos ou outros caminhos?

Como diz a sabedoria popular, o uso do cachimbo faz a boca torta. Os vinte e um anos de regime militar no Brasil acabaram produzindo, indistintamente, a “cultura do autoritarismo” em nossos gestores. Em matéria tributária, em geral quando Prefeitos, Gover

Mas será que não existem outros caminhos? Numa sociedade tão marcada pelas desigualdades sociais, somente ao povo, diretamente, cabe pagar essa conta?


 
O mais curioso é que nenhum dos gestores eleitos em outubro de 2008 e já devidamente diplomados e empossados se arriscou a sinalizar, no bem recente e já tão esquecido palanque eleitoral, com qualquer aumento de tributos. Pelo contrário. Todos criticaram, até mesmo sob o manto da superficialidade, a notória “filha órfã” carga tributária brasileira.



Em todo o Brasil, os prefeitos e demais gestores estão nesse momento num verdadeiro dilema: como fazer face às despesas, sempre crescentes, com importantes programas sociais e obras estruturantes, diante da crise instalada em todo o mundo? O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC – do governo federal sofrerá reduções?



Os governos estaduais e municipais farão “ajustes” ou “readequações” para baixo nas respectivas contrapartidas em parcerias com a União, nos mais variados setores? Caso não tenhamos nenhum corte naquilo que já está em andamento ou mesmo no que está programado para curto e médio prazo, será que a fatura não retornará em forma de aumento nos impostos?



Na recente marcha dos prefeitos à capital federal, na segunda semana de fevereiro, algumas frustrações. Quem esperava a solução dos problemas de caixa dos municípios se deparou, a título de resposta, com argumentação muito semelhante: “os Estados e a União também enfrentam o mesmo dilema”.



A prefeita Micarla de Sousa, que tomou posse em Natal no primeiro dia do ano, publicou em 30 de janeiro o Decreto 8.649, de 29-01-09, tratando do Regime de Estimativa relativo ao Imposto Sobre Serviços – ISS incidente sobre a atividade de Profissional Autônomo, para o exercício de 2009. Qual o caminho escolhido? Um aumento bem acima do patamar histórico nos reajustes anuais para o referido tributo.



Este é um problema que atinge todos os municípios brasileiros nesse momento. Já que são tantos prefeitos, numa quantidade superior a 5 mil, não seria melhor conclamar a sociedade, a partir desses legítimos gestores, ungidos pela representatividade de mais de 100 milhões de eleitores, para mobilizar o povo brasileiro na busca de outros caminhos? Para quem não se lembra, é assim que fazem empresários, banqueiros e fazendeiros, quando querem pressionar o governo federal. E conseguem!



George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB.
[email protected]