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Contra o atraso, PCdoB quer coesão da base de Lula no RS

A direção estadual do PCdoB reuniu-se neste final de semana (21 e 22) para debater a ação dos comunistas gaúchos em 2009. Entre as principais deliberações estão o posicionamento do partido frente à crise e à situação política do Rio Grande do Su

Diz a nota aprovada na reunião: ''O PCdoB propõe que as forças políticas que hoje formam a base do governo Lula constituam uma mesa de diálogo com o sentido de construir uma alternativa para a disputa de 2010 no estado. PCdoB, PSB, PT, PMDB, PDT, PP, PTB, entre outros, articulados com o projeto nacional  desenvolvimentista – oposto  a política neoliberal dos tucanos – podem abrir um novo tempo, unindo forças para superar os desafios que impedem o desenvolvimento de nossa economia e o bem estar do nosso povo.''
 


E complementa: ''A unidade destas forças políticas no Rio Grande do Sul contribuirá para dar prosseguimento ao novo ciclo iniciado com o governo Lula. Para tanto, é preciso superar a política de desregulamentação financeira, dos juros altos, do superávit e câmbio livre.''
 


A proposta leva em conta o aprofundamento de uma nova postura política defendida pelos comunistas gaúchos que é a constituição de uma esquerda renovada no Rio Grande, compromissada com a amplitude, o diálogo e a defesa da retomada do desenvolvimento no estado, sintonizado com o projeto de nação. Esta proposição já ganhou destaque na eleição em Porto Alegre, no ano passado, através da Frente Porto Alegre é Mais e dos compromissos programáticos defendidos pela candidatura de Manuela D'ávila.



 
Fortalecer união do setor produtivo



O partido também defende um novo pacto político nacional entre o setor produtivo e os trabalhadores, em defesa do desenvolvimento, da economia nacional e do mercado interno, da renda do trabalho e do emprego, como forma do país sair mais rapidamente a crise econômica e criar condições para aprofundar o caminho mudancista em curso.



 
Para o secretário nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino, que acompanhou o debate, o cenário atual, seja no plano internacional, ou nacional, está marcado pelos efeitos da crise financeira mundial, o que condiciona os movimentos da luta política em curso.



 



''O capitalismo não resolve a crise''



''A crise é imprevisível, pois surpreende quanto à sua extensão e profundidade'', pontuou Sorrentino. Para ele, no plano da luta de idéias, a crise expressa a falência do neoliberalismo e coloca na ordem do dia o debate sobre quais as alternativas para a sua superação. ''O momento exige uma enorme luta política, pois há a tentativa de salvacionismo neoliberal''. Este movimento do capitalismo, segundo ele, só agrava os problemas entre as nações e as contradições entre capital e trabalho.
 


As soluções, destaca, tem sido de caráter eminentemente nacional. Ocorrem em um mundo em transição, que pode gerar uma nova configuração geopolítica, caracterizada pela multipolaridade, com a valorização do papel de nações com peso intermediário no cenário mundial.


 


O papel do Estado reaparece com força no debate, assim como questões relativas às transições e ao socialismo.
 
 
Crise iniciou com os ricos



Sorrentino afirmou que um dos mais importantes ganhos do governo em meio à crise foi o de que ficou claro para a população brasileira que o problema não iniciou aqui. Mas, ponderou, caso os efeitos da crise se agravem muito, poderá haver reflexos na batalha política que se avizinha em 2010, com dificuldades para o projeto de continuidade e aprofundamento das mudanças no país.
 


Esquerda necessária



Por fim, o dirigente tratou da estruturação partidária frente à necessidade histórica do momento. Destacou que o PCdoB deve realizar os esforços para se tornar maior. A alternativa de superação avançada para a crise do sistema, disse Sorrentino, necessita de um projeto, um programa e do partido – sinalizando os rumos do debate que o PCdoB deve realizar no 12º Congresso.


 


Para ele, o PCdoB do RS tem um papel diferenciado, em função das características da luta política no estado e a sua relação com o projeto de nação.



 
Yeda: crise permanente



A análise sobre o governo tucano de Yeda Crusius no RS, apresentada pelo presidente estadual do PCdoB, Adalberto Frasson, caracteriza o mandato tucano como um governo em crise permanente. ''Eles nem se constrangem em defender a visão neoliberal, algo que caiu no mundo todo'', disse. Para Frasson, o governo Yeda está marcado pelo autoritarismo, pelo ''arrocho'' e a diminuição do papel do estado, além das inúmeras denúncias de corrupção.
 


Sobre a política do Déficit Zero, Frasson declarou que é algo que está na contramão pois ''os governos, neste momento de crise, estão priorizando os investimentos, mesmo com déficit''. Ele denunciou que o suposto equilíbrio nas contas públicas do estado se deu à custa de cortes nos recursos de áreas como as da saúde, educação, segurança e assistência social, ou seja, Yeda prejudica assim quem mais precisa. Frasson aproveitou para criticar o sectarismo de alguns setores da esquerda. ''O isolacionismo não ajuda.''
 
 
Unidade para superar a crise
Frasson reafirmou o posicionamento que o PCdoB vem buscando construir no estado, que privilegia o debate acerca de um projeto de desenvolvimento que faça com que o Rio Grande supere a crise – baseado na amplitude e no diálogo – e profundamente integrado ao projeto nacional. ''Por isso é necessário unificar o campo de apoio do goveno Lula no estado e construir juntos uma alternativa que enfrente a crise, derrote o projeto do PSDB, e tenha compromisso com a continuidade e o aprofundamento das mudanças no país'', pontuou.


 


Um destaque na proposta de articulação desta ''mesa'' de consenso entre os partidos que compõem a base de Lula no RS é o papel que deve desempenhar o Bloco de Esquerda, sobretudo o PSB, que tem sido parceiro estratégico nesta construção.
 
 
Ampliar espaço nos legislativos



Outro tema do debate foi o fortalecimenrto da sigla no RS. Ainda sobre as eleições do ano que vem, os comunistas também de preparam para a ampliação da representação parlamentar. '' O PCdoB trabalhará para constituir chapas amplas e representativas para a disputa à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Até o mês de setembro, no processo de preparação do seu 12º Congresso, fará intensa campanha de filiação procurando incorporar lideranças progressistas que possam reforçar a presença dos comunistas no parlamento.''



 
O pleno, além da resolução política (leia abaixo), aprovou o plano de trabalho para 2009. Um dos destaques do planejamento está na política de estruturação partidária que vai promover a criação de seções regionais do partido, com o objetivo de auxiliar a direção estadual na ampliação e consolidação do PCdoB no RS.
 
 


Resolução


A seguir, a íntegra da resolução aprovada durante a reunião.



Unir as forças que apóiam o governo Lula para  superar a crise no RS
 
1 – Nosso estado encontra-se diante de graves problemas. A crise econômica internacional decorrente das políticas neoliberais de desregulamentação da economia, libertinagem nos mercados e diminuição do papel do Estado, cria obstáculos ao ciclo de crescimento do Brasil iniciado com o governo Lula. No Rio Grande do Sul o resultado é a retração da atividade econômica com conseqüências sérias ao setor produtivo, atingindo especialmente os trabalhadores, com o desemprego e diminuição de salários.
 


2 – Enquanto isto, a governadora Yeda Crussius, do PSDB, governa o estado orientada pelos paradigmas neoliberais, diminuindo os investimentos públicos em busca de um equilíbrio fiscal questionável e de pouca utilidade diante da gravidade da crise. Pouco investe em obras públicas, sucateia a máquina administrativa, segue sua sanha privatista e deteriora as políticas públicas. Esta política conservadora, o estilo antidemocrático e arrogante do governo Yeda  e as denúncias de corrupção são fontes inesgotáveis de instabilidades e crises. O RS que já vinha perdendo força política e econômica, passa a ser destaque em denúncias de corrupção que precisam ser imediatamente elucidadas e os eventuais culpados punidos.
 
3 –  Diante da gravidade da crise econômica e dos sérios problemas que envolvem o governo Yeda, o PCdoB propõe a construção de um projeto político que possa abrir um novo caminho democrático e progressista, de retomada do desenvolvimento, defesa do meio ambiente, progresso e justiça social. O estado necessita qualificar e ampliar sua matriz produtiva, agregando valor aos seus produtos, com desenvolvimento da ciência e tecnologia e integrando sua economia e infraestrutura ao projeto nacional e ao Mercosul.
 


4 – O PCdoB propõe que as forças políticas que hoje formam a base do governo Lula constituam uma mesa de diálogo com o sentido de construir uma alternativa para a disputa de 2010 no estado. PCdoB, PSB, PT, PMDB, PDT, PP, PTB, entre outros, articulados com o projeto nacional  desenvolvimentista – oposto  a política neoliberal dos tucanos – podem abrir um novo tempo, unindo forças para superar os desafios que impedem o desenvolvimento de nossa economia e o bem estar do nosso povo.
 
 O PCdoB aprofundará sua parceria com o PSB visando o fortalecimento do Bloco de Esquerda que tem papel fundamental para garantir a unidade em torno de um programa avançado e de uma nova alternativa política.


 
 
5 – A unidade destas forças políticas no Rio Grande do Sul contribuirá para dar prosseguimento ao novo ciclo iniciado com o governo Lula. Para tanto, é preciso superar a política de desregulamentação financeira, dos juros altos, do superávit e câmbio livre. O PCdoB defende um novo pacto político nacional, entre o setor produtivo e os trabalhadores, em defesa do desenvolvimento, da economia nacional e do mercado interno, da renda do trabalho e do emprego, como forma do país sair mais rapidamente da crise econômica e criar condições para aprofundar o caminho mudancista em curso no país.
 


6 – Diante dos avanços obtidos pelos comunistas no Rio Grande do Sul, o PCdoB terá como um dos objetivos nas eleições de 2010, ampliar sua representação parlamentar. Trabalhará para constituir chapas amplas e representativas para a disputa à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Até o mês de setembro, no processo de preparação do seu 12º Congresso, fará intensa campanha de filiação procurando incorporar lideranças progressistas que possam reforçar a presença dos comunistas no parlamento.
 


7 – Com o agravamento da crise  sistêmica do capitalismo, os trabalhadores, as massas populares e os setores progressistas precisam reforçar sua luta para defender seus interesses. Os comunistas se empenharão para fortalecer e intensificar a luta do movimento sindical e popular, dos estudantes e  setores organizados da nossa sociedade, como forma de construir alternativas para transformar o Brasil em uma nação soberana, democrática e socialmente avançada, e recolocar o Rio Grande do Sul no rumo  do progresso.
 
 
Porto Alegre, 22 de março de 2009
Comitê Estadual do PCdoB RS


 


 De Porto Alegre
Clomar Porto