Festa e protestos marcaram o desfile do 2 de Julho na Bahia

O povo lotou as ruas do Centro Histórico de Salvador nesta quinta-feira (2/7) para homenagear os heróis da Independência da Bahia. Desde o Largo da Lapinha até o Terreiro de Jesus, as fachadas enfeitadas das casas e a multidão nas ruas mostravam a importâ

“2% não João. Assim é traição” foram algumas das frases dos cartazes do funcionalismo municipal, que está em greve desde 7 de junho para reivindicar reajuste salarial e melhoria das condições de trabalho e alegam que até o momento o prefeito João Henrique se nega a negociar. Durante o protesto, houve empurra-empurra entre os seguranças do prefeito e os grevistas. O coordenador geral do Sindicato dos Funcionários da Prefeitura de Salvador, Gustavo Mercês, chegou a ser detido depois de ter sido acusado de jogar ovos e até mesmo um guarda-chuva contra o prefeito. Liberado, Mercês voltou ao cortejo, acusando os seguranças de agressão.




Pluralidade e resistência



Policiais civis reivindicaram nomeação para o concurso e agentes de endemias defenderam melhores salários durante o  cortejo, como é chamado o desfile do 2 de Julho. Muitas outras demandas foram evidenciadas por faixas e cartazes durante o percurso, a exemplo, dos artistas que pediram mais investimentos em cultura, das entidades que reivindicaram mais segurança e do movimento de mulheres, que exigiu o fim da violência contra a mulher. As manifestações nem sempre foram organizadas, mas reforçaram a importância do 2 de Julho como espaço de protestos e manifestações populares.



O protesto durante o cortejo do 2 de Julho é tradição e  resistiu até mesmo à ditadura militar brasileira iniciada em 1964 quando estudantes e trabalhadores eram reprimidos durante o cortejo exigindo democracia.


 


Protógenes


 


Personalidade presente na mídia nacional, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, baiano, foi destaque no desfile. Convidado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Protógenes cumpriu todo o percurso do desfile. ''Estou em casa e sinto-me feliz com o apoio popular a um funcionário público que fez o seu dever.


 


PCdoB  



O PCdoB tem tradição em participar do 2 de Julho, levando as principais bandeiras dos baianos para o cortejo. “A militância comunista é sempre uma das mais animadas da caminhada, porque nós sabemos como ninguém a importância da liberdade. Fomos reprimidos muitas vezes durante os nossos 87 anos de existência, mas nunca deixamos de participar de manifestações populares. O 2 de Julho é uma grande celebração, mas também um momento de luta por melhorias nas condições de vida da população e esta é uma bandeira constante do nosso partido”, declarou Geraldo Galindo, presidente do PCdoB em Salvador.


 


O cortejo com a cabocla e o caboclo seguiu, à tarde, até o largo do Campo Grande. E a festa continua com  show da cantora Claudia Leite no Farol da Barra.


 


 


Data histórica


 


Em 2 de julho de 1823, o Exército Libertador entrou triunfalmente em Salvador, consolidando a independência do Brasil. A tropa era formada em sua maioria por homens e mulheres do povo, que se juntaram ao Exército para enfrentar e vencer os militares portugueses que se recusavam a aceitar a independência do país, insistindo em continuar ocupando as terras baianas, mesmo após a Proclamação da Independência, por D. Pedro I, em 7 de setembro de 1822.



Desde então, a data é celebrada todos os anos pela população que faz questão de homenagear heróis como Maria Quitéria,João das Botas, Maria Felipa, Joana Angélica e o General Labatut, mas principalmente de reverenciar as imagens do Caboclo e da Cabocla, que representam os combatentes anônimos do povo, que tiveram papel crucial para a libertação da Bahia do domínio português.



Fanfarras de colégios, orquestras, grupos culturais, partidos políticos, entidades do movimento social se juntam à grande multidão que sai em cortejo do largo da Lapinha e segue pelo Centro Histórico até o Terreiro de Jesus.  Durante o período da ditadura militar brasileira, muitas vezes, manifestantes foram reprimidos no percurso. Na democracia, o cortejo do  2 de Julho continua como palco de reivindicações e protestos, pois tem a participação de autoridades estaduais e municipais, parlamentares, ministros e de uma grande gama de lideranças sociais, culturais e políticas.



De Salvador,


Eliane Costa


 


Foto: Karlo Dias