Guerrilha do Araguaia: baiana integrará equipe de buscas do Governo

Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, seção Bahia e conselheira da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – CEMDP da Lei 91/40, representando os familiares no Brasil, Diva Santana será a única baiana a integrar o comitê criado pelo Gov

Já fazem seis anos que foi proferida sentença favorável às famílias dos desaparecidos, exigindo esclarecimentos sobre as circunstâncias das mortes, a localização dos corpos e o seu translado, e a abertura dos arquivos militares das Forças Armadas. A nossa expectativa, com a criação desse comitê, é que a ação seja finalmente cumprida”, desabafou Diva, que é irmã da guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira – uma das dez combatentes baianas na Guerrilha do Araguaia.


 


O Comitê será instalado no dia 5 de agosto e, além de Diva Santana, contará com a participação do ministro da Defesa Nelson Jobim; do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi; do presidente da CEMDP, Marco Antônio Barbosa; e do conselheiro Belisário dos Santos Júnior.


 


Cortina de fumaça


Apesar de ser um dos mais emblemáticos episódios da história nacional, a Guerrilha do Araguaia, que no dia 12 de abril completou 37 anos de deflagração, só foi oficialmente reconhecida pelo governo anos após o encerramento do conflito; o que contribuiu ainda mais para a negativa do exército sobre a existência de documentos oficiais. “E nós sabemos que eles existem, porque, inclusive, já foram lançados dois livros com documentos inéditos que alguns militares guardam em casa”, pontuou Diva.


 


A reivindicação se estende também quanto à localização dos corpos, dados simplesmente como desaparecidos. Há duas semanas, inclusive, um desses supostos desaparecidos, Bérgson Gurjão Farias, teve seus restos mortais identificados através do exame de DNA. “É importante que os grupos de trabalho e comissões tenham conhecimento dos arquivos das Forças Armadas, porque não é somente a questão do Araguaia que nos interessa, mas de todos os desaparecidos em circunstâncias não reveladas durante os anos de repressão política”, ratificou Diva.


 


O número de combatentes mortos na guerrilha é estimado em cerca de 76, sendo 59 de militantes filiados ao Partido Comunista e 17 de camponeses recrutados na região. As famílias ainda lutam pelo direito de enterrar os corpos dignamente. A participação de integrantes da CEMDP no Comitê Interinstitucional de Supervisão das Atividades do Grupo de Trabalho renova as esperanças mais uma vez.


 


De Salvador,


Camila Jasmin