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Governo Kirchner dá a volta por cima

Em uma demonstração de habilidade e força do governo Kircher, o Senado argentino aprovou, nesta quinta-feira (20), a prorrogação, por mais um ano, das "faculdades delegadas", ou poderes especiais, que concedem autonomia ao Executivo para, entre outras medidas, fixar impostos sem precisar do aval dos parlamentares.

A prorrogação foi aprovada por 38 votos a 30, depois de o governo negociar com senadores  a aprovação de uma lei que eximirá a cobrança de impostos de produtos eletrônicos fabricados na pequena província de Terra do Fogo. Na semana passada, a presidente argentina havia conseguido aprovar a prorrogação na Câmara de Deputados com o apoio de pequenos partidos de centro-esquerda.

Com o resultado de ontem, Cristina e seu marido e antecessor, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), mostraram ter se recuperado da dura derrota sofrida nas eleições parlamentares de junho – que vai tirar do kirchnerismo a maioria parlamentar a partir de dezembro, quando o novo Congresso Nacional toma posse -, retomando o protagonismo político graças a medidas em benefício da população e à divisão da oposição.

A votação de ontem era essencial na estratégia de curto prazo dos Kirchners. Após o revés na disputa legislativa, objetivo de Cristina era mostrar que é capaz de negociar com o congresso, fazendo valer os projetos do Executivo.  Diante do cenário incerto para o ano que vem – sem a maioria parlamentar -, era de grand eimportância para o governo aprovar a extensão dos poderes especiais.

Apesar de terem obtido 70% dos votos nas recentes eleições parlamentares, os partidos de oposição não conseguiram armar, ainda nessa legislatura, uma frente única para neutralizar o governo Kirchner.

O bloco Acordo Cívico e Social, uma aliança entre a Coalizão Cívica, liderada pela deputada Elisa Carrió, e a União Cívica Radical (UCR), comandada pelo senador Gerardo Morales, está paralisado por disputas internas. O mesmo ocorre entre os chamados peronistas dissidentes – a oposição aos Kirchners dentro do governista Partido Justicialista (peronista).

Os Kirchners retomaram a iniciativa política há três semanas, ao anunciar seu plano de estatizar as transmissões dos jogos de futebol pela TV, que há 18 anos estavam sob o monopólio privado da empresa TSC, uma sociedade formada pela empresa Torneios e Competencias (TyC) e Grupo Clarín, poderoso holding de mídia.

Com a iniciativa no sentido da democratização, o governo obteve uma positiva reação popular, já que os argentinos poderão assistir aos jogos do campeonato nacional pela TV sem pagar. Ontem, Cristina assinou o acordo de estatização das transmissões com a Associação de Futebol Argentino (AFA). Para isso, o Estado argentino terá que desembolsar anualmente US$ 156 milhões.

No início da semana, o governo também anunciou um plano de subsídios para a criação de 100 mil postos de trabalho em cooperativas populares nos empobrecidos municípios da Grande Buenos Aires.

Com O Estado de S.Paulo