PCdoB-GO apresenta balanço do trabalho partidário e perspectivas

A Direção do PCdoB de Goiás apresenta o documento de balanço do trabalho partidário e as perspectivas de atuação, aprovado em reunião do Comitê Estadual e publica na íntegra.

Em reunião realizada dia 8 de agosto no Sint-Ifes, em Goiânia, a direção estadual do PCdoB apresentou uma proposta de documento “Balanço do Trabalho partidário no biênio 2007/2009 e perspectivas para a atuação comunista em Goiás”, após debate e com algumas pequenas alterações, foi aprovado e agora se torna público.
Abaixo o documento na íntegra:

BALANÇO DO TRABALHO PARTIDÁRIO 2007-2009
PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO COMUNISTA EM GOIÁS

1. Nos últimos anos o cenário político goiano passou por significativas mudanças, registrando consideráveis avanços no objetivo de se constituir uma articulação política de centro-esquerda como opção de poder estadual.

2. O resultado das eleições municipais de 2008 foi amplamente favorável aos partidos que apoiam o governo do presidente Lula. A vitória dessas forças ainda não são favas contadas para a eleição estadual de 2010, uma vez que a existência de três blocos de forças no tabuleiro do xadrez político goiano ainda não permite um prognóstico de imediato.

3. O maior crescimento em 2008 foi das forças de centro, com destaque para as vitórias estupendas, nos dois maiores colégios eleitorais do Estado, de Iris Rezende em Goiânia (75% dos votos) e Maguito Vilela em Aparecida de Goiânia (82% dos votos), o que torna o PMDB o maior vitorioso de 2008.

4. O PP do governador Alcides Rodrigues experimentou razoável aumento do número de prefeitos. Já o PSDB amargou séria derrota: viu seu número de prefeitos cair de 91 para 52, sendo que, nas maiores cidades, apenas em Luziânia colheu vitória.

5. Os partidos que compõem a coalizão do governo federal somam o maior contingente de prefeitos eleitos: PMDB (57), PP (47), PR (30), PT (13), PTB (8), PSC (5), PSB (3), PDT (1) e PRB (2). A eleição de Antônio Gomide em Anápolis reforçou em muito o PT goiano, que elegeu também o vice em Goiânia, Paulo Garcia.

6. A disputa de 2010 já está em curso e há boas condições de se repetir o resultado eleitoral de 2008. Nota-se a ocorrência tanto de um acirramento quanto de um rebaixamento do debate político. Apesar de não haver nenhuma candidatura definida, uma polarização já se estabeleceu, representada por Iris x Marconi. O PP do governador Alcides, com apoio do presidente Lula, procura emplacar uma terceira via para o governo estadual, supostamente com Henrique Meireles como candidato. Trata-se de tarefa difícil, pois não há na história goiana dos últimos tempos registro de sucesso com candidatura ao governo estadual correndo por fora da tradicional polarização que remonta aos tempos de PSD e UDN (1945/1965).

7. No plano nacional, o governo Lula enfrenta a crise com aumento dos investimentos públicos, corte de impostos para a classe média e setores da produção; fomenta e apoia a atividade industrial e agropecuária; socorre com programas sociais os pobres outrora famintos e abandonados pelas elites; investe em educação e obras de infraestrutura. Enfrenta constante ataque da articulação de direita – PSDB/DEM/PPS -, da mídia mercantilista monopolizada, que objetivam travar o governo e impedir uma sucessão favorável à continuidade e aprofundamento das mudanças introduzidas com a era Lula.

8. A eleição do sucessor ou sucessora de Lula dependerá, obviamente, da manutenção e até mesmo da ampliação da atual frente política que confere sustentação e governabilidade ao presidente. E essa costura há de ser feita em cada unidade da Federação, pois envolve também as chapas de governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

9. Não haverá um acordo nacional para a eleição presidencial entre os partidos de esquerda e de centro, se esses mesmos partidos não se entenderem em nível dos Estados, pelo menos nos principais. Goiás, o 9º PIB do país, está entre eles.

10. Um projeto nacional que garanta a eleição de um sucessor de Lula terá que contar, em Goiás, com o PMDB, PT, PP, PCdoB, PDT, PSC, PR e mais outros partidos do campo de centro e de esquerda, cujo candidato a governador com chances reais de vitória pode vir a ser o prefeito de Goiânia, Iris Rezende.

11. E tão claro como um dia de sol, essa articulação vai se bater de frente com os desígnios da nova direita – PSDB, DEM e PPS, como coadjuvante– que quer voltar ao poder da República. O braço goiano para sustentar uma provável campanha de José Serra ao Planalto terá o senador Marconi Perilo como principal ator, já posto como candidato ao Palácio das Esmeraldas pelo partido tucano. Mesmo em situação de certo isolamento, é adversário que detem força política, e, apesar de difícil, não se deve descartar um reatamento das relações demo-tucanas em Goiás para a disputa estadual de 2010.

12. Os partidos que integram o pólo de centro esquerda, que estiveram juntos na campanha vitoriosa de 2008 e atuam na Prefeitura de Goiânia, devem desenvolver esforços para reforçar essa união, ampliar e aprofundar as alianças. A constituição de uma frente de centro esquerda em Goiás para 2010, afinada com o projeto de eleição de um sucessor do presidente Lula, que defenda o aprofundamento das mudanças implementadas a partir de 2003, é uma necessidade para o desenvolvimento e o avanço democrático do nosso Estado.

13. Todo o esforço possível deve ser empreendido pela ampliação dessa aliança, e o governador Alcides, que tem jogado um novo e positivo papel, como político de centro, tem papel de alta relevância para a construção de um entendimento ainda mais alargado, podendo mesmo vir a compor a chapa majoritária, concorrendo ao Senado. Para 2010 haverá muito espaço para articular uma ampla aliança, pois além do candidato a governador, há a vice, duas vagas para o Senado e as chapas de deputado federal e estadual.

14. O certo é que sozinho ninguém vai a lugar nenhum, principalmente quando se trata de eleição majoritária, e, para as eleições de 2010, mesmo se considerarmos que as peças principais do nosso xadrez político são direções partidárias e líderes goianos, jamais devemos nos olvidar de que o tabuleiro é nacional.

15. O foco é garantir a eleição de um/a presidente progressista, impedindo a volta das mazelas dos tempos de FHC: o entreguismo e antipatriotismo das privatizações do patrimônio nacional, o massacre do funcionalismo público, o desmonte do Estado Brasileiro, o corte de direitos sociais e trabalhistas, o desprezo pelo povo pobre, a política externa de alinhamento automático com os EUA, a política econômica monetarista ortodoxa, que só privilegiava os lucros dos banqueiros e o ganho dos ricos, desprezando o crescimento, engessando a geração de empregos e renda.

16. O Estado de Goiás sofreu duro baque nos últimos tempos, com endividamentos que comprometeram a capacidade de investimento e de atendimento da população na área de saúde e educação. Grande parte da responsabilidade por esse descalabro é creditada com razão aos governos Marconi, que, de quebra, deixou o sucessor em situação de terra arrasada. Por tudo isso, cresce em todo o Estado o reclamo pela eleição de um novo governo, de realizações, que faça avançar o desenvolvimento e o progresso econômico e social.

17. O PCdoB, nesses últimos dois anos, iniciou uma recuperação de sua projeção e espaços de atuação política, após seguidas derrotas eleitorais e orgânicas. Expressão maior desse novo ciclo foi a eleição de oito vereadores em 2008, com destaque para a reconquista da cadeira parlamentar em Goiânia, com a expressiva votação do camarada Fábio Tokarski.

18. O isolamento em que se encontrava o partido começou a findar em 2007, com a decisão de participação na Prefeitura de Goiânia, especificamente na Secretaria de Esporte e Lazer, o que descortinou um novo e promissor cenário para a atuação e inserção do partido, que já vem dando resultados. Fruto de uma ampla política de alianças, hoje os comunistas ocupam secretarias e outros cargos em 34 prefeituras, possibilitando um largo espectro de atuação política e administrativa, o que deve ser revertido, de maneira mais decisiva, em crescimento, estruturação partidária e projeção de novas lideranças.

19. Como projeto eleitoral próprio, o PCdoB goiano formulou, de início, as metas de eleger em 2010 um deputado federal e de lançar chapa própria para a Assembléia Legislativa (cerca de 60 candidatos) buscando atingir o quociente de eleição de estadual.

20. Esses objetivos demandam grande esforço para serem viabilizados, tanto na esfera da construção política como da sustentação material. Novas filiações de lideranças tem sido feitas, mas são ainda em nível insuficiente para a dimensão da disputa. A menos que haja profunda alteração do quadro, a perspectiva mais viável que se apresenta é a de revisão do projeto eleitoral, concentrando-se na meta de eleição de deputado estadual.

21. Na atual fase de recuperação partidária, é de registrar-se como positivos os avanços na unidade interna e no funcionamento das estruturas partidárias. O Comitê Estadual e a sua Comissão Política tem se reunido com regularidade. É crescente e animador o nível de funcionamento e presença política de vários Comitês Municipais. O crescimento partidário tem se revelado mais frutífero no interior do Estado, geralmente em cidades menores. Os Fóruns Regionais começam a cumprir importante papel de orientação e mobilização partidária.

22. Grande lacuna no crescimento orgânico e estruturação de Organizações de Base precisa ser superada nas principais cidades goianas. Goiânia, Aparecida e Anápolis continuam como desafios a serem vencidos no que se refere à construção de bases, com funcionamento regular, que amplie a democracia e oxigene a vida interna. Essas são áreas chaves para o trabalho de estruturação partidária, que precisam de atenção especial e concentrada do conjunto da direção estadual.

23. No trabalho de inserção e construção partidária deve ser dada a devida importância a um novo e crescente proletariado fabril que está em franco crescimento em setores dinâmicos da economia goiana, em especial nas áreas da agroindústria – açúcar, álcool, carnes–, montadoras de automóveis, farmo-químico e mineração.

24. Na atuação entre os movimentos populares, o partido tem mantido importantes posições nas áreas comunitária, sindical, estudantil, mulheres, cultura e meio ambiente.
24. Na área sindical obtivemos vitórias na eleição de camaradas e aliados para a direção da APUC/UCG, SINJUSFEGO, SINT-UFG e Federação de Trabalhadores da Educação Privada, setores de tradicional atuação dos comunistas. A estruturação da seção estadual da CTB, nesse mês de agosto, abre perspectiva de avanço para um trabalho sindical mais amplo e abrangente, que possa expandir-se para novos setores sociais.

25. Na área da juventude há um intenso trabalho de recuperação da grande influência que os comunistas já tiveram no movimento estudantil. É preciso ainda um maior esforço para a superação de dificuldades vividas pelos camaradas que atuam na UJS – instabilidade dos núcleos dirigentes, carência de debate político e formação ideológica. No movimento estudantil, é preciso romper com vícios do cupulismo, dedicar-se com afinco ao trabalho nas entidades de base – grêmios, centros acadêmicos, atividades culturais, ambientais, esportivas. No último congresso da UEE, em julho passado, a corrente liderada pela UJS sofreu forte revés. A reconstrução das entidades do movimento secundarista deve ser vista como atividade prioritária.

26. No movimento de mulheres mantem-se a luta com muita dedicação e presença no movimento. Há avanços na organização interna e na ampliação e verticalização de nossa ação de massas, através da entidade em que atuam as camaradas. Importante vitória foi a conquista da presidência do Conselho Estadual da Mulher.

27. Quanto à estruturação material do partido, mesmo permanecendo o quadro de grandes dificuldades, houve substancial avanço na solução de entraves e reorientação da situação financeira do partido. Há a necessidade urgente de ampliar a contribuição militante, que hoje ocorre em níveis bem reduzidos. Um rápido aumento do número de portadores da carteira de militantes deve ser objeto de campanha permanente no seio do partido.

28. Formação – houve experiências importantes, com a realização de dois cursos em 2008 e dois em 2009, ambos de níveis intermediários e de caráter interestadual. A formação de base ainda carece de maior volume de atividades, com sistema de curso mensal ou bimestral. Houve também boa regularidade na participação dos comunistas goianos em cursos nacionais.

29. Comunicação – Há também um avanço na divulgação das ações dos comunistas goianos, na página do Vermelho e na imprensa local. Boletins periódicos e orientação à divulgação dos mandatos parlamentares são objetivos a serem atingidos doravante.

30. Debilidade de monta a ser superada é a ainda pequena inserção nos movimentos sociais. Estamos com poucos camaradas dirigindo os processos sociais nas frentes de massas. Dessa forma, o crescimento partidário tem sido contido. Maior ousadia deve ser impressa em ações que visem a expansão partidária, a partir da atuação de camaradas no movimento popular, entre a juventude, mulheres e intelectualidade.

31. Nos espaços institucionais, sejam no Executivo, Legislativo e outras áreas, os camaradas devem atuar com honestidade e dedicação, preservando sempre a independência e a aplicação da linha política do partido, inclusive o apoio aos nossos candidatos em 2010.

32. A sinergia entre as frentes de atuação pode e precisa ser melhorada, com atuação mais focada em objetivos prioritários, evitando-se a dispersão. A reestruturação de um PCdoB combativo, coeso e ligado às massas, passa, necessariamente, por uma maior participação dos comunistas nas lutas do dia a dia do povo. Goiânia, 8 de agosto de 2009. 

                                                                                           O COMITÊ ESTADUAL DO PCdoB – GOIÁS

De Goiânia,
Eliz Brandão