Gutemberg Dias: Mossoró a terra de qual liberdade?
Hoje é comemorado, em nosso município, o tradicional “30 de Setembro”. Essa data marca, para os mossoroenses, o ato libertário que alforriou seus escravos negros, cinco anos antes do decreto da Lei Áurea, assinado pela princesa Isabel.
Publicado 30/09/2009 19:20 | Editado 04/03/2020 17:08
O ato de libertação dos escravos, que vem ecoando desde 1883 nas terras dos Monxorós, chega aos nossos dias sem muito significado, ou melhor dizendo, chega num momento onde a liberdade e o direito democrático da livre expressão é usurpado do povo mossoroense.
O ato simbólico da quebra dos grilhões, representando a autonomia e a liberdade desse povo lutador, já não se faz representado na sociedade mossoroense. Basta ver os atos e condutas dos nossos governantes e dos grupos políticos que dominam a cidade desde muito tempo. Grupos esses que criam amarras para que o termo “liberdade” em sua essência não possa ser amplamente posto em prática, impedindo que vozes, através de suas censuras, ecoem nos quatro cantos da cidade mostrando a realidade do município e da casta que o domina.
Orgulho-me dessa cidade que muitas vezes se organizou para enfrentar a crueldade, a submissão, lutou pelos direitos dos trabalhadores, ajudou a eleger o presidente Lula que veio das bases sociais, entre outros momentos. Mas, hoje, se encontra apática e refém de um grupo político que desconsidera todos os atos gloriosos desse povo lutador.
Querer é muito diferente de ser uma cidade libertária. Para Mossoró ser realmente uma cidade libertária está faltando o povo se rebelar contra esses déspotas que usam as instituições democráticas para aliciar e, sobretudo, oprimirem o povo, mantendo-os num lugar de submissão.
O Brasil vive um momento diferente. Esses grupos oligárquicos ao longo da história, sempre procuraram vender, através de seus veículos de comunicação, que o povo brasileiro é manso. A mesma coisa acontece aqui em nossa cidade, mas é importante deixar claro que o povo brasileiro e, principalmente, o povo mossoroense é um povo lutador, pacífico quando precisa ser pacífico e duro quando precisa ser duro.
Agora chegou a hora do povo mossoroense utilizar esse “30 de Setembro” de 2009 como símbolo de quebra de suas amarras da dominação de um povo que há mais de 60 anos trabalha apenas para si. Chegou o momento da sociedade se unir e dizer não aos descalabros que a administração da Sra. Fátima Rosado vem impondo à cidade e, sobretudo, ao povo de Mossoró.
Não posso acreditar que seremos submissos e não iremos levantar nossas bandeiras contra tudo isso que vem acontecendo nessa cidade. A luta pelo “Fora Collor” se iniciou num momento que comparado ao que vivemos aqui, nem de longe tem comparação. Será que já não chegou o momento de dizer “Fora Fafá”?
Sei que a administradora de direito é Maria de Fátima Rosado, pessoa de boa índole, porém submissa aos delírios ditatoriais de um irmão e de um super-secretário, que conseguiram enterrar em menos de quatro anos uma liderança política que surgia na cidade. É triste, mas as amarras também estão nos intramuros palacianos.
Depois de escrever essas simples palavras eu me e lhe pergunto: Mossoró a terra de qual liberdade?