Antonio Capistrano: O anticomunismo midiático

Nos 20 anos da queda do Muro de Berlim a Globo e o restante da mídia que é pautada por ela quase que ia ao orgasmo, bastava ver a cara de William Waack para sentir o anticomunismo doentio da grande mídia brasileira.

No seu anticomunismo exacerbado e medíocre a mídia exagerou na divulgação desse acontecimento, inclusive não permitindo no debate o contraditório, fica só uma versão, fica só um lado, a história fica facciosa, capenga. Claro que o fato merece o registro, agora, a versão colocada e da forma que é mostrada caracteriza o anticomunismo psicopata dessa mídia.

Com a queda dos regimes socialistas do leste europeu, chegaram ao extremo de afirmarem o fim da história, como se isso fosse possível. A história só acabar com o fim da humanidade..

A queda do Muro foi um episódio, na longa história das lutas políticas. A direita soube tirar proveito do fato, com o poder midiatico que têm, eles deitaram e rolaram. No auge da Guerra Fria, a queda do Muro foi resultado de uma ofensiva permanente do capitalismo na sua propaganda consumista buscando hipnotizar as populações com o feitiço do mercado consumidor aliado a isso, os nossos erros.

O esfacelamento do mundo socialista do leste europeu fez um grande estrago nas esquerdas, atingindo grande parte dos Partidos Comunistas.

Apesar da importância do fato e a sua repercussão negativa em toda esquerda mundial, a história continuou e o marxismo continua vivo e muito forte. Passada a tempestade veio à calmaria e com ela a necessidade de uma reflexão mais profunda dos acontecimentos, os comunistas fizeram essa reflexão e deram a volta por cima.

A década de 90 do século passado foi um pesadelo para nós comunistas. Era o fim de um sonho? Da nossa utopia? Claro que não. Hoje as esquerdas ressurgem com muita força, agora mesmo, nesse mês de novembro de 2009, no 12º Congresso do Partido Comunista do Brasil, em São Paulo, estiveram presentes 133 delegações de diversas partes do mundo, mostrando a força e o vigor do pensamento e da prática marxista em todo o mundo. E a América Latina com os seus governos populares e de esquerda? Esse fato é uma emocionante resposta ao neoliberalismo e aos que pensaram que tinham derrotado o comunismo e as esquerdas. Vale salientar, foi o neoliberalismo que fracassou em todo o mundo e hoje é rejeitado como modelo econômico.

Veja o papel faccioso da grande mídia, ela não deu uma linha se quer sobre o 12º Congresso do PCdoB, agora, a queda do Muro de Berlim faz uma semana que não sai do noticiário, nem os 70 anos do inicio da Segunda Guerra ganhou tanto destaque, nem o fim da Guerra Civil Espanhola, nem o holocausto de milhões de africanos, nem o genocídio que ocorreu no Iraque com os bombardeios norte-americano.

É claro que precisamos corrige os erros cometidos. Sendo comunista, aprendi desde cedo, que um dos pontos mais positivos de qualquer militante de um Partido Comunista ou mesmo de um militante comunista avulso, aquele que não pertencer a uma organização, mas é marxista por convicção, se chama à auto-critica. Estamos fazendo a nossa auto-critica, analisando os nossos erros, os desvios, procurando, sempre, enquadrar o nosso passo no caminho certo que é o socialismo democrático.

Houve erros nos países socialistas do leste europeu, na maioria das vezes forçados pelas circunstancias, pelas pressões do capitalismo. É bom lembrar que temos acertado em outros países, ainda não acertamos plenamente, até por que as potências capitalistas não têm permitido, forçando a gastos com a defesa, recursos que fazem falta nas políticas de melhoramento da produção de bens de consumo e em políticas públicas. A China vem demonstrando como é possível um país com um contingente populacional imenso deixar de ser um país atrasado passando a ser uma das maiores potências econômicas do mundo contemporâneo, isso em apenas 60 anos de uma Revolução Popular Socialistas. A China é um país Socialista.

Hoje, mais de 20% da população mundial vive sob o regime socialista, são países que resolveram as questões básicas da classe trabalhadora, apesar de uma campanha mentirosa na mídia internacional tentando distorcer os fatos, basta ver o caso da Coreia do Norte, as mentiras e os factoides inventados pela mídia internacional.

Além da China e da Coreia, no continente asiático, temos o Vietnã, um exemplo do socialismo que vem dando certo, apesar desse país ter sofrido durante anos uma política de agressão dos países colonialistas. Cuba é outro exemplo de resistência, apesar de um bloqueio econômico que dura mais de 50 anos, de ser um país pequeno sem grandes recursos naturais, de sofrer uma permanente ameaça de invasão do seu território pela maior potência capitalista do mundo, Cuba continua forte e firme no seu propósito de nação independente, confiante no socialismo, oferecendo ao seu povo condições de acesso à educação, a saúde e as manifestações culturais e esportivas. Portanto o socialismo não morreu, muito pelo contrario, continua muito vivo.

Até hoje não surgiu, para a classe trabalhadora, um sistema econômico e de governo melhor do que o socialismo, ele é democrático por natureza, é humanista por essência. Portanto, não existe democracia sem socialismo nem socialismo sem democracia. Mesmo que o socialismo seja o melhor caminho para a humanidade, não é fácil a luta pelo socialismo. O capitalismo é atraente, é bom ser rico, agora, no sistema capitalista a riqueza não é para todos e sim para uma minoria de privilegiados. O capitalismo é excludente, ele se baseia na exploração do homem pelo homem, na mais-valia, no lucro pelo lucro. No capitalismo tudo é mercadoria, sem dinheiro você não tem liberdade, não tem valor. Lênin já dizia, existem dois tipos de democracia; a burguesa (para a minoria) que é o capitalismo e a proletária (para a maioria) que é o socialismo.

Antonio Capistrano é filiado ao PCdoB