PCdoB, sindicatos e populares comemoram a chegada do gás
As frases “O gás é nosso. Valeu a luta” deixaram de ser campanha institucional da deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) e do secretário estadual de produção rural Eron Bezerra para virarem lema de ato político. Ambos estiveram na praça da matriz, no início da noite de ontem (09), junto com a militância do PCdoB e do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), resgatando o histórico da luta que culminou com a chegada do gás natural em Manaus.
Publicado 10/11/2009 13:14 | Editado 04/03/2020 16:12
Reunindo cerca de 50 pessoas e conduzido pelo presidente do Comitê Municipal do PCdoB Antonio Carlos Marques “Brabo”, a “comemoração dessa conquista popular”, na definição do dirigente comunista, contou com o pronunciamento de diversos líderes dos movimentos sociais.
O vice AM/RR da União Nacional dos Estudantes (UNE), André Marsílio, o presidente da União Estadual dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (UESAM), Natanael Gomes, a representante da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) Lindalva Rocha, a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), Ana Cristina, os sindicalistas petroleiros contemporâneos das lutas pela soberania da Petrobrás na exploração do gás de Urucu, Bill (Sindipetro-AM) e Ademir Caetano (Federação Única dos Petroleiros – FUP) subiram no carro de som e se manifestaram sobre a chegada do gás.
A vitória sobre a ação entreguista do então governador Amazonino Mendes apoiada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujos objetivos eram conceder a uma empresa norte-americana em estado de falência a exploração do gás natural por 50 anos, foi citada em todas as falas.
“Aprendi, naquela época, que quando você tem uma bandeira justa não pode baixá-la em hipótese nenhuma”, afirmou Eron, abordando as dificuldades em defender que a exploração do gás natural fosse feita pela Petrobrás e transportada em dutos de Coari até Manaus.
“Lembro que fizeram até uma campanha para dizer que eu e a Vanessa éramos contra a chegada do gás em Manaus. Mas não desistimos e hoje podemos ver o resultado”, disse ele.
As vantagens da conquista
A deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) fez uma interpretação abrangente sobre a disputa em torno do gás natural e as conseqüências a serem obtidas com a mudança da matriz energética da capital do Amazonas.
De acordo com ela, os ganhos podem ser avaliados de diversas maneiras. “Os amazonenses pagam pela energia mais cara do Brasil. Com o gás se tornando realidade na vida das pessoas, elas poderão pagar um preço bem menor pela energia em suas casas”, ressaltou.
“Além disso, a mudança da matriz energética da capital do Amazonas também representa um salto de qualidade ao meio ambiente, já que o gás natural é considerado energia limpa por conta do seu grau de poluição ser bem mais baixo do que outras fontes de energia”, destacou.
Como não poderia ser diferente, a deputada valorizou a vitória dos petroleiros juntamente com ela e Eron sobre ações de Amazonino e FHC. “Provamos um a um os pontos de ilegalidade das ações governamentais daquela época”, completou Vanessa.
O dirigente da FUP, Aldemir Caetano, atualizou o cenário da conquista do gás explorado soberanamente pelo Amazonas e pelo Brasil, sem quaisquer recursos indo para outros países. “E aquele que foi o maior opositor dessa conquista, hoje tem que dar o braço a torcer e, como prefeito de Manaus, é obrigado a assinar a realização das obras de instalação dos dutos”, comemora, citando Amazonino Mendes.
Oportunismo político
Além de Amazonino Mendes, outro que é identificado como entreguista por ter aceitado que grande reserva do gás natural de Coari fosse concedida aos empresários norte-americanos falidos é o senador Arthur Neto (PSDB).
À época, o tucano amazonense era líder de FHC na Câmara dos Deputados e nada fez para que o desejo privatista e golpista de seu mandatário não vitimasse as riquezas amazônicas.
“É importante que a população atente para aqueles que irão disputar as eleições ano que vem e hoje querem aparecer como pais dessa obra, como o senador Arthur Neto que aparece discursando como um dos responsáveis pelo gasoduto sendo que sempre esteve do outro lado”, ponderou Caetano.
O coordenador-geral do Sindipetro-AM, Acácio Carneiro, seguiu na mesma linha. “Pessoas como Arthur Neto sempre tentaram destruir a Petrobrás. Assim como foi contrário a instalação do gasoduto, esteve do lado daqueles que tentaram mudar o nome da empresa para Petrobráx e assim iniciar a privatização dela. E hoje buscam através de uma CPI fazer o que não conseguiram quando estavam no governo”, detalhou o líder sindical.
A conquista popular em relação à exploração do gás natural, que tem reserva suficiente para atender o país, deve ser sacramentada no próximo dia 26, quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva deve vir a Manaus iniciar a utilização do gás como nova matriz energética da cidade. Algo que foi concretizado em seu governo e fez parte de suas propostas eleitorais quando era apenas candidato à presidência do país.
De Manaus,
Anderson Bahia