Brasileiros preferem música sertaneja, axé e pagode, diz ranking
Compositores e intérpretes de música sertaneja, axé e pagode permaneceram no topo nos rankings de arrecadação de direitos autorais em 2009. Os números divulgados pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) apontam Victor Chaves, da dupla Victor & Leo, como o campeão entre os shows mais rentáveis. Já Manno Goes (da banda baiana Jammil & Uma Noites) é o autor da música mais executada, Praieiro.
Publicado 06/03/2010 11:47
Ao todo, em 2009, foram beneficiados 81.250 “titulares de música”, conforme qualifica o Ecad, ou seja, compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos. O aumento do valor distribuído a esses profissionais foi de R$ 318 milhões, 17,06% a mais que em 2008. O montante arrecadado foi de R$ 374,3 milhões, 12,63% a mais do que no ano passado.
O aumento recorde da arrecadação por execução de música nada tem que ver com as oscilações e quedas de vendas de discos no mercado. “A arrecadação sempre existiu e sempre existirá, principalmente num país continental e musical como o nosso”, diz Glória Braga, superintendente executiva do Ecad, que presta serviço para dez associações de música
O resultado, segundo ela, é decorrente em parte de uma atuação mais incisiva da entidade em todos os segmentos onde haja música. As festas de rua previstas para comemorar os jogos da Copa do Mundo estão fora de sua mira, mas o Ecad já se envolveu em polêmicas sobre a cobrança de direitos autorais de músicas tocadas em festas fechadas, como aniversários e casamentos, já que não têm fins lucrativos.
“A cada ano, temos contemplado mais titulares de música nas nossas distribuições. Isso vem primeiro por conta de um trabalho incessante de documentação de todas as músicas criadas e gravadas por esses titulares associados. Tudo é feito dentro das associações e enviado para nosso banco de dados”, diz. No total são 1.750 mil obras cadastradas, entre brasileiras e estrangeiras.
O Ecad também tem aumentado a forma de captação e detecção de onde as músicas são executadas, incluindo sítios na internet, como blogs e rádios virtuais, desfiles de moda, e redes de lojas e restaurantes. “A gente tem trocado a fiscalização por soluções tecnológicas para obter cada vez mais informações sobre as músicas tocadas”, diz Glória.
Uma dessas soluções é um aparelho denominado Ecad.Tec Som, que tem autonomia de até 16 horas de gravação automática, sem necessidade de dispor de um técnico para controlá-lo. Por exemplo, se uma casa noturna ou uma emissora de televisão opta por uma determinada modalidade na tabela do Ecad, paga um valor fixo para tocar quantas músicas quiser. Esse aparelho vai registrar quais foram as obras tocadas, para identificar intérpretes, autores e músicos envolvidos, que receberão os direitos.
Axé music, sertanejo, pagode e forró são mananciais de arrecadação com diversos representantes: Manno Goes, Durval Lelys, Dorgival Dantas e outros. Até quem não está no momento em maior evidência no show biz nacional, como é o caso de Carlinhos Brown, figura em posição significativa na lista por conta do carnaval, das micaretas e outras festas e eventos que atraem multidões. É nesse nicho também que reina uma antiga canção de Jorge Ben Jor, País Tropical, lançada no final da década de 1960 e que virou uma espécie de hino nacional festeiro.
“O pessoal do axé e do sertanejo faz muitos shows, a renda deles vem mais daí. Já artistas da chamada MPB, como Ben Jor, Lulu Santos, Djavan diminuíram muito o número de shows, mas eles têm rendimento de direitos autorais regulares, porque toca muito em rádio, tem gente que faz shows e canta músicas deles. Alguns vivem só disso”, compara Glória.
Da Redação, com informações da Agência Estado