Antonio capistrano: PCdoB: 88 anos de luta (1922/2010)

O Partido Comunista do Brasil é o partido mais antigo em atividade no nosso país. Fundado em 25 de março de 1922, cinco anos depois da Revolução Socialista de 1917. Completando no dia 25 de março deste ano, 88 anos de existência. Motivo de muito orgulho para todos nós, comunistas e simpatizantes, que sabemos o que significa para a classe trabalhadora e para o nosso país a sua existência.

PCdoB bandeira 2
Abílio de Heguete, Astrogildo Pereira, Cristiano Cordeiro, Hermógenes Silva, João da Costa Pimenta, Joaquim Barbosa, José Elias da Silva, Luis Peres e Manuel Cendón marcaram os seus nomes na história como fundadores do Partido Comunista do Brasil, fato que ocorreu durante o 1º Congresso do Partido realizado nos dia 25, 26 e 27 de março de 1922. Sendo o dia 25 de março, data da fundação do PCdoB, a reunião foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, nessa época, capital do Estado da Guanabara. Nos dias 26 e 27 as reuniões foram realizadas em Niterói, à época capital do Estado do Rio de Janeiro. No regime militar, implantado em 1964, houve a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e do Estado da Guanabara, passando a ser um único estado denominado de Estado do Rio de Janeiro, tendo como capital a cidade do Rio de Janeiro.

O 1º Congresso do PCdoB teve a presença de 9 delegados, representando 73 membros do movimento comunista de diversos estados brasileiros, ficando na história como o marco inicial do primeiro partido marxista-leninista do Brasil.

Após a sua fundação o Partido Comunista passou a ser a organização política da classe operária brasileira, participando de todas as lutas dos trabalhadores. Encampando a luta por melhores condições de trabalho e de salário do operariado brasileiro.

Logo após a sua fundação, em julho de 22, o PCdoB é colocado na ilegalidade, só voltando as atividades legais com a “redemocratização” em 1945, fim da ditadura Vargas, legalidade que dura muito pouco. Numa ação rápida da direita e, já dentro da famosa “Guerra Fria”, o Partido se vê novamente na ilegalidade, com a cassação do seu registro (1947) em uma manobra antidemocrática engendrada através de uma decisão da suprema corte de justiça do nosso país.

As prisões dos militantes e simpatizantes comunistas e a ilegalidade das suas atividades interessava a elite e as oligarquias. O PCdoB sempre foi considerado um perigo para os que não desejam uma democracia plena para o povo brasileiro.

No breve espaço de tempo em que o PCdoB esteve na legalidade (1945/47), ele teve uma participação significativa na vida política do país. Nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte de 1946, elegeu um senador, Luiz Carlos Prestes e uma bancada de 15 deputados federais, todos com uma atuação exemplar. Além de um número relevante de deputados estaduais e um grande número de vereadores em diversos municípios.

Um dado interessante: a votação que o candidato do PCdoB a presidência da república, Yedo Fiúza, obtém em todo o país, 10% dos votos válidos, inclusive, sendo o mais votado em Natal.

A condição de partido político na ilegalidade vai ser uma constante na vida do PCdoB. Mas, não é só a ilegalidade, a perseguição, as prisões, as torturas e assassinatos de militantes e simpatizantes se tornaram uma rotina na vida dos militantes. Isso não impede que o partido cresça e tenha nos seus quadros figuras proeminentes da vida artística, cultural e educacional do Brasil, figuras que honraram e honram com sua presença e sua militância a história do PCdoB.

Na década de 20, o PC é o partido da classe operária em um mundo periférico. Mundo que tem na mais-valia a sua principal fonte de acumulação de capital. A relação de trabalho era quase escravocrata, a escravidão tinha sido “extinta”, oficialmente, em 1888, apenas 34 anos de sua criação, e a mentalidade escravagista ainda estava muito presente nas relações de trabalho.

A década de 1920 foi uma década de efervescência política e cultural em todo o mundo. Aqui no Brasil, tivemos a Semana de Arte Moderna, a Coluna Prestes, a criação do Partido Comunista e o Movimento Tenentista, e tudo isso davam o tom dos novos tempos. Era uma nova era que se iniciava e o PCdoB assumia um papel de protagonista na luta dos trabalhadores, mesmo sendo uma luta clandestina.

Na sua longa história de vida o Partido Comunista do Brasil, coerentemente com os preceitos do marxismo-leninismo, esteve sempre presente em todos os momentos cruciais da vida brasileira, contribuindo para a construção de uma verdadeira democracia, buscando a autodeterminação dos povos e a convivência pacifica entre as nações.

Finalizo, lembrando e homenageando todos os camaradas que tombaram na luta, em defesa da nossa utopia, repetindo o que disse o velho militante Apolônio de Carvalho: “Vale a pena sonhar”.

Saudando os velhos e novos militantes, desejo ao Partido Comunista do Brasil, vida longa e muitas vitórias na busca da nossa utopia, que é o socialismo. Venceremos.

 

Antonio Capistrano é ex-reitor da UERN e filiado ao PCdoB.